Jovem encontrado morto em Olaria pode ter sido vítima de homofobia

Corpo estava em uma mata, próximo à Via Expressa, com várias marcas de agressão
sexta-feira, 24 de junho de 2016
por Alerrandre Barros
O corpo foi encontrado em uma mata, em Olaria (Foto: Leitor via WhatsApp)
O corpo foi encontrado em uma mata, em Olaria (Foto: Leitor via WhatsApp)

Um jovem foi encontrado morto nesta sexta-feira, 24, em um terreno próximo a uma travessia que liga a Rua Romão Aguilera Campos à Via Expressa, no bairro Olaria. Segundo a Polícia Militar, o corpo de Wellington Júlio de Castro Mendonça, de 24 anos, foi visto na mata por moradores que passaram pelo local no início da manhã. O rapaz estava com o rosto deformado e bastante ensanguentado. Amigos acreditam que ele pode ter sido vítima de homofobia.

“Ele era gay e namorou um amigo meu. Ele era muito tranquilo e bastante tímido. Eu o vi na noite de quinta-feira, 23, mas só falei um “oi” com ele. Depois soube da morte. É muito triste isso, mas tenho certeza que ele foi morto por homofobia”, disse uma amiga que preferiu não se identificar.

Wellington Mendonça morava em Bom Jardim e trabalhava, no período da noite, nas lojas Americanas, em Olaria. O corpo dele foi encontrado pela polícia sem camisa, ele vestia uma calça jeans e calçava um tênis preto. Havia sinais de agressões pelo corpo e cortes profundos no rosto e no pescoço. Ao lado do corpo, havia várias pedras, o que levantou a suspeita de que ele foi morto a pedradas.

“Eu estou chocado com essa notícia”, contou, emocionado, um rapaz que já se relacionou com Wellington. “Acredito que fizeram isso por maldade porque ele era um garoto muito gente fina. Não sei o que pode ter acontecido, mas, talvez, ele marcou um encontro para conhecer alguém e a pessoa fez isso com ele. É inacreditável, mas ele pode ter sido morto por homofobia”, disse o jovem. Ele também optou por não ser identificado na matéria.

A Polícia Militar foi acionada na manhã desta sexta-feira, 24, e isolou o local onde o corpo de Wellington foi encontrado. A morte do rapaz atraiu a atenção de vários moradores da região. Após a perícia técnica da Polícia Civil, o corpo do rapaz foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Nova Friburgo.

O delegado da 151ª DP, Mario Arruda, disse que está aguardando o resultado dos laudos periciais e começará a colher depoimentos das pessoas que estiveram com Wellington na quinta-feira, 23, antes de ele ser assassinado. Amigos e familiares também devem ser ouvidos, nos próximos dias, para o delegado saber se o rapaz vinha sofrendo algum tipo de ameaça.

“Como estamos no início das investigações, eu prefiro não opinar sobre o que pode ter acontecido com a vítima. Mas nós estamos trabalhando com a hipótese de homofobia também”, disse Arruda.

Três mortes em Friburgo

Esse é o terceiro homicídio na cidade em menos de 15 dias. Na última segunda-feira, 20, um jovem foi baleado com vários tiros, inclusive na cabeça, no bairro Rui Sanglard, no distrito de Conselheiro Paulino. De acordo com moradores do bairro, Leonardo Frossard Botelho, de 23 anos, estava subindo o morro para jogar futebol quando foi cercado e executado, por volta das 19h, na Rua Zelina Erthal. A suspeita da polícia é de que ele tenha se envolvido com traficantes que disputam a venda de drogas na região.

O outro homicídio aconteceu no dia 16 de junho. Segundo a PM, um adolescente, de 17 anos, foi baleado com nove tiros, na porta de casa, na Rua Rosa Pinheiro, no bairro Prado. O jovem foi socorrido pelos bombeiros e foi levado com vida para o Hospital Municipal Raul Sertã, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de saúde.

Na semana anterior, o adolescente foi apreendido com drogas, dinheiro proveniente da venda do material entorpecente e material para endolação no bairro. Na ocasião, ele foi autuado por tráfico de drogas na delegacia, e estava respondendo à acusação em liberdade. Isso fez surgir a suspeita de que a morte também tenha sido causada por envolvimento dele com a venda de drogas em Nova Friburgo. Ninguém foi preso, mas os dois casos estão sendo investigados.

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