Fotos: Osmar de Castro
Um público de todas as idades prestigiou o lançamento do livro "Descompasso”, do escritor, poeta e ator Irapuan Guimarães. A noite de autógrafos aconteceu na noite de sábado passado, dia 21, na sede da banda Euterpe Friburguense, e reuniu representantes do setor cultural, artístico e político da cidade, além de amigos e leitores do escritor, que lançava sua oitava obra pela Girlam Editores, com o patrocínio do Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama).
Com 94 páginas, "Descompasso” é uma coletânea de poemas inspirados na vida, em especial nas distorções da sociedade moderna. A falta de verdade e sinceridade, a superficialidade nas relações, o pouco contato, enfim, a perda da humanidade e a indiferença, são registrados com a verve aguçada de Irapuan. "O carinho vem se perdendo”, observou Irapuan, que também é professor de Língua Portuguesa e Literatura.
Durante o lançamento, Irapuan se disse realizado por reunir um time de grandes amigos no apoio à conclusão da obra, como Giovanni Bizzotto e Arnaldo Miranda, que assinam a orelha e o prefácio do livro, respectivamente, e tecem comentários sobre o livro e a forma visceral de Irapuan escrever dando "vida à vida”, sem nunca perder a poesia. A obra tem ainda ilustrações com fotos do acervo de Osmar de Castro e o apoio incondicional de um dos fundadores do Gama, Julio Cézar Seabra Cavalcanti, o Jaburu. "Ele é um grande mestre em minha vida. Feliz de quem tem o privilégio de desfrutar da convivência e da amizade de Jaburu”, revelou Irapuan.
Os elogios são recíprocos. Para Jaburu, "Irapuan é um poeta que tem em suas veias a seiva da poesia, de versos que alcançam as perplexidades, os sonhos e os anseios dos seres humanos. Baudelaire, Drummond, Verlaine, Rimbaud, Bandeira, certamente se extasiariam se tivessem a oportunidade de apreciar o trabalho dele”.
O lançamento de "Descompasso” resultou em uma agradável noite, de celebração em torno do autor, uma figura conhecida e querida dos friburguenses por seu relevante trabalho cultural. Além de professor, poeta e escritor, ele também tem uma premiada trajetória artística e acumula 28 peças no currículo. Daí o sucesso da noite de autógrafos, marcada pelo reconhecimento ao seu talento como escritor e poeta. "Meus poemas são registros de cada momento, como digo no poema Patrimônio: "Se não digo o que penso e sinto quem o dirá?”.
Uma trajetória de desafios e inspiração
Aos 66 anos, o cantagalense mas friburguense de coração Irapuan Guimarães começou a escrever ainda na adolescência, no antigo Colégio Rui Barbosa. Ao longo da carreira teve a façanha de desafiar-se a escrever um livro de 60 páginas só com frases sem verbos. A edição de "Por trás das pedras, um caminho de rosas” não foi nada fácil. Aliás, dificuldades estiveram presentes desde o início. Suas primeiras obras foram editadas ainda nos anos de chumbo quando ele e muitos outros artistas e escritores foram cerceados pela censura da ditadura militar. Seu primeiro livro, "Redemoinho”, por pouco não acabou no limbo daqueles tempos. Depois vieram duas obras didáticas de literatura e gramática: "Desabafo - poema mural”; a antologia "Rituais” e ainda, "O Pio da Jiripoca - o lado avesso de Nova Friburgo”, que descortina um pouco do comportamento da sociedade local.
Com uma linguagem simples, mas forte, Irapuan se define como um poeta que não escreve para acadêmicos. "O que eu vejo e apuro é para ser escrito no muro, ou seja, lido por todos e interpretado da maneira que quem ler achar melhor. Por isso priorizo poemas curtos, objetivos, bem dosados. Hoje em dia a maioria das pessoas não tem tanto tempo para se dedicar à leitura — uma pena. Textos longos são desprezados. Poeticamente falando, os poemas têm que dizer tudo quando não há mais tempo de dizer nada”, filosofa o autor, que começou a escrever sem a pretensão de tornar-se um autor publicado.
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