Juizado Especial Federal está de portas abertas em Nova Friburgo

terça-feira, 15 de maio de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Juizado Especial Federal está de  portas abertas em Nova Friburgo
Juizado Especial Federal está de portas abertas em Nova Friburgo

Henrique Amorim

Muita gente que passa em frente à fábrica de ferragens Haga, logo no início da RJ-150 (Nova Friburgo-São José do Ribeirão), certamente nem percebe que ali funciona um órgão da Justiça Federal no município. Outros até sabem que num anexo ao prédio da fábrica fica a Justiça Federal, mas não sabem para que exatamente ela serve. Com a finalidade de esclarecer sobre o que é a Justiça Federal, como funciona e quem pode se beneficiar dela, o juiz titular do Juizado Especial Federal (JEF) em Nova Friburgo, Elmo Gomes de Souza, abriu ontem, 14, as portas do órgão para a visita de alunos do 2º e 3º anos do ensino médio do Colégio Estadual Etelvina Schottz, do bairro Córrego Dantas. Um grupo de pouco mais de 20 adolescentes conheceu as dependências, assistiu a uma palestra no cartório do Juizado e ainda a uma audiência simulada, onde se pode constatar, na prática, como funciona a Justiça.

A intenção do juiz com a recepção aos estudantes foi dar maior visibilidade sobre a Justiça para os adolescentes que estão na fase de escolhas por qual carreira seguir. Ele explicou que a Justiça Federal atua na defesa daqueles que reclamam direitos junto a organismos federais, entre os mais comuns, a Previdência Social. “Infelizmente, a visão que se tem da Justiça hoje, através da mídia, é muito deturpada. A Justiça sempre aparece nas novelas e nos filmes através de grandes julgamentos, envolvendo, claro, os personagens da história. Tudo imbuído de muita fantasia. Na realidade, os julgamentos, com destaques para as atuações da acusação e defesa existem de verdade, mas há muito mais que isso”, observou o juiz Elmo, que destacou com os jovens numa palestra os conceitos de justiça e cidadania. “Muita gente reclama dos direitos que tem, mas não os formula, não denuncia. Vivemos sob as regras da Constituição Federal, que nos dá deveres e também direitos”, destacou o magistrado.

Na palestra sobre a necessidade de se exercer os direitos garantidos por lei, o juiz Elmo utilizou um comentário dos próprios alunos, que salientaram a não adequação do mobiliário enviado pelo governo do estado para a escola onde estudam. Todos têm que utilizar cadeiras e mesas fabricadas para alunos com até 1,59 metro. O juiz observou que muitos alunos reclamavam da situação, mas poucos se queixaram oficialmente com quem de direito e por escrito. “É assim que funciona a Justiça. Quem se vê prejudicado com algo deve denunciar. Isso é exercer a cidadania. Mas nem sempre é fácil”, frisou o juiz, exemplificando sua grande rotina de trabalho, com o acompanhamento de 1,8 mil processos, alguns com mais de 500 folhas, não visíveis no cartório, graças ao recurso de acompanhamento on-line.

“Valeu a dica. Temos o direito de reclamar, mas temos que saber onde e como. Não adianta só falar”, disse um estudante de 16 anos, que ainda não decidiu qual profissão seguirá após concluir o ensino médio. “Não tinha noção de como as coisas são complexas e nem sabia que as pessoas podem ir à Justiça sem ter advogado e sem precisar pagar nada. Não tinha a mínima noção de como era a Justiça”, emendou um aluno de 17 anos.

Outra finalidade do programa social de visitações à Justiça Federal é fornecer aos jovens noções básicas do que é a profissão de Direito. Do grupo do Colégio Etelvina Schottz, contudo, apenas uma aluna afirmou que pretende cursar a universidade de Direito.

Após a palestra, os estudantes assistiram a uma audiência simulada com o juiz Elmo, que vestiu a toga e seguiu todos os trâmites de uma audiência de verdade. Teve até um servidor que encarnou o personagem de um policial e respondeu a perguntas do juiz, da acusação e defesa sobre a “prisão” efetuada por ele, um dos objetos da audiência. O caso fictício era de uma jovem flagrada pela Polícia Militar num ônibus da linha Rio-Nova Friburgo com uma carga de drogas trazida do Paraguai. Para cometer a atividade ilícita, a jovem receberia R$ 750 de um traficante. A apreensão e a prisão foram realizadas a partir de denúncia anônima. A dinâmica da audiência, com atuação plena da acusação e defesa e depoimento da acusada, instigou a curiosidade dos jovens, que puderam constataram como a Justiça atua na prática.

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