Jazz, um encontro de ritmos com origem no ragtime, blues e spirituals

Entre 1897 e 1917, os ritmos que formariam o novo estilo musical eram ouvidos nos pequenos bares de Storyvilles, em New Orleans
sábado, 16 de março de 2019
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Jazz, um encontro de ritmos com origem no ragtime, blues e spirituals
Não é simples estabelecer uma definição para seu estilo, porém sabemos que o jazz é marcado pela improvisação, pelo swing e por ritmos não lineares. Também sabemos de suas raízes na música negra americana, por alguns registros por volta de 1850. Mas, não sabemos ao certo a origem da palavra jazz, embora seja apontada, e bem aceita, como uma gíria usada pelos americanos antes mesmo do surgimento dessa expressão como estilo musical.

Até hoje se especula sobre a origem do termo ‘jazz’, escolhido pela Sociedade Americana de Dialeto como a palavra do século 20. Alguns historiadores relatam que a palavra tem origem na África Ocidental e significa “coito”. Ou que sua origem está na palavr
Sua história remonta à escravidão dos africanos nos Estados Unidos, quando os escravos realizavam cerimônias tribais e religiosas, com seus cantos e ao som de tambores, numa demonstração da força de suas tradições culturais.

Do encontro de ritmos e tradições e através de manifestações musicais dos africanos mais a influência da música europeia surgiram alguns estilos musicais que dariam origem ao jazz: o ragtime, os blues e os spirituals. Este último era uma manifestação essencialmente religiosa, de natureza vocal que se perpetuava oralmente. Concluindo: o jazz foi formado pela junção de diversos elementos desses três estilos.

Direto de New Orleans...

Uma cidade do estado de Louisiana, New Orleans, habitada por negros africanos, americanos, brancos, asiáticos e outros, foi o berço dessa inigualável expressão musical, nascida nos bordéis do bairro de Storyville, entre 1897 e 1917.

Ritmos entrelaçados estavam ali germinando sementes diversas, fazendo soar descontrolados, indefiníveis, e plenos de energia. Nos pequenos bares de Storyvilles, corpos vibravam e uma alegria desconhecida e contagiante invadia os corações daquele povo que só encontrava consolo na bebida e na música. Nesses bares, chamados de honk-tonks, esse povo marginalizado ainda não sabia, mas estava testemunhando o nascimento de um estilo musical que mudaria o som ao redor do mundo, para sempre: num minúsculo palco de um inferninho qualquer, uma nova expressão artística brotou.

Em New Orleans, o jazz se formou, se expandiu e o que contribuiu para essa explosão foi justamente a sua essência livre. Algumas outras cidades do sul dos EUA também foram importantes contribuições para a formação e expansão do jazz: Baltimore, Memphis, St Louis.

Para o mundo

Com o passar do tempo sua popularização foi inevitável. A partir do início do século 20 surgiam as primeiras bandas, composta de trombone, contrabaixo, piano, corneta, clarineta. Uma banda em particular foi a responsável por propagar a nomenclatura ‘jazz’ e torná-lo ainda mais conhecida: a ‘Original Dixieland Jass Band”. A partir dos anos de 1910 os brancos ouviam e tocavam jazz, mas somente a partir de 1920 passou a fazer parte da cultura branca, com seus shows, teatro e cinema, logo após a Primeira Guerra Mundial.

Nesse cenário, houve uma forte emigração dos negros para grandes cidades, como Nova York, o que difundiu o jazz de forma contundente. A popularização do jazz, a partir de 1920 alcançou patamares internacionais. As bandas passaram a viajar pelos Estados Unidos, América do Sul e Europa, e assim o jazz conquistou seu espaço de forma definitiva, mundialmente.

Com a indústria de discos em pleno desenvolvimento, o jazz foi junto. Hoje é um dos estilos mais consagrados do cenário musical mundial, com diversas expressões, incontáveis artistas renomados, e seguidores que tanto podem estar em pequenas cidades como nas principais metrópoles.

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