Ivan Lins relembra seus grandes sucessos em show no Sesc

Artista é o compositor brasileiro vivo mais gravado no mundo
terça-feira, 11 de novembro de 2014
por Lucas Vieira
Ivan Lins relembra seus grandes sucessos em show no Sesc
Ivan Lins relembra seus grandes sucessos em show no Sesc

Na noite do último sábado, 8, o cantor e compositor Ivan Lins apresentou-se em Nova Friburgo com sua banda como parte do Circuito Sesc de Música. Com objetivo de levar apresentações de qualidade a preços acessíveis, o Circuito terá — até dezembro — 26 artistas de diferentes vertentes da MPB se apresentando em 17 unidades do Sesc, localizadas em doze municípios do estado do Rio de Janeiro.

Com 44 discos lançados e tocando piano desde os 18 anos de idade, o músico carioca está hoje com 69 anos. Colecionando sucessos em sua carreira como "Madalena”, "Abre Alas” e "Começar de Novo”, o artista é, atualmente, o compositor brasileiro vivo mais gravado no mundo.

Em entrevista exclusiva ao jornal A VOZ DA SERRA, Ivan Lins respondeu perguntas sobre sua carreira, sua parceria com o compositor Vitor Martins, entre outros assuntos.

A VOZ DA SERRA - Quais foram suas principais influências como pianista?

Ivan Lins - Na minha música eu misturei muito o rock pianístico com o jazz e a bossa nova. Minhas principais influências como pianista foram Luiz Eça, Bill Evans, Jimmy Webb, Elton John e João Donato.

Como começou sua parceria com o compositor Vitor Martins?

A gente se conheceu em 1974, em uma editora em que o Vitor trabalhava. Eu tinha acabado de entrar na gravadora a qual essa editora pertencia e a gente começou a conviver. Um dia estava faltando letra para uma música que eu tinha feito e perguntei se ele escreveria. Era "Abre Alas”, e foi a música que mais fez sucesso naquele disco. Depois começamos a fazer mais músicas juntos e a parceria embalou. Nós compomos juntos até hoje.

Existe uma história de que uma música sua — "Novo Tempo” — quase foi incluída no álbum "Thriller”, do Michael Jackson. Como foi isso?

O Quincy Jones [produtor de "Thriller”] me convidou para ir aos Estados Unidos, junto com o Vitor, porque ele estava interessado nas nossas músicas e quis fazer um contrato com a gente para divulgar nossas canções e, ao mesmo tempo, ter uma parte do lucro. Na ocasião teve um jantar maravilhoso na casa do Quincy, com um monte de gente, inclusive o advogado dele. Uma semana depois veio o contrato para a gente. Era um acordo muito abusivo que ofendia a mim e ao Vitor. A gente disse que não iria assinar, porque não era o que havíamos combinado na casa do produtor.

Depois eles enviaram outro contrato, que não mudava muita coisa. Eles ficariam com pelo menos 80% do lucro, aí eu não tive como aceitar, não houve jeito. Eu e o Vitor tivemos que contratar um advogado no mesmo nível que o do Quincy e levou quase um ano para sair um contrato justo para ambas partes, e, nesse meio tempo, a música não foi gravada.

Seu último disco, "Amorágio”, foi lançado em 2012. Você já tem planos para um próximo álbum?

O próximo disco já está para sair, mas só deve ser lançado no ano que vem. O título dele será "América Brasil” e contém canções que ficaram perdidas entre os 44 discos que já lancei. Eu peguei só as que são parcerias com o Vitor Martins nesses 40 anos, mas a maioria são só lados-Bs, aquelas mais desconhecidas. Eu acho legal que o público conheça essas músicas que só os mais aficionados conhecem, e que agora estão em uma releitura moderna.

Você começou sua carreira em uma época muito diferente do mercado fonográfico. Como é para você trabalhar com o mercado atual?

Eu sou de uma geração que não consegue se adaptar a isso. A minha geração viveu de um mercado que era muito mais generoso, eficiente e qualitativo, além de financeiramente ser muito mais lucrativo. O reconhecimento da sua música era visto logo e fazia sucesso. Então, pra mim é muito difícil me adaptar a esse mercado novo. Os jovens já têm mais facilidade, porque eles já começaram nesse meio.

Eu também acredito que seja uma fase, que a internet possibilitará fazer a gente viver decentemente da nossa música, o que por enquanto não é possível. A gente vive hoje mesmo de shows e de músicas que tocam nas grandes emissoras de TV, em novelas ou quando a gente canta em algum programa. 

Você hoje fará uma apresentação mais intimista, em um teatro pequeno, diferente dos shows com grandes estruturas. O que acha desse formato?

Já me apresentei várias vezes em Friburgo. Essa é a segunda vez no Sesc daqui e acho esse circuito muito importante. Ele oferece música de qualidade a um preço bastante acessível. É o formato que mais gosto de fazer, pois o ingresso barato dá a oportunidade a pessoas que não possuem um poder aquisitivo elevado de consumir uma arte com qualidade. O resultado é que o público todo canta e é muito animado. 

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TAGS: Ivan Lins | Música | SESC | entrevista
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