Jornaleiro: aquele que sabe de tudo antes de todos

Entre a impressão e a casa do leitor, uma das etapas do processo envolvia um legítimo representante do povo, vindo do povo, responsável por espalhar a todos as manchetes estampadas na primeira página: o jornaleiro.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
por Ana Blue

Quem nasceu antes do boom tecnológico sabe: a notícia nem sempre chegou através das telas das TVs, dos computadores, das redes sociais e WhatsApps da vida. Aliás, a tecnologia, nossa nova amiga, atualmente é capaz de disseminar tanto notícias sérias como inverdades—e tanto quanto é necessário se ter o cuidado de separar o joio do trigo antes de se publicar o trigo, há que se saber que muitos continuam, por razões que a própria razão desconhece, publicando o joio. As informações chegam a todo momento e de variadas formas—logo, é necessário ter bom senso para discerni-las, assim como é preciso ter responsabilidade ao repassá-las.   

No entanto, houve um tempo em que a notícia percorria um longo caminho antes de chegar aos nossos olhos e ouvidos. Entre a impressão e a casa do leitor, uma das etapas do processo envolvia um legítimo representante do povo, vindo do povo, responsável por espalhar a todos as manchetes estampadas na primeira página: o jornaleiro.

Estima-se que a profissão tenha surgido em nosso país há pelo menos 150 anos. No princípio, cabia aos cidadãos escravizados este trabalho. Eles gritavam pelas ruas as principais manchetes do dia como forma de atrair a atenção dos passantes—e transformá-los em compradores. Ao longo do tempo, foram ganhando recursos que suavizavam a lida: um cavalo aqui, uma bicicleta acolá, uma estrutura com caixotes de madeira mais adiante... Aliás, a expressão “banca”, que hoje designa o local fixo onde os jornais são vendidos, é originária de Carmine Labanca, imigrante italiano que montou o primeiro ponto fixo de vendas de jornais.

Hoje, 30 de setembro, é Dia do Jornaleiro. Ainda responsáveis pela distribuição de entretenimento e notícia, esses profissionais resistem ao tempo, à tecnologia evoluída, tal qual os jornais e revistas impressos. Não se deixaram abater pelo novo, pelo contrário, se adaptaram a ele. As bancas já têm até ar-condicionado, piso em mármore, conforto. Jornaleiro vende até, olha só, chip de celular...

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