Laercio Ventura: ao mestre, com carinho 3

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Adeus, chefe

“A morte de Laercio Ventura teve, para mim, o efeito de uma ‘dor dobrada’. Somou à minha fragilidade física de uma complicada cirurgia, que me tirou do convívio da redação, uma tristeza profunda pela perda de um amigo mais que amigo, do meu patrão chamado carinhosamente de ‘chefe’.

A nossa relação profissional e afetiva durou desde que combinamos, num primeiro encontro no início dos anos 90, ‘plantar uma semente’ em nome do jornal, relação esta que trouxemos até os dias de hoje. Descansa Laercio, mas perdura a sua obra que fez de A VOZ DA SERRA a VOZ DE NOVA FRIBURGO.

Ao longo desse tempo participei, sob sua orientação, dos momentos mais significativos da vida friburguense inicialmente na política local e até os dias de hoje como editorialista, traduzindo o pensamento do jornal sobre diversos assuntos. Fui uma espécie de “a voz do dono”, procurando conciliar os interesses do jornal com o meu irrequieto pensamento jornalístico, sem perder a sobriedade exigida por Laercio no trato das questões friburguenses e a liberdade de expressão sempre respeitada pelo chefe.

Nem tudo foram flores no nosso relacionamento. Tivemos em certos momentos uma relação conflituosa tendo em vista os nossos temperamentos, mas que o tempo e a sensatez tratavam de aplacar. Tais episódios também ajudavam a liberar o estresse de uma profissão que luta diariamente contra o tempo e o compromisso de fazer o melhor para os nossos leitores.

Deixa-nos Laercio Ventura mas o seu legado perpetuará pelos anos afora. Ética, consideração humana, respeito às instituições e valores friburguenses foram ensinamentos ministrados por Laercio e que fazem parte do dia a dia da redação de A VOZ DA SERRA.

 Para mim, modesto escriba, trabalhar sob seu comando foi uma aula de vida, de profunda compreensão da imprensa interiorana, de amor e dedicação profissional. Muito obrigado, chefe, pelos seus ensinamentos.”

Antonio Fernando

 

 

Uma história do Laercio 

“Leviano seria dizer que o Laercio não está mais entre nós, ou que ele tenha partido. Não é bem assim; ele está entre nós, em outro plano mas está invisível, transparente, mas está. Sentimos sua presença em cada palavra que escrevemos. Em cada vez que nos lembramos de Nova Friburgo, que foi a que mais perdeu, sentimos suas mãos estendidas sobre todos nós, protegendo a todos e ao seu jornal que era sua vida, dando coragem e fé a todos aqueles que continuarão mantendo viva A Voz da Serra! 

Tenho imenso carinho por todos aqueles que fizeram parte da história de Nova Friburgo, Laercio, Rodolfo Abbud, Licínio e tantos outros. Enfim, aprendo muito!

Recentemente, conversando com Licinio da Beth, ele me contou uma história interessante, ocorrida quando o Licinio era presidente do Friburgo e o Laercio presidente do Esperança, e que o Laercio a lembrava sempre e gostava de contá-la, tal como gostaria de contar a vocês, para que sintam a riqueza de nossas histórias: Havia grande rivalidade entre o Friburgo e o Esperança. Quando acontecia um encontro entre estes dois times de futebol, quase sempre o Friburgo ganhava, é claro, tinha melhores jogadores, podiam investir mais, por isso a probabilidade de vitória seria muito maior. Mas tudo bem, o pessoal do Esperança começou a suspeitar que os juízes destes encontros estavam sendo subornados, convencidos a apitar em favor do Friburgo. Então o pessoal do Esperança contratou dois esperancistas para que viajassem para Niterói e embarcassem no mesmo ônibus do juiz escalado para esta partida e assim foi feito. Os dois torcedores embarcaram no mesmo ônibus do juiz, sentaram-se lá no banco de trás, de olho no juiz, para ver se alguém do Friburgo se aproximava do juiz para conversar. A viagem transcorria normal. Em dado momento um passageiro que estava sentado ao lado do juiz desembarcou. Foi a chance que um dos esperancistas precisava para conversar com o juiz a fim de descobrir alguma coisa, tirar alguma declaração do juiz, algum suborno, e fez a viagem toda conversando com o juiz. Conversa vai, conversa vem, o ônibus chegou em Friburgo. Estavam na rodoviária alguns membros da diretoria do Esperança, para saber dos “espiões” se o árbitro havia tido contato com alguém durante a viagem, se ele fora assediado por alguém... Qual não foi a surpresa da diretoria do Esperança que quem desceu conversando animadamente com o juiz... foi justamente um dos esperancistas. Segundo o Licinio, esta história foi muito comentada na época, virando motivo de gozação... Conta o Licinio que quando se encontrava com o Laercio riam muito!

Que saudade!

Assim é Nova Friburgo e sua pitorescas histórias... E devem ser tantas, mas tantas!”

Jorge Plácido Ornelas de Souza

 

“Cara Adriana,

Desejo que você e sua família possam ter muita paz e tranquilidade para superação da perda de seu querido pai. Um afetuoso abraço.”

Maria Helena

 

“É com muito pesar que nós da Associação Gastronômica do Cônego soubemos do falecimento de Sr. Laercio Ventura. Sua força, generosidade e autenticidade é, e será sempre, uma inspiração e exemplo para todos nós. A toda família, amigos e funcionários de A Voz da Serra, o nosso abraço fraternal.”

Associação Gastronômica do Cônego

 

“Prezada Adriana Ventura e Maria José,

como medimos uma perda humana? Como uma comunidade pode estimar o valor e a falta que uma figura tão querida quanto a do amigo Laercio Ventura irá provocar? Um nobre ancião cujo espírito e personalidade poderiam quase ser tocados nas páginas de seu jornal!

Quando falamos de Laercio Ventura, é até um pouco difícil distinguir o homem do profissional; o sábio do amigo. Seu legado reside na formação moral e cultural herdada por todos os escritores e leitores que foram influenciados pelo seu pensamento e caráter ilibado.

Porém, nesse momento de pesar, sabemos que mensagens e palavras positivas são como afagos desajeitados em uma pessoa gravemente ferida—não servem pra aliviar a dor, apenas lembram a pessoa de que ela não esta sozinha e que é amada.

Por isso, deixamos aos familiares o nosso apoio e carinho nesse momento difícil. Nova Friburgo não se esquecerá de Laercio.”

Claudio Santos Verbicário (presidente) e Júlio Cesar Celles Cordeiro (vice-presidente)

 

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