Para conscientizar empregadores e trabalhadores, juiz vai deixar o gabinete para levar informações às empresas
Henrique Amorim
Os dados alarmantes são da OIT, a Organização Internacional do Trabalho. O Brasil registra a cada ano 2,2 milhões de acidentes de trabalho. Deste total, mais de 80% dos acidentados acabam tendo que recorrer à Previdência Social, às vezes por longos períodos, e cerca de 2,2 mil morrem. Em Nova Friburgo, a Justiça do Trabalho ainda não possui uma estatística da quantidade de trabalhadores que se acidentam no exercício da profissão e a partir daí iniciam uma via crúcis prejudicial tanto para eles próprios, como para os patrões. Preocupado com a situação, o juiz da 2ª Vara do Trabalho do município, Derly Mauro Cavalcante da Silva, quer firmar parcerias com sindicatos patronais e dos trabalhadores e também com empregadores para esclarecê-los quanto à necessidade de prevenir acidentes de trabalho.
“Observo na rotina de audiências que ainda falta muita informação quanto às muitas maneiras de se evitar os acidentes de trabalho e a importância da fiscalização permanente”, destacou o magistrado, que vai estrear em breve uma coluna com relatos de situações e informações sobre a prevenção aos acidentes de trabalho aqui em A VOZ DA SERRA. Para tentar reduzir os acidentes de trabalho em Nova Friburgo e região, o juiz Derly quer deixar o próprio gabinete e ir às empresas ministrar palestras e participar de rodadas de debates com patrões e empregados explicando as muitas vantagens de prevenir acidentes de trabalho. Também deverão ser agendados encontros com estudantes do ensino médio para já conscientizá-los antes mesmo de eles entrarem no mercado de trabalho.
“É claro que eu gostaria muito que a Justiça do Trabalho recebesse uma demanda menor de ações oriundas de acidentes de trabalho. Eu iria trabalhar menos, sim, mas ao mesmo tempo os trabalhadores teriam menos transtornos não tendo que recorrer tanto à Previdência Social. Nem ficariam tão incertos quanto ao seu retorno às empresas após a licença”, disse o juiz, que na última quinta-feira, 10, se reuniu com advogados, representantes de sindicatos e de empresas do município para elaborar um calendário de ações nas empresas. O grupo de trabalho já deverá elaborar uma agenda de visitas a empresas a partir do próximo dia 31.
Nas visitas, Derly pretende, além da orientação, conhecer as rotinas de trabalho, verificar equipamentos de prevenção e maquinários. “É preciso que os empregadores vejam o juiz do trabalho como aquele que está disposto a orientá-lo e ajudá-lo. E não somente como aquele que vai multar ou condenar”, observou o juiz, que espera ainda, nas visitas às empresas, dar exemplos concretos de prevenção a acidentes de trabalho, e como obter melhores rendimentos com pequenas ações.
Ele citou um fato observado numa empresa do Paraná quando atuava como juiz substituto lá. “Uma determinada empresa queixava-se de gastar muito com horas extras. Chegando lá observei que os cartões de ponto eram registrados num departamento muito longe dos demais onde os funcionários efetivamente trabalhavam. Eles, então, chegavam, batiam logo o cartão e aí iam trocar uniformes, tomar café, para só depois pegarem no batente. Foi só transferir os relógios de ponto para os setores de produção que o problema se resolveu. Simples”, apontou o juiz.
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