Jovens engajados, uma kombi e uma geladeira

Conheça o trabalho de estudantes friburguenses que promovem cultura na cidade
sexta-feira, 06 de novembro de 2015
por Ana Borges
Marina Costa e Marina Werneck criaram o projeto Fribook (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
Marina Costa e Marina Werneck criaram o projeto Fribook (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

As jovens Marina Costa e Marina Werneck, ambas de 15 anos, alunas do 1º ano do ensino médio da Escola Espaço Livre, de tanto ver os colegas conectados boa parte do tempo em seus tablets, smartphones e similares, decidiram fazer alguma coisa para reverter esse quadro. Optaram por levar atividades culturais a comunidades carentes, com pouco ou nenhum acesso a livros ou artes em geral.

Para despertar os jovens para a importância de reservar um espaço em suas vidas para atividades menos virtuais, como o simples hábito de ler livros, e, principalmente se envolverem pessoalmente, as amigas criaram o projeto Fribook, nome escolhido para fazer contraponto à palavra Facebook. O projeto consiste em juntar pessoas para realizar atividades artísticas, usando uma kombi devidamente adaptada para esse tipo de função.

“Não foi difícil atrair os amigos para o projeto, foi só dar um toque que muitos se interessaram. A gente sabe que tem pessoas dedicadas a muitas causas, muitas vezes se deslocando até lugares distantes. Mas nós queremos começar ações necessárias perto de nós, do que está ao nosso redor, ao nosso alcance”, explicou Marina Werneck.  

Marina Costa conta que o projeto deve se expandir para agrupar o maior número de pessoas que possam trabalhar com música, dança, teatro, pintura, enfim, todo tipo de função artística e cultural. “Já temos a kombi e com ela vamos visitar comunidades carentes para trabalhar com crianças e jovens como nós. Tem muitos lugares em Nova Friburgo que precisam desse tipo de ação e nós queremos fazer parte desse engajamento”, disse.

As “Marinas” têm o propósito de atrair o maior número de pessoas para formar um grupo determinado que atue de maneira eficaz. “Tem muita gente dedicada a ações sociais e nossa expectativa é de que cada vez mais pessoas se sintam estimuladas a participar. Nesse começo, precisamos reforçar o grupo e toda ajuda é importante”, ressaltaram.

Geladeira mata Fome de Livro

Já os alunos do 2º ano do ensino médio do Colégio São João Batista, Clara Ruiz Ventura, Emanuel Borges e Guilherme Couto, todos com 16 anos, resolveram encher uma geladeira de livros — inicialmente com 300 títulos — e colocá-la na rodoviária no centro da cidade. Por ser um lugar de grande movimentação de usuários ao longo do dia, o objetivo primeiro é despertar a curiosidade das pessoas para aquela geladeira, e em seguida, levá-las a se interessar pelas histórias conti(a)das naqueles livros. Que levem para ler em casa, depois devolver e, quem sabe, se animar a ponto de querer também se tornar um doador. Seria uma meta atingida, muito gratificante para essa meninada que torce para que tal prática se torne um hábito.

E em apenas 15 dias as expectativas foram superadas. Segundo Clara, a geladeira esvaziou rapidamente e para surpresa de todos, apareceram muitos livros novos. “Como todos os livros são carimbados com o nome do projeto, foi fácil identificar aqueles vindos de novos doadores, provavelmente das pessoas que circulam pela rodoviária”, contou.

Ela e os amigos estão convencidos de que a roda de leitura e doação vai se estabelecer e girar em favor de todos. “E que prossiga sucessiva e indefinidamente”, é o que desejam. Este é o projeto Fome de Livro, nome sugerido por um publicitário que também criou os logos das camisetas e adesivos que cobrem a geladeira.

A ideia surgiu a partir da aula do professor de português, redação e literatura Alex Rocha, que falou da importância de ações para disseminar conhecimento, adaptando e levando oportunidades para quem não tem.

Desde o início, o grupo também tinha a expectativa de que os novos leitores colaborassem doando livros, o que acabou se confirmando.

Clara, Emanuel e Guilherme estão animados com o projeto — colocado em prática em meados de outubro — e pelo que puderam perceber, já há motivos para comemorar o resultado. “O pessoal que frequenta a rodoviária está descobrindo o prazer que a leitura proporciona e quando esse processo começa, difícil parar”, acreditam.

Segundo Clara, o projeto oferece todos os gêneros de literatura (menos os didáticos). “A geladeira está lá na rodoviária da Praça Getúlio Vargas e temos cuidado para que ela não se esvazie. São livros de todos os gêneros e para todas as idades. Queremos que qualquer pessoa se sinta à vontade para pegar, levar pra casa, ler (sem limites de prazo) e devolver. Esta é a ideia”, finalizou.

O projeto foi concretizado através do apoio de três empresas privadas e de uma agência de publicidade da cidade. Tem página no Facebook e no Instagram <fomedelivronf>. O jovem grupo convida a comunidade a participar, seja como for.

Foto da galeria
Clara Ruiz Ventura, Emanuel Borges e Guilherme Couto, do Fome de Livro
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TAGS: leitura | Livros
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