Jornalistas friburguenses se destacam fora da cidade

Nova Friburgo exporta talentos em todas as áreas pelo Brasil afora. Mas, por alguma razão inexplicável, parece que a terrinha tem uma vocação especial para o jornalismo.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
por Dalva Ventura
Jornalistas friburguenses se destacam fora da cidade
Jornalistas friburguenses se destacam fora da cidade

Nova Friburgo exporta talentos em todas as áreas pelo Brasil afora. Mas, por alguma razão inexplicável, parece que a terrinha tem uma vocação especial para o jornalismo. Impressionante a quantidade (e a qualidade) de profissionais da imprensa que saem daqui para conquistar um lugar ao sol no concorrido mercado nacional.

Já produzimos jornalistas do porte de um Zuenir Ventura, por exemplo, que apesar de ser mineiro de nascimento, passou a maior parte de sua infância e juventude em Nova Friburgo. E, na sua cola, vieram outros, muitos outros. Alguns de renome, premiados, com livros publicados, outros nem tanto, mas já com um lugar garantido no disputado mercado de trabalho. Sem falar na nova geração que está mostrando a que veio nas TVs, jornais, rádios e, principalmente, assessorias de imprensa.

Alguns desses jornalistas acabam retornando, outros se integram de tal forma à rotina dos grandes centros que não voltam mais. E o que não falta na vida de cada um desses profissionais é história para contar. Agitação, correria, fechamentos, aventura, isso é com eles mesmos. A VOZ DA SERRA entrou em contato com alguns desses “coleguinhas”—como os profissionais de imprensa costumam se chamar entre si—que nos contam aqui um pouco de suas carreiras, entre desafios e conquistas.

 

Consuelo Dieguez: “Continuo vibrando com cada furo, cada grande história para contar”

 

A carreira profissional de Consuelo começou como estagiária em O Globo após uma dura prova de conhecimentos gerais, redação e entrevista com um dos editores. Desde que entrou na redação do jornal, em 1983, nunca mais deixou o jornalismo. Foi um caso de amor, diz. Gostava até de ir para a oficina ver o jornal rodar. Terminado o estágio, foi contratada para trabalhar em Brasília. Seu sonho era cobrir política e o diretor de redação na época, Evandro Carlos de Andrade, lhe disse que tal cobertura não tinha sentido no Rio.

“Eu nunca tinha pensado em ir para Brasília. Imagina, começar a profissão num lugar estranho, sem as pessoas que eu conhecia para me orientar e me dar guarida. Nunca me esqueço de quando fui chorar as mágoas para um dos editores, o Milton Coelho da Graça, dizendo que estava morrendo de medo de ir para Brasília. Ele me olhou sério e disse: “Escuta, você é filha de imigrante. Já viu filho de imigrante ter medo de ver o mundo? Sua família veio da Espanha e você está com medo de ir para Brasília?”.

O argumento funcionou. Não que o medo tivesse passado, mas achava que tinha que enfrentá-lo. Brasília foi uma grande escola. Ela acha, inclusive, que todo jornalista, se tiver oportunidade, deveria trabalhar pelo menos um tempo lá.

“O Brasil acontece em Brasília. Eu, que ficava aqui cobrindo buraco de rua, tiroteio, Criança Sorriso, de repente me vi frente a frente com grandes questões nacionais. Cobri fatos emocionantes da nossa história, como a votação das Diretas Já e a Constituinte. Também acompanhei a primeira eleição direta para presidente, voto a voto.”

Mas sua carreira acabou se dirigindo, naturalmente, para a economia e ela acabou indo parar no Jornal do Brasil, de onde se lembra com muitas saudades.

“Acho que foi o jornal mais elegante, mais inteligente, mais estimulante que esse país já teve. Quem trabalhou ali sabe que, dificilmente, haverá outro jornal como aquele. Fazer a cobertura econômica, principalmente do Banco Central, onde tudo acontecia—juros, câmbio, crédito, dívida externa, balanço de pagamentos, balança comercial, mercado financeiro, ouro, habitação, até o congelamento do dinheiro pelo governo Collor—, foi praticamente uma graduação em economia. Ali, no Banco Central, acompanhei as negociações da dívida externa brasileira, as idas e vindas de técnicos do FMI, o calote da dívida, altas e quedas de juros, gente chorando na porta do banco por causa do fatídico Plano Collor.”

Em que outra profissão é possível acompanhar tão de perto tudo o que acontece no Brasil e no mundo? Consuelo não sabe se é porque gosta tanto de ser repórter, mas o fato é que, até hoje, quase 30 anos de formada, continua vibrando com cada furo, com cada grande história para contar.

Em 1995, Consuelo voltou para o Globo, onde fez a reportagem mais emocionante de sua carreira: a Guerrilha do Araguaia, com a qual conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo. De lá foi para a TV Globo como chefe de redação, uma grande experiência, mas televisão, confessa, não é a sua praia. Acabou indo para a Veja. Outra experiência marcante, um grande aprendizado de apuração.

“Numa revista semanal temos mais tempo para apurar, mas o nível de exigência é muito maior porque precisamos encontrar um ângulo da notícia que não tenha sido explorado durante a semana pelos outros meios de comunicação. E é maravilhosa a sensação de conseguir contar em detalhes uma história que ninguém conhece ainda.”

Quatro anos depois, outro trabalho fascinante. A chefia de redação da sucursal da revista Exame, no Rio. Ali, Consuelo ganhou dois prêmios de jornalismo: um da Organização Nacional do Petróleo, por uma reportagem sobre a volta à tona da indústria naval no Estado do Rio. O outro, da Firjan, por uma matéria sobre a mudança produzida em Porto Real, no sul do estado, com a ida da fábrica da Citröen para lá.

Desde 2005, Consuelo está na revista Piauí, um projeto editorial inovador, que preza a boa reportagem, detalhada, extensa, com textos bem cuidados, a exemplo da americana New Yorker.

“É uma experiência nova, a de acompanhar o entrevistado, ver como ele se comporta e reage a determinadas situações, o que pensa, as várias facetas de cada um. É incrível ver como as pessoas vão se revelando. Gente que aparenta ser muito segura, falando de seus medos, revelando suas vaidades ou sua arrogância.”

Na Piauí, a jornalista vem assinando matérias de grande relevância. O então ministro da Defesa, Nelson Jobim, acabou sendo demitido depois de ter declarado a Consuelo que a ministra Ideli Salvatti era “fraquinha” e a ministra Gleise Hoffman nem conhecia Brasília. Ela também abordou os erros que levaram à quebra da Sadia, e a tomada dos fundos de pensão estatais pelos sindicalistas ligados ao PT. Esta matéria, aliás, lhe valeu um importante prêmio de jornalismo econômico, o Fiat Allis. No começo do ano passado, uma nova alegria. Através de votação interna, ganhou o prêmio Mulher Imprensa, como melhor jornalista de revista.

No ano passado, Consuelo fez uma reportagem pessoalmente emocionante para a Piauí: a enchente de janeiro em Nova Friburgo, sob a ótica de oito pessoas que viveram a tragédia. Foi, talvez, uma forma de enfrentar a tristeza que sentiu com a destruição da cidade, afirma.

Embora esteja a tantos anos fora daqui, ela nunca perdeu contato com Nova Friburgo. E fez questão de autografar aqui o livro que escreveu em parceria com uma amiga, a também jornalista Ticiana Azevedo, “Cuidado, seu príncipe pode ser uma Cinderela”. Entusiasta da imprensa local, ela afirma que cada vez que vem a Nova Friburgo tem um assunto novo que lhe fascina e sobre o qual gostaria de escrever.

“Acho que o jornalismo local tem muito o que explorar e é muito importante para denunciar, divulgar e despertar a consciência dos moradores. Há grandes temas a serem discutidos e que interessam a todos os friburguenses. Desde a política, até saúde, educação, urbanismo, turismo, segurança, cultura, sociedade. É muito importante a cidade ter um jornal para contar a sua história. Para falar de temas que não interessam ao mundo, mas interessam a quem vive em Nova Friburgo. Os problemas, os dramas, as alegrias de seu cotidiano e de seus moradores. Quem sabe, um dia, não mando umas linhas para essas páginas?”

 

Eles começaram aqui em A VOZ DA SERRA

 

Foi aqui em A VOZ DA SERRA, trabalhando como digitadora, que Liliane Souzella se apaixonou pelo universo da redação e teve a certeza de que seria jornalista. Dois anos depois, mudou-se para Niterói para fazer faculdade de Jornalismo e já no segundo período foi estagiar na reportagem de O Fluminense, onde depois foi redatora, chefe de reportagem e editora. Recentemente, voltou para lá como diretora de multimídia, isto é, responsável pela integração do jornalismo de todas as mídias do grupo—jornal, site, Rádio Fluminense AM e TV O Flu, um canal novo que foi ao ar em janeiro.

Ela também trabalhou como assessora de imprensa, tanto na área pública como na privada. E foi como assessora que ingressou na Universidade Candido Mendes, onde hoje também ocupa a função de coordenadora do curso de Comunicação Social do campus Nova Friburgo. Liliana diz que seu trabalho na faculdade é, sem dúvida, o que mais ama fazer na profissão.

“Tenho muito orgulho de poder contribuir para a formação dos futuros jornalistas e publicitários da Ucam e minha maior alegria é poder acompanhar o desenvolvimento, a evolução, o amadurecimento e o crescimento profissional de cada um, desde o primeiro período até a banca de monografia. Tenho verdadeira paixão pelos meus alunos, que chamo de ‘minhas crianças’ e vibro cada vez que eles conseguem se superar e trabalhar como profissionais.”

Liliane se diz superempolgada com o jornalismo praticado em Nova Friburgo, principalmente depois do advento das televisões a cabo e da internet, que também vieram impulsionar as mídias impressas. Acredita que ele se tornou mais vibrante e profissional, mais preocupado com o ineditismo, ainda que limitado a questões técnicas e o problema comum a todas as cidades de interior, que é lidar com pessoas que quase sempre se conhecem muito bem.

Felizmente, destaca, já houve uma conscientização sobre a importância de se formar profissionais qualificados e realmente preparados para enfrentar a rotina de um veículo de comunicação. Onde não basta saber escrever nem ter bom português. A técnica e o preparo para apuração e edição são fundamentais.

Outra que começou aqui no jornal, fazendo estágio em seu período de férias, foi Roberta Babo. Jornalista 24 horas por dia, ela está sempre ligada, procurando pautas, ouvindo reclamações e sugestões da população. Formou-se pela PUC e depois, fez MBA em marketing e varejo no Ibmec.

Nunca, porém, deixou de ser repórter. Estagiou no Jornal do Commercio e no Globo, onde trabalhou durante dois anos nas editorias Grande Rio, Nacional e Política. Foi lá que teve uma de suas maiores alegrias na profissão. A conquista do Prêmio Esso de Reportagem, pela série de reportagens sobre o acidente com o Césio-137 em Goiânia.

Do Globo foi para a Tribuna da Imprensa, onde atuou como repórter, chefe de reportagem e editora. Depois trabalhou como editora de cidade, esporte, saúde e cultura no site do Correio do Brasil. Atualmente, está na Imprensa Oficial do Estado do Rio, dentro do Projeto Mais Leitura, do governo do Estado, que disponibiliza livros a preços populares. E é ela quem seleciona os livros vendidos por R$ 2 e R$ 3, nos postos de venda que funcionam no Poupa Tempo.

 

De certa forma, Larriza Thuller também começou sua carreira aqui em A VOZ DA SERRA. Já nos primeiros períodos da faculdade, quando vinha de férias para Nova Friburgo, ia para as redações e, na cara de pau, pedia para passar um tempo ali. Assim, “trabalhou” aqui no jornal e também no Pedro Osmar e na TV Serramar. Hoje, é responsável pelas mídias sociais do Sebrae/RJ e redatora do site do Observatório da Imprensa, onde tem contato, entre outros, com um dos grandes mestres do jornalismo, Alberto Dines.

“Foram vocês, aí da cidade, que com muita paciência, me ensinaram o dia a dia da profissão. Assim, fui tomando gosto.”

Quando acompanhou a delegação de 200 friburguenses à Suíça, em 2002, Larriza enviou matérias para o jornal, fez gravações para a rádio e até um documentário sobre a viagem com depoimentos dos integrantes da Campesina.

Sua carreira foi ascendente, mas sentia falta de um contato com a vida acadêmica e acabou optando fazer mestrado em Novas Tecnologias e Cultura na Uerj.

Larriza tem um carinho muito grande pelos coleguinhas friburguenses e mantém um estreito convívio com eles através das redes sociais. Tanto como assessora de imprensa do Sebrae/RJ como para divulgar as ações de um grupo de voluntários do qual faz parte, o Ceso-RJ, criado após as tragédias de janeiro.

“O jornalismo que se faz na cidade é guerreiro, pois os profissionais têm um comprometimento com a missão do jornalismo de informar. E tivemos uma prova disso com as chuvas que atingiram a cidade.”

Gabriela de Freitas também é cria aqui de A VOZ DA SERRA. Trabalhou dois anos no jornal como diagramadora e também produzindo reportagens. Há alguns anos, porém, resolveu disputar um lugar ao sol no mercado carioca e está feliz com a opção.

Depois que foi para o Rio, Gabriela teve algumas experiências na área de design, mas sempre procurou exercitar-se como redatora. Inquieta e ousada, fez de tudo um pouco. Foi assessora de imprensa, fez “frilas” para diversas revistas, campanhas de candidatos e hoje é produtora do programa TV Garagem do Faustão (www.globo.com/garagem). “É um programa ao vivo veiculado exclusivamente na internet, uma prova do crescimento do mercado jornalístico na web”, diz, empolgada. Lá, Gabriela produz matérias em vídeo para entrar no programa e no site, a vinda de convidados e redige matérias.

 

Curiosos e vibrantes por natureza

 

Juliana Rangel começou sua carreira no Rio, estagiando numa revista pequena e que nem era vendida em banca chamada Pró-Consumidor, com a jornalista Maria Helena Esteban. Foi seu primeiro contato com o jornalismo econômico, que acabou sendo, aliás, a sua praia.

Depois disso, foi para O Globo, onde trabalhou durante nove anos e cobriu as áreas de macroeconomia, finanças e petróleo e gás. Há dois anos, porém, mudou-se para São Paulo, por motivos pessoais e também em busca de novas experiências. Passou sete meses no Brasil Econômico, foi editora-assistente da editoria de Política e Macroeconomia na Folha de São Paulo, mas atualmente está trabalhando só como freelancer.

Em sua intensa carreira, Juliana já teve várias alegrias. Entre elas, o desafio de cobrir aspectos econômicos de três governos brasileiros—FHC, Lula e Dilma—além de crises internacionais, a descoberta do pré-sal, só para citar alguns. Como repórter do Globo, ganhou dois prêmios importantes, o Itaú de Sustentabilidade e o CNH de jornalismo, este último em conjunto com uma equipe do jornal. Foi também finalista do prêmio Abrelpe de reportagem.

O que ela mais gosta no jornalismo, diz, é a possibilidade de conciliar diversão e trabalho, cobrindo desde o carnaval de rua do Rio até os grandes eventos econômicos do país. Lamenta apenas que a profissão seja mal remunerada, com pouca estabilidade e reconhecimento.

“Afinal, nós abrimos mão de fins de semana, feriados e datas festivas, como Natal e ano-novo, para entregar um jornal fresquinho ao leitor no dia seguinte—ou a notícia em tempo real na internet. Merecíamos mais.”

Fernanda Thurler diz logo, com humildade: “Tenho 25 anos, ainda estou no início de carreira”. Mas o fato é que apesar de estar formada há apenas quatro anos, ela já está no mercado. Foi repórter do JB, do Extra e do Globo e hoje edita o portal de esportes olímpicos AHE! (www.ahebrasil.com.br). Está adorando o desafio até porque, afirma, esporte é uma de suas grandes paixões.

Apesar de ser ainda bem novo, Alessandro Lo Bianco ostenta uma carreira digna de respeito. Começou estagiando na Band Rio, depois foi para a editora Abril, onde trabalhou como repórter do Núcleo Semanal de Revistas, cobrindo as publicações que mantinham sucursal no Rio, fazendo suplementos especiais em São Paulo e produzindo conteúdo digital para o site da editora.

Atualmente, faz frilas para a globo.com e é consultor de comunicação da agência In Press Porter Novelli, a oitava maior agência de comunicação do mundo, onde também exerce o cargo de editor de publicações editoriais. Como se não bastasse, Alessandro também escreve contos e poesias, já tendo publicado dois livros. Como bom friburguense, ele faz questão de manter um vínculo estreito com a cidade e, por isso mesmo, está sempre colaborando aqui com o nosso jornal e também com a revista Êxito Rio. Além disso, mantém um site de notícias, o Entrevistando (www.entrevistando.com.br).

Mas até chegar aonde chegou, já engoliu muitos sapos. A maior dificuldade, diz, foi aprender, na marra, que um jornalista vale pelas fontes que tem.

“Quando entrei pela primeira vez numa redação, saía pedindo contatos para um monte de colegas, mas ninguém ajudava. Me senti numa selva. O primeiro momento numa redação com 60 repórteres foi difícil para mim, pois via um atropelando o outro, querendo dar a melhor capa o tempo inteiro. Depois de alguns meses, porém, já comecei a ter as minhas fontes e a trabalhar mais tranquilo. Foi quando percebi que quatro anos de faculdade não representavam 24 horas de experiência em uma redação.”

Alessandro conta que a atividade que mais o realizou até agora,a nível pessoal, foi sua participação nos portais Kids e Mães do Brasil, ONGs que prestam auxílio psicológico às famílias de crianças desaparecidas, investigam e cobram medidas das autoridades. Após três anos divulgando informações e produzindo campanhas com jornalistas de outros veículos, conseguiram localizar e trazer de volta para a família uma criança que estava desaparecida há nove anos. Com esse trabalho, Alessandro ganhou o prêmio Top Blog Brasil 2010, na categoria Comunicação. Neste mesmo ano, mais uma conquista, o Melhores da Imprensa, na categoria Destaque de Celebridades.

Mas nem tudo são flores na profissão e Alessandro já experimentou algumas dessas agruras. Como jornalista de celebridades, já foi obrigado a dar furos que mexeram com a vida pessoal de muitas celebridades. Também foi muito frustrante, para ele, depois de meses de investigação, descobrir que um funcionário da área financeira tinha desviado milhões do fluxo do caixa e ver sua matéria cair, pois a empresa era anunciante do jornal.

“Entreguei o cara para a polícia e a empresa lesada ainda conseguiu segredo de justiça no caso. Não consegui sequer repercutir a matéria.”

Alessandro afirma que adoraria voltar para Nova Friburgo e trabalhar na sua área. Acha importantíssimo o trabalho desempenhado pela imprensa local, embora acredite que poderíamos fazer muito mais. Garante que se recebesse um bom convite, com um plano real de carreira, não pensaria duas vezes em voltar para a tranquilidade e a qualidade de vida que só encontramos aqui na Serra.

 

Assessores de imprensa com muita honra

 

Antes vistos com uma certa reserva pela própria classe, as assessorias de imprensa foram se profissionalizando e são elas que absorvem, hoje, a maior parte dos jovens jornalistas e até os veteranos. Adriane Salomão é uma destas veteranas. Começou sua carreira como repórter da Tribuna da Imprensa, cuja editora, aliás, era outra friburguense, Roberta Babo. De lá, passou por algumas redações e, em 2000, quando estava no Jornal do Commercio, teve sua maior alegria profissional, um prêmio concedido pela Bovespa.

“Já fui repórter de política, setorista da Câmara Municipal do RJ, da Assembleia Legislativa e do governo do estado. Fui repórter de cidade, subi muito morro em operação policial, cobri delegacias, plantões policiais. Minha vida melhorou quando fui para a editoria de Economia.”

Em seguida, trabalhou numa revista eletrônica focada em economia e mercado financeiro, a iG Finance. E há dez anos trabalha como diretora de novos negócios da Textual Comunicação, empresa de médio porte com grandes clientes como Coca-Cola, Banco Itaú, Comitê Olímpico Brasileiro, Vulcabras/Azaleia, entre outros. “Virei uma executiva da Comunicação”, diz.

Fernando Torres teve uma trajetória diferente. Saiu de Nova Friburgo para trabalhar como assessor de comunicação da Secretaria de Segurança, mas logo depois passou para o Extra, onde foi repórter de Geral, Cidade e Polícia. Neste jornal assinou uma série de reportagens importantes e participou da cobertura especial sobre a derrubada do helicóptero da Polícia Militar por traficantes do Morro dos Macacos.

Desde o ano passado, porém, Fernando é assessor de imprensa do Fluminense Football Club e, como tal, atuou intensamente na cobertura da Copa Libertadores da América, do Campeonato Carioca e Brasileirão.

Outra que parece ter se encontrado na assessoria é Letícia Reitberger. Antes de ir embora de Nova Friburgo, há cinco anos, trabalhou para uma agência de publicidade local, a Layout, do amigo de faculdade André Abicalil e de José Manoel Pereira. É uma apaixonada por jornal impresso, sobretudo os populares, e para trabalhar num deles se mudou para o Rio. Mas a urgência do mercado acabou por incentivá-la a seguir em outra direção.

Depois de alguns frilas e passagens por outros veículos, há cerca de dois anos integra a equipe da Target Assessoria de Comunicação e se diz recompensada com suas conquistas ali. É a jornalista responsável do “Prancha de Notícias”, jornal institucional do Crea-RJ, pelo qual cobriu assuntos que tiveram repercussão nacional, como os acidentes em parques e explosões em bueiros. Também entrevistou o ex-capitão Rodrigo Pimentel, em evento comemorativo no Morro do Cantagalo, com a exibição do filme Tropa de Elite. “Outro trabalho que eu adoro fazer é a Parada Gay do Rio, em Copacabana. Esses domingos são especiais porque passo o dia entrevistando o povo mais alegre e colorido do mundo”, ressalta.

Letícia lembra também de outro trabalho, realizado no Complexo do Alemão, durante a visita recente do príncipe inglês Harry. Ele inaugurou a nova sede do Educap, ONG parceira do Cedaps, que atende aos moradores. A nova casa abriga a 1ª biblioteca comunitária da região—que oferece aulas de alfabetização para adultos e crianças, e promove rodas de leitura. “Esse trabalho, em especial, me tocou por ter sido realizado dentro de uma comunidade, um tipo de pauta que eu curto fazer. Os moradores estavam radiantes e orgulhosos por mais aquela “vitória”. Acho que os melhores e mais interessantes trabalhos que fiz foram em comunidades. Talvez não por acaso, minha monografia na faculdade foi sobre elas. É uma ligação transcendental!”, acredita.

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