Jardim Marajói: um bom lugar para morar

Mas apesar da qualidade de vida, localidade possui diversos problemas
quinta-feira, 04 de dezembro de 2014
por Dayane Emrich
Jardim Marajói: um bom lugar para morar
Jardim Marajói: um bom lugar para morar

Jardim Marajói é um aconchegante bairro do distrito de Conselheiro Paulino. Com ruas arborizadas, aspecto tranquilo e predominantemente residencial, o local é classificado como um excelente lugar para morar, além de possuir uma bela vista de parte da Avenida Roberto Silveira e do Jardim Califórnia. Em toda a sua extensão é possível encontrar diversas construções, alguns prédios novos e vários terrenos e residências à venda, o que mostra que o local continua com um vertiginoso crescimento.

Por falar em construções, o que chama a atenção também no bairro é a enorme quantidade de casas amplas, com jardins e muros imponentes. "Aqui é um lugar tranquilo para morar. A vizinhança é muito boa, não tem bagunça e nem confusão”, disse o aposentado Daniel da Silva Machado, que há vinte e seis anos mora no bairro.

Além da calmaria, os moradores entrevistados pela equipe de A VOZ DA SERRA afirmaram não ter problemas com o abastecimento de água, coleta de lixo e transporte público. Para José Valdecir Tobias, metalúrgico, de 41 anos, há dezenove residente no bairro, estes serviços funcionam bem. "Não temos problema com água e o caminhão de lixo passa sempre. Quanto ao ônibus, até são poucos horários — é um a cada hora e vinte — mas, como moramos perto de Conselheiro, descemos o morro e pegamos outra condução lá embaixo, é pertinho”, afirmou ele. 

Vale ressaltar ainda que no Jardim Marajói está localizada uma das maiores confecções da cidade — a Lucitex — que, atualmente, emprega cerca de 165 funcionários, entre costureiras, cortadores, embaladores e equipe administrativa. A presença da empresa no bairro tira um pouco da sua característica de estritamente residencial, trazendo um movimento às ruas da localidade nos horários de entrada e saída do expediente. 

O outro lado

Se por um lado os moradores consideram o Jardim Marajói um bom lugar para viver em Nova Friburgo, por outro apontam diversos problemas — adversidades facilmente detectadas durante a visita ao local. Não fugindo à realidade friburguense, sendo comum encontrar problemas já conhecidos e partilhados por outras localidades do município, o bairro possui muitos buracos ao longo de suas ruas — como, por exemplo, na Rua Pedro Franco, onde parte da via está interditada devido a uma grande abertura na estrada. A falta de capina em variados pontos da localidade também faz parte do cotidiano de quem mora no bairro. Em alguns lugares, inclusive, o mato já está com mais de um metro de altura, o que mostra que já há algum tempo o setor de serviços públicos não passa pelo local. 

Outro ponto que pode ser destacado é a existência de fiação solta, também na Rua Pedro Franco. Além da poluição visual, o fato representa riscos à população, ainda que não traga perigos de descarga elétrica, pois pode causar acidentes a pedestres e motoristas. Na mesma rua há ferros fincados na calçada, o que é também uma ameaça, principalmente para crianças e idosos que transitam pelo local.

A grande quantidade de lama em alguns pontos do bairro é, do mesmo modo, alvo de críticas. De acordo com Daniel, a Prefeitura teria iniciado obra para a troca da rede subterrânea por onde passa o esgoto, também na Rua Pedro Franco. Contudo, o trabalho, conforme ele, foi abandonado. "Um dos problemas aqui é o esgoto, está tudo entupido. A Prefeitura começou a fazer uma obra nessa rua para a troca das manilhas, que são antigas, e sem mais nem menos parou”, contou ele. "Quando chove, escorre lama por todo esse morro, até a entrada do bairro, no asfalto”, acrescentou o aposentado.

Foi o que também destacou José. "Esse problema com as manilhas já é antigo. Eles trocaram quase tudo, mas pararam na metade. Inclusive, tinha algumas manilhas aqui esperando para serem colocadas, mas eles não concluíram o serviço. Parte da rua está boa, a outra não foi feita. Lá no rodo fica lama caindo e escorrendo pelo morro”, falou, se referindo ao final da Rua Pedro Franco. 

José comentou ainda sobre o atraso nos serviços do correio. "As correspondências nunca chegam no dia. Quando as cobranças chegam já estão vencidas há dez, quinze dias. Somos obrigados a pagar multas e juros. É complicado”, afirmou o morador. 

No entanto, para José e sua família, a maior dificuldade de quem mora no bairro é a saída. Quem visita o local tem duas opções: sair em frente à ponte que dá acesso a Conselheiro Paulino ou um pouco mais à frente, pela Avenida Sebastião Martins. Porém, quem opta pela primeira opção, na Rua Plínio Salgado, tem a dificuldade de sair na contramão, sendo preciso ir no sentido Furnas e depois fazer o retorno, ou ainda seguir pela Avenida Nossa Senhora do Amparo. Já quem prefere sair pela Pedro Franco encontra como dificuldade a falta de visibilidade, já que está dentro de uma curva, e o intenso movimento de carros. "Essa nossa saída é um grande problema. O proprietário do terreno próximo à saída pela Pedro Franco já liberou para cavar e abrir mais aquela entrada, para melhorar a visão, pois quando a gente vai sair tem que colocar o carro dentro do asfalto e é um perigo porque as carretas e os carros baixos passam em alta velocidade. Deveriam pôr um sinal ou pelo menos cavar o barranco para tornar mais fácil a visualização. Aquilo ali é muito perigoso”, exclamou ele.

José contou também que recentemente foi à Subprefeitura de Conselheiro solicitar a poda da vegetação no local, pois esta também atrapalha a saída dos carros; porém, até então, o trabalho não foi feito. 

É importante citar também que o bairro Jardim Marajói é um dos poucos da cidade que ainda possuem associação de moradores ativa. Apesar disso, José destacou que a participação da população é baixa. "As pessoas querem as mudanças, mas não contribuem com a associação. Nossa presidente faz reuniões eventualmente, mas apenas umas três pessoas aparecem.” Durante a visita ao bairro, a equipe de A VOZ DA SERRA procurou a presidente da associação, mas esta não estava em casa. 

A conclusão a que se chega é que, apesar de ser considerado pelos próprios moradores um bairro bom para morar, Jardim Marajói é também alvo das mazelas. O que se espera é que o local não perca a qualidade de vida e a tranquilidade, características enfatizadas pelos seus habitantes. Porém, ao mesmo tempo, a expectativa é de que, apesar de sua boa fama, as melhorias não deixem de ser feitas. 

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