Laercio, querido

quinta-feira, 07 de fevereiro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Laercio, querido
Laercio, querido

Faltam apenas dois anos para a nossa AVS chegar ao setentinha. Quem diria, hein? Como sou bem mais velho (aliás, você também), acompanhei toda a história dessa bela aventura, bem antes de me decidir pela profissão. Costumo dizer que se fazer jornal na capital já é difícil, imagina no interior. Quando o nosso fundador, o nosso querido Meco, se foi, temia-se pela sobrevivência do projeto. “Será que o Laercio vai dar conta?”, perguntava-se. Você deu e muito bem.

O mesmo está acontecendo agora. Sua filha Adriana é a grande novidade e, de certa maneira, a grande surpresa. A Dalvinha (ainda chamo assim essa grande jornalista que, depois de brilhar na imprensa carioca, foi trabalhar com você. Devo a ela uma inestimável colaboração no meu último livro, Sagrada Família, que lancei em Friburgo, se lembra?), a Dalvinha, como eu dizia, me mantém informado sobre tudo o que se passa no jornal e está impressionada. Vou cometer a indiscrição de revelar o trecho de um e-mail que ela me mandou há dias: “A Adriana, em si, Zu, é de uma força, de uma capacidade gerencial e profissional que eu desconhecia. Estou muito feliz com isso e sei que se, por acaso, meu irmão estiver acompanhando o que se passa no jornal, deve estar exultante por ver que sua obra e todo seu esforço durante tantas décadas vai continuar”. 

Não conto mais porque não quero que você fique enciumado e reaja com aquele seu jeito impertinente: “Quer dizer que não estou fazendo a menor falta???” Eu diria que seus comandados estão sentindo muita saudade, mas falta não. Pois é, meu querido primo e amigo, elas tomaram conta das redações. Quando comecei, a Mary, minha mulher, como você sabe, era uma das duas ou três únicas mulheres repórteres em todo o Rio de Janeiro. Hoje, para cada rapaz que vem me entrevistar, existem cinco moças. Nas editorias do Globo, o domínio feminino é absoluto.

Machista como você é (assim como toda a nossa geração), sei que vai ter vontade de voltar correndo, entrar na redação e estranhar: “Que história é essa? Bastou eu dar uma saidinha para vocês tomarem o poder, né?”

Bom, Lelé, vou continuar por aqui por enquanto. Cada vez que ler a Voz da Serra como faço toda a semana, vou sentir muitas saudades suas, mas não falta. Pelo que tenho sabido, a nova diretora da nossa AVS não vai dar chance. Até os 70! 

Abraço fraterno do colega de profissão, amigo, primo e quase irmão, Zu.

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TAGS: Laercio Ventura | Zuenir Ventura
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