Laercio Ventura

Uma lição de vida e profissionalismo que se traduz em A VOZ DA SERRA
segunda-feira, 08 de abril de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Laercio Ventura
Laercio Ventura

Difícil para mim falar sobre o Laercio sem antes dizer “meu irmão”. Difícil manter a isenção e o distanciamento exigidos dos jornalistas quando escrevo sobre ele. Pensei em entregar a um colega aqui de A VOZ DA SERRA a missão de homenageá-lo neste dia em que seu jornal completa 68 anos, nosso primeiro aniversário sem ele, mas não. Estou aqui, meu irmão, e quero, também eu, homenageá-lo. 

Pois é, há pouco mais de dois meses ele se foi, deixando aqui, no jornal, uma enorme lacuna. Nos primeiros dias foi preciso muita coragem para entrar na redação e encarar o batente. Mas a vida urge e era preciso seguir em frente, fazendo o que ele gostaria que fosse feito. Ou seja, colocar o jornal nas bancas e nas mãos dos assinantes, com a mesma qualidade e cuidado de sempre. 

Uma história que se confunde com a de A VOZ DA SERRA

A história de vida de meu irmão, de certa forma, se confunde com a de A VOZ DA SERRA. Ele assumiu o jornal há 40 anos, desde que papai, o velho Américo Ventura Filho, morreu. Laercio não deixou o sonho de papai acabar e, em suas mãos, AVS cresceu exponencialmente. A VOZ DA SERRA é hoje o mais antigo jornal com circulação ininterrupta em Nova Friburgo.

Mas para chegarmos aonde chegamos, tivemos que enfrentar diversas dificuldades. A velha e cansada impressora teve de ser substituída, pois estava totalmente obsoleta. A oficina se modernizou inteiramente e a redação foi crescendo junto com o jornal. Mais um tempo e AVS, inicialmente semanal, passou a sair três vezes por semana. Ganha um caderno de amenidades aos sábados, o Light. Mais alguns anos e outra mudança da maior importância: nosso jornal torna-se colorido e diário. 

Em sintonia com a globalização e os avanços tecnológicos, AVS lança seu site, no distante ano de 1997, e logo se firma como o mais acessado de Nova Friburgo. Foi, aliás, um dos primeiros jornais do interior a lançar seu site. 

Com fibra, coragem e muita força de vontade, encarou o desafio. Determinado, o Lelé—como o chamamos em família—jamais sucumbiu às dificuldades de fazer jornalismo no interior e só quem é do ramo sabe avaliar o que isso representa. O diretor do jornal se vê às voltas com problemas e preocupações desde que pisa no jornal até a hora que sai. Para falar a verdade, ele não consegue descansar nem quando sai para almoçar, vai para casa ou nos fins de semana. 

Lelé trabalhou até o fim. Mesmo aos 82 anos de idade e com a saúde debilitada nos últimos meses, permaneceu à frente do jornal.   

Estes desafios estão sendo enfrentados agora por sua filha Adriana, com a mesma determinação e firmeza do pai e do avô. Quem conhece Adriana sabe. Em suas mãos, A VOZ DA SERRA vai prosperar ainda mais, tornando-se cada vez mais antenado com a notícia e a atualidade. 

Homem simples e modesto, Laercio sempre foi uma pessoa atenta às causas sociais e comunitárias. Tanto que as portas do seu jornal sempre estiveram à disposição de entidades, instituições e associações, desde que visassem o bem de Nova Friburgo e dos friburguenses.  

Nunca se envolveu diretamente com política, assim como nosso pai, mas herdou dele o amor pelo PSD (Partido Social Democrático). Aliás, A VOZ DA SERRA foi criada por papai juntamente com um grupo de correligionários para ser o porta-voz do partido. Com o passar dos anos e o desenrolar dos acontecimentos, este compromisso se diluiu, restando apenas a simpatia pelo partido. 

Apaixonado por futebol, Lelé era um tricolor doente. Aqui em Nova Friburgo, torcia pelo Esperança Futebol Clube, tendo sido um dos coordenadores da fusão do Esperança com o Friburgo FC, que resultou no Nova Friburgo Futebol Clube. Também participou ativamente do Nova Friburgo Country Clube, onde foi vice-presidente em várias gestões. 

Durante um período, integrou os quadros do Rotary Clube Nova Friburgo. Também foi um dos fundadores da Sociedade Amigos da Marinha de Nova Friburgo (Soamar-NF). 

Laercio recebeu incontáveis homenagens em vida. Entre as mais importantes, destacamos a medalha Tiradentes, concedida pela Alerj, em 2010, a maior honraria do Legislativo Estadual. Também recebeu a comenda Barão de Nova Friburgo, do Legislativo municipal. E agora, já depois de sua morte, o Teatro Municipal de Nova Friburgo vai ser batizado com seu nome.  

A morte de Laercio foi registrada por praticamente todos os principais veículos de comunicação do país e nem poderia ser diferente. O sucesso e o alcance de A VOZ DA SERRA são a prova de que, com esforço e dedicação, é possível fazer jornalismo no interior.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Laercio Ventura | A Voz da Serra
Publicidade