Texto: Eloir Perdigão / Fotos: Amanda Tinoco
O Circolo Italiani Uniti — a Casa d’Italia de Nova Friburgo —, presidida por Luiz Fernando Bachini, completou cem anos no dia 1º de fevereiro passado. A comemoração constou de um concerto da banda Campesina Friburguense no Teatro Municipal Laercio Ventura. O concerto marcou apenas o início das comemorações do centenário da entidade, pois se estenderão por todo o ano. O próximo evento será o desfile no dia 16 de maio, aniversário da cidade.
Bachini cita ainda outra comemoração, pelo Dia Nacional da Itália, 2 de junho, mas por a data cair numa segunda-feira, deve ser transferida para o sábado, 31 de maio. Até porque, em 2 de junho, a Casa d’Italia é convidada a participar das festividades no consulado italiano, no Rio.
A Casa d’Italia era o local de encontro dos italianos que se transferiam para Nova Friburgo e só eles podiam participar. Mas as coisas mudaram. Atualmente, são somente oito italianos natos associados e os descendentes também passaram a compor o seu quadro de sócios. Bachini tem como um de seus principais planos reagrupar todos eles na Casa d’Italia, pois se dispersaram ao longo do tempo. Entretanto, há um entrave nesse plano de Bachini, pois foi estipulado um limite de capacidade na sede pelo Corpo de Bombeiros. E isto tem que ser levado em conta porque os eventos ali realizados são sempre muito concorridos.
Chapa Lavoro (Trabalho)
Luiz Fernando Bachini preside a Casa d’Italia desde 12 de janeiro de 2014 e ficará até 31 de dezembro de 2015. Foi eleito pela Chapa Lavoro, que conta também com a vice-presidente, Rita de Cássia Viola; secretário, Salvatore Miele Carnevalle; diretor social, Alessandro Vianello; diretor financeiro, Álvaro Ney Mello Bachini; diretora cultural, Renata Piera Motroni Almeida; e tesoureiro, José Luiz Mastrângelo.
O conselho fiscal é formado por Sandro Sueira Cellano, Ugo Luiz Motroni Marins e Tagore Ferreira Mastrângelo. Do conselho consultivo participam Matteo Unia, Domenico Viola, Alberto Masciavé, Giuseppe Lomanto e Walter Cariello.
Coube a essa diretoria fazer a comemoração do centenário da Casa d’Italia e para marcar a data um livro deve ser editado, mostrando toda a sua história e as famílias que dela fazem parte.
Devido às exigências do Corpo de Bombeiros, as atividades na sede estão limitadas. Prossegue o curso do idioma italiano, com Alessandro Vianello, além de algumas apresentações culturais. Bachini pretende reeditar o Coral da Casa d’Italia, que tanto sucesso alcançou em passado recente. Toda primeira sexta-feira de cada mês a diretoria se reúne na sede.
Há cem anos, em 1º de fevereiro de 1914, nascia o Circolo Italiani Uniti. Porém, como todo nascimento, a fundação da Casa d’Italia não se deu de uma hora para outra, mas foi fruto de um longo período de gestação, durante o qual os italianos que habitavam em Nova Friburgo e que pertenciam a outras associações resolveram unir seus esforços para criar uma nova sociedade. Daí o nome escolhido, Circolo Italiani Uniti (Círculo dos Italianos Unidos), de forma a ressaltar o ideal de união e fortalecimento dos italianos que habitavam a cidade.
E não eram poucos os italianos que haviam escolhido Nova Friburgo para morar. Os números da migração italiana para o Brasil são impressionantes. Calcula-se que, entre os anos 1876 e 1976, mais de 25 milhões de italianos tenham deixado a terra natal e embarcado no sonho de conquistar uma nova vida em outro país.
A região de Nova Friburgo recebeu grande parte desse contingente, sobretudo em virtude da presença das grandes fazendas de café, num processo de substituição da mão de obra escrava. Reflexos dessa migração podem ser vistos na presença de sobrenomes italianos entre os moradores de cidades como Cantagalo, Cordeiro, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Trajano de Morais, Macuco, Bom Jardim, Duas Barras, entre outras.
Em 1870, já era grande o número de famílias italianas em Nova Friburgo. Além de substituir a mão de obra escrava nas fazendas de café, os italianos que chegaram à cidade contribuíram de maneira fundamental para o seu desenvolvimento. Eram arquitetos, engenheiros, comerciantes, artistas, artesãos, sapateiros, jornaleiros, pessoas que deixaram a amada pátria em busca de um sonho, trazendo na bagagem, além das lembranças e da esperança, aquela experiência, garra e persistência fundamentais para que Nova Friburgo chegasse a ser o que é nos dias de hoje, cidade polo de uma região vital para o estado.
A necessidade e a vontade de criar uma associação que congregasse todos os italianos eram sentidas por toda a colônia. Eis que, em 26 de janeiro de 1914, é realizada uma reunião na sede da Agência Consular da Itália em Nova Friburgo, convocada pelo agente consular à época, o advogado Giovanni della Valle, a fim de reunir os italianos presentes na cidade.
Em suas palavras, proferidas naquela data, pode-se enxergar a missão da nova associação: "Falta nesta cidade uma associação italiana que seja realmente capaz de realizar ações nobres e generosas, mostrando que a colônia italiana residente em Nova Friburgo é boa e laboriosa, não sendo segunda a nenhuma outra. (...) Tal necessidade é sentida por qualquer pessoa que seja capaz de perceber que a colônia italiana é valorosa com sua capacidade de unir sempre mais os italianos a tornarem-se solidários uns com os outros nos momentos mais tristes da vida, momentos que se tornam ainda mais dolorosos porque estão distantes da pátria querida. Proponho, então, que esta reunião constituída pelas personalidades mais eleitas desta operosa colônia delibere desde agora favoravelmente à constituição de uma grande sociedade italiana...”
Enfim, alguns dias depois, em 1º de fevereiro de 1914, foi votado o primeiro estatuto e declarada a constituição do Circolo Italiani Uniti di Nova Friburgo. A primeira diretoria foi empossada em 10 de fevereiro daquele ano: presidente, Giovanni della Valle; vice-presidente, Francesco Miele; tesoureiro, Luigi Mastrângelo; secretário, Rocco Macri; segundo-secretário, Zaccaria Balbi; e conselheiros Giovanni Sorrentino, Giovanni Penna, Francesco Miele, Francesco Vita, Fortunato Tessarollo, Oreste Pilotto, Giuseppe Cappelli e Domenico Vassalo.
Além do concerto da Campesina no Teatro Municipal, os cem anos da Casa d’Italia de Nova Friburgo foram comemorados com uma placa comemorativa na sede da entidade.
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