O engenheiro e administrador de empresas Walter José Oliveira e a professora universitária e administradora Josanne Marchon formam um dos “casais 20” mais tops de Nova Friburgo. Neste dia 13, devotado a Santo Antônio, eles celebram 38 anos de união, ainda repletos de gestos apaixonados e com muitas histórias para contar. Desde os tempos em que, bem jovens, acampavam com os filhos pequenos, já conheceram juntos 20 países e chegaram a morar na França e no México. De volta a Friburgo, os dois enfrentam agora o desafio de redirecionar as sólidas carreiras que construíram ao longo de quatro décadas, sempre incentivando um ao outro. Atendendo a um pedido de A VOZ DA SERRA, ambos toparam a brincadeira de responder às perguntas sem saber as respostas um do outro. E só saberão quando lerem o Caderno Z neste sábado (ou receberem este link).
AVS: Há quanto tempo estão juntos e como se conheceram?
Walter: 38 anos. Comprando vestido para minha avó (mentira!) numa butique da Farinha Filho, onde ela trabalhava como vendedora na época. Eu a fiz mostrar a loja inteira e saí sem levar nada. Na segunda vez, ela desconfiou, eu falei a verdade e, no final, a convidei para jantar.
Jô: Estamos juntos há 40 anos. Em 13 de junho, 38 anos de casados. Nos conhecemos na butique onde eu trabalhava como vendedora. Ele chegou à loja dizendo que gostaria de comprar uma roupa para a avó dele. Perguntei o tamanho, ele me respondeu que era mais ou menos o meu manequim. Eu vestia 38. Comecei a desconfiar. Ele me disse que não gostara de nada. Então, disse-lhe que retornasse em uma semana, pois teríamos novos modelos. No sábado seguinte ele estava lá. E, de novo, nada lhe agradava para sua avó. Foi quando eu lhe disse: “Fala a verdade, você não está procurando nenhum presente para sua avó”. Bem, marcamos uma saída para o sábado seguinte. Fomos jantar no Don Carrero.
AVS: Exemplos de percalços, situações difíceis que enfrentaram juntos e superaram?
Walter: Quando moramos em Paris, a chave do apartamento quebrou logo no terceiro dia na cidade. Fazia um frio danado do lado de fora, não víamos a hora de entrar em casa e já estava noite. Não falávamos francês para pedir ajuda. Jô insistiu por umas duas horas e conseguiu abrir a porta com uma chave velha que não funcionava.
Jô: Foram tantas… e superamos todas. Conciliar a criação de dois filhos e nunca deixar de trabalhar, cada um na sua profissão. Abdicar da zona de conforto e mudar para diferentes países, com os filhos, aprender uma nova língua, longe da família. Crises econômicas do nosso país, que levava a demissões de muitas pessoas, chefes de família ... Isso era muito doloroso para ele e para mim, afinal também tínhamos a nossa família. Sempre tivemos uma grande afinidade profissional, e isto sempre facilitou as coisas. Uma situação peculiar sempre me vem à memória: no deserto do Atacama, no Chile, alugamos uma caminhonete e fomos explorar a região. Depois de rodarmos por cerca de seis horas, nos demos conta de que não tínhamos água nenhuma no carro, mapa, GPS, o combustível acabando… Tivemos muito, muito medo. Mas, graças a Deus, chegamos sãos e salvos ao hotel.
AVS: Exemplos de situações engraçadas, divertidas, que vivenciaram juntos?
Walter: Retornando definitivamente da França para o Brasil, queríamos gastar todos os francos restantes no aeroporto. O francês do bar, ficando lotado de moedas, reclamou para mim e Jô: "Quelle misère!" (que miséria!). Ele não poderia nunca imaginar minha satisfação por regressar ao Brasil promovido a diretor-geral da Torrington nacional.
Jô: De férias, sempre acampávamos, pelo Brasil afora. A primeira vez foi em Paraty. Passamos o maior mico, pois não sabíamos montar uma pequena barraca, uma tendinha. Depois fomos “evoluindo” e já conseguíamos montar barracas bem maiores, complexas e confortáveis. Fizemos isso durante anos. Era muito divertido e também emocionante. Me lembro do dia em que chegamos a Maceió, depois de uma troca de pneus na rodovia em péssimas condições, montamos a barraca e ligamos a pequena TV em preto e branco que sempre nos acompanhava. A primeira notícia foi o naufrágio do Bateau Mouche, no Rio. Jamais esqueci disso. No dia seguinte, na praia de Pajuçara, show de Cazuza, já de turbante, lutando contra a Aids.
AVS: O que é mais desafiador, hoje, para a harmonia e plenitude do relacionamento de vocês?
Walter: Acho que a adaptação aos novos tempos de veteranos, tendo que tirar o pé do acelerador.
Jô: O exercício da paciência. Precisamos nos aceitar, cada vez mais, com as manias, os vícios naturais da idade. E isso exige muita paciência.
AVS: Pergunta de um milhão de dólares: qual o segredo de um bom relacionamento a dois, a fórmula do amor?
Walter: Ter “saco de filó” e procurar entender o lado do outro.
Jô: A parceria, a aceitação e o respeito à individualidade de cada um dentro do relacionamento. Há momentos que são só meus; outros, só dele. Esta sensibilidade precisa existir para que um não invada o espaço do outro. Também acho que, com o passar do tempo, deixamos de dar importância a muitas pequenas coisas para privilegiarmos o que realmente importa, que é o diálogo franco, a sinceridade e o estar junto.
AVS: Que conselhos dão aos jovens casais de hoje (o que fazer e o que NÃO fazer)?
Walter: Ter paciência e aceitar que vivemos novos tempos. Não fazer: ser afoito.
Jô: Exercitem a compreensão mútua. Se cada um ceder um pouquinho, dialogando sempre e respeitando as individualidades, fica muito mais fácil.
AVS: Se fossem começar tudo de novo, o que fariam diferente?
Walter: Eu seria mais “político”, na vida em geral.
Jô: Eu sempre digo ao Walter que viveria tudo de novo. Amei cada fase. Talvez, apenas, teria me casado um pouco mais tarde.
AVS: Como se veem daqui a dez anos?
Walter: Maior colaboração (ainda) de um para com o outro.
Jô: Juntos e ainda produzindo algo para a sociedade. Principalmente para a formação humana.
AVS: Qual a maior lição que se tira de uma vida a dois?
Walter: Viver a dois com colaboração é melhor do que sozinho.
Jô: A solidariedade.
AVS: Declare-se aqui para ela/ele:
Walter: Eu adoro a minha “Jofrinha”. Sem mais.
Jô: Walter, todas as vezes que você me desafiou a te acompanhar, eu não pestanejei. Assim estamos construindo a nossa história. Sigamos juntos no mesmo compasso, meu amor.
LEIA TAMBÉM: Uma outra fórmula do amor: viver juntos, mas em casas separadas
Deixe o seu comentário