O cinema reproduziu diversas histórias que fascinaram milhões de pessoas com filmes sobre jornalismo e os profissionais da área. Tais narrativas geralmente se desenvolvem dentro das salas de redação com cenas que demonstram o trabalho dos jornalistas e os conflitos ocorridos nas empresas jornalísticas. As representações produzidas pelos filmes contribuem para a formação de um tipo ideal de jornalista. É interessante observar como a conduta do jornalista é abordada. Em geral este personagem aparece como o vilão da trama, o mau caráter, mas também como herói em muitas situações.
Reuni uma relação de filmes onde jornalismo e jornalistas são o foco principal ou citados de alguma forma: uma lista de abordagens sérias e cômicas, reais e ficcionais, antigas e contemporâneas. Aventureiro, defensor dos fracos e oprimidos, íntimos dos poderosos, solitários, trabalhador sem horário, cético quanto à redenção da humanidade, o jornalismo é das raras profissões contemporâneas que dispõem, no seu estado puro, de uma aura romântica suficiente para inspirar qualquer argumento de cinema.
Muitos filmes ficaram de fora, pois a lista é longa, começando em 1900, com Horsewipping, talvez a primeira vez que o jornalismo é abordado no cinema: um rude caubói entra numa redação de um jornal para punir o editor do órgão.
Cidadão Kane (1941) - Sem dúvida, o mais famoso filme sobre jornalismo. Dirigido e escrito magistralmente por Orson Welles, roteirizado em parceria com Herman J. Mankiewicz, tem no elenco o próprio Welles, mais Joseph Cotten e Everest Sloane. O filme continua até hoje, mais de 70 anos depois, a influenciar novos cineastas.
Também Somos Seres Humanos (1945) - Este foi o primeiro filme que tomou como herói a figura de um jornalista, o mais lendário repórter de guerra, Ernie Pyle, que cobriu a campanha do Norte da África e a invasão da Itália durante a II Guerra Mundial, tendo sido morto na frente de combate pouco antes da estreia do filme. É também um dos melhores no estilo documentário de guerra, depois muito imitado.
A Verdade Vence Sempre (1948) - Clássico filme de jornalismo investigativo, mostra a forma como a imprensa pode contribuir para o esclarecimento da verdade. Um jornalista teimoso na sua crença na inocência de um condenado por assassinato leva até o fim a investigação e descobre a verdade.
A Montanha dos Sete Abutres (1951) - Dirigido pelo prestigiado Billy Wilder, é sem dúvida um dos mais importantes filmes realizados sobre o jornalismo. Um jornalista falido (Kirk Douglas) está à procura de emprego no Novo México e, por acaso, encontra uma grande história ao descobrir que um mineiro está preso numa mina. Ele planeja explorar o incidente com a esperança de um retorno triunfal.
A Primeira Página (1974) - Wilder retorna à forma original da peça de Hecht e McArthur, principalmente para explorar a magnífica dupla (Jack) Lemmon e (Walter) Matthau, o jornalista e o chefe, dando a este uma das mais turbulentas e cínicas personagens do gênero no cinema. Porventura, o filme mais divertido (e um dos mais verdadeiros) sobre o que é a autêntica essência da profissão jornalística.
Rede de Intrigas (1976) – Sidney Lumet dirigiu Peter Finch e Faye Danaway neste drama de bastidores da televisão. Locutor de noticiário de uma rede de televisão americana é demitido e ele então anuncia que vai cometer suicídio no ar. Os índices de audiência do programa voltam a crescer, ele passa a ser conhecido como o Profeta Louco, e é readmitido. Mas seu comportamento insano provoca reações que o deixam cada vez mais perigoso. Oscar de melhor ator, atriz, diretor, roteiro, entre outros.
Reds (1981) - Realização do ator Warren Beatty sobre a vida do repórter ativista John Reed (1887-1920) em vários momentos, como sua estada na Rússia, onde ele presenciou o nascimento da Revolução de 1918. De volta aos Estados Unidos, Reed publicou o livro intitulado “Dez Dias que Abalaram o Mundo”, contando suas experiências. Ao retornar à Rússia, contraiu tifo, vindo a falecer antes de completar 33 anos. Seu corpo foi sepultado perto do Kremlin, sendo o único americano a quem tal honra foi concedida. O filme ganhou vários Oscars, inclusive o de melhor diretor.
Os gritos do silêncio (1984) - Adaptação das memórias de Sidney Schanberg, jornalista de The New York Times que acompanhou a ocupação do Camboja, pelo exército do Khmer Vermelho. Uma viagem de horror por um país devastado e uma história de amizade entre o repórter e um cambojano perseguido.
Nos bastidores da notícia (1987) - Neste filme, televisão e a informação são transformadas em espetáculo. Tudo sujeito às regras impostas na luta pela audiência.
O informante (1999) - Russell Crowe é o executivo da indústria tabagista que revela informações secretas sobre cigarro ao produtor (Al Pacino) do programa de TV 60 Minutos. O executivo é demitido, o jornalista se compromete com ele, mas, na hora de o programa ir ao ar, o anunciante usa seu poder para arquivar a grande reportagem. É a guerra entre o idealismo do jornalista e as pressões que ele sofre a partir dos donos da emissora.
Boa Noite e Boa Sorte (2005) – Maravilhosa e atual leitura do papel do jornalismo, apresentado por meio do confronto entre o apresentador e jornalista Ed Murrow, da CBS, e o senador Joseph McCarthy, nos anos 50, em plena “caça às bruxas” do anticomunismo que varreu os EUA no período da Guerra Fria.
Millenium (2009) – Trilogia sueca baseada num grande sucesso literário escrito por Stieg Larsson (Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar). Violência sexual contra as mulheres, corrupção e assassinatos são investigados por um jornalista.
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