Julgamento antecipado

terça-feira, 11 de setembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

*Marcos Espínola
Mais um novo episódio abalou o Rio de Janeiro. A morte da comerciária Claudia Lago, de 33 anos, atingida por um tiro num PAM de Coelho Neto certamente choca a sociedade, afinal trata-se da vida de uma inocente. O problema é de segurança pública e sabemos que há muito a ser feito, já que, em verdade, toda a criminalidade se sentiu acuada com as implantações das UPPs nos principais morros carioca. Porém, outra discussão também sempre vem à tona em episódios desse tipo, que é a culpa do policial militar. Bem, sabemos e respeitamos o momento doloroso da família atingida por essa tragédia, mas acusar e condenar antecipadamente o PM envolvido na operação já é um excesso que merece ser melhor analisado por todos.
Normalmente, a sociedade se antecipa e condena a polícia. Antes mesmo de os fatos serem apurados, a polícia é alvo do cruel julgamento da população que em muitos casos é estimulada pela própria criminalidade. Não é o caso desse episódio, porém é preciso entender todo o contexto da ação, que envolveu troca de tiros, no qual os policiais também ficaram sob a mira dos bandidos.
Na perseguição, ingressar na unidade hospitalar, o bandido foragido usou a vítima como escudo. Claro que é preciso uma apuração minuciosa e pode até se chegar a conclusão de erro do policial, mas é preciso cautela, pois esse policial é tão humano como outro qualquer e estava no exercício de sua profissão.
Se for constatado erro desse profissional, as devidas medidas deverão ser tomadas pela corregedoria da PM. É preciso entender que o médico pode cometer erro, o advogado, motorista e qualquer outra profissão. Todos são exercidas por seres humanos. O ideal é que não aconteça, mas infelizmente todos nós estamos sujeitos a isso.
Enfim, o mundo ideal não existe. É lamentável a perda de qualquer vida e a investigação poderá chegar ao que realmente aconteceu. Se for comprovado erro que seja reconhecido. Mas, para isso, devemos esperar e não julgar precipitadamente.
*Advogado criminalista

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