A Internet das Coisas: a sua vida “smart”

Saiba mais sobre as vantagens e perigos da nova tendência tecnológica com o especialista Anderson Cordeiro
sábado, 25 de março de 2017
por Ana Borges
A Internet das Coisas: a sua vida “smart”
No momento estamos navegando na web 3.0 onde as ‘coisas’ estão falando entre si: a televisão ‘conversa’ com o celular que ‘conversa’ com a geladeira, que ‘conversa’… e por aí vai. É a Internet das Coisas, a IoT, abreviatura para a expressão em inglês Internet of Things. Para falar disso entrevistamos o professor Anderson Cordeiro, nesta exclusiva para o Caderno Z.   

Internet das Coisas é a conexão entre diferentes dispositivos e sistemas por meio de sensores
O IoT é um novo conceito de mundo conectado, que vai além dos computadores, celulares e tablets: carros, relógios, eletrodomésticos, utensílios e sistemas inteiros de alarme e segurança domiciliar estão conectados entre si, marca de um tempo em que tudo à nossa volta envia e recebe dados o tempo todo. Isso é a Internet das Coisas, uma conexão entre diferentes dispositivos e sistemas por meio de sensores.

“Desta forma, por exemplo, você pode programar a geladeira para te avisar via e-mail, no seu smartphone, que o prazo de validade de determinado produto está vencendo. Aderir ou não a essas ferramentas depende do perfil de cada um, de estilo de vida. Quanto desse tipo de controle você quer no seu dia a dia? A adesão à IoT pode facilitar o cotidiano de alguns, ou não. É uma tendência, mais uma, em nossas vidas”, avaliou o professor, especialista em segurança da informação.

Portanto, para se tornar popular, é só uma questão de tempo. Daí saberemos o tamanho de seu alcance. E, por conseguinte, na mesma proporção os cuidados, que devem ser muito mais efetivos e eficientes com a segurança.

A IoT e as brechas

Segundo Anderson, o responsável por alimentar todos esses equipamentos é aquela caixinha esquecida num canto qualquer da casa: o roteador. E o usuário comum não faz ideia do quanto ele é vulnerável ao hackeador. Ao invadir a sua rede, seja por um link ou qualquer um de seus equipamentos, esse indivíduo terá condições de controlá-lo e ter acesso a todos os produtos conectados através dele. Foi mais ou menos assim que ele resumiu o assunto nesta entrevista.

“Com a Internet das Coisas fica ainda mais fácil invadir. Uma brecha na segurança é descoberta pelo hacker em um software, seja rodando na sua máquina ou no seu celular, através de uma falha que passou despercebida para o programador. É por ali que o hacker vai entrar no equipamento, embora tudo esteja sendo atualizado normalmente, corrigindo falhas. Só que esse serviço é invisível, o usuário não vê como essa atualização é feita. Os riscos também são invisíveis. Não tem como saber que você foi invadido, que tem alguém acessando todos os seus dados, conversas, contas, emails”, alerta.

E continua: “Os softwares das TV’s, das câmaras de segurança, etc, com o tempo vão ficando obsoletos, e aí uma falha que era para ser corrigida, não é detectada. Essa falha se propaga e outros hackers ficam sabendo dessa brecha e a coisa toda sai de controle. Daí começam os ataques à sua rede, por conta de uma falha, digamos, no software da sua imagem de TV, que não foi corrigida, não foi percebida a tempo”, explicou o professor, acrescentando que os roteadores são alvo fácil porque as pessoas o ignoram. “Mas eles também têm softwares, são atualizados frequentemente, mas ninguém acompanha”.   

Quanto mais avança, por contraditório que possa parecer, tanto mais a web parece um lugar tão inseguro quanto sempre. É o que mais rende alertas no mundo digital. De um lado, vemos um número cada vez maior de criminosos cibernéticos tentando se aproveitar de internautas desprotegidos. De outro, órgãos de inteligência e programas governamentais de espionagem bisbilhotando a vida alheia. A tentativa de ataque é certa e o jeito é se prevenir.

Mas, parece que uma parcela expressiva de internautas nem sequer têm um antivírus decente em seu computador. É preciso que esse contingente conheça esse novo mundo e aprenda a escapar dos perigos mais comuns que assolam o universo digital. E, diferente do que muita gente pensa, não é preciso investir em programas caros ou métodos complexos para blindar sua vida virtual e evitar dores de cabeça com hackers.

“Quando insisto sobre algumas falhas de segurança em equipamentos como roteadores e câmeras de segurança, é para reiterar a importância de atualizar os softwares destes equipamentos. Porém, nem sempre esse software é disponibilizado pelo fabricante. É muito comum ver equipamentos ficando obsoletos e consequentemente perdendo o suporte de fábrica. Isso faz com que atualizações de software não sejam lançadas. Nesse caso, é sempre bom investir em equipamentos novos. A IoT precisa avançar na segurança tanto quanto avança na inovação”, defende Anderson. Confira suas dicas de proteção:

Cuidados pertinentes e básicos de segurança

Em casa:

- Mantenha o computador atualizado, com um bom antivírus, e evite softwares piratas;

- Elabore senhas com cuidado, mesclando letras, números e caracteres especiais;

- Ao configurar um roteador doméstico, tenha o mesmo cuidado na criação da senha.

No celular:

- Evite a conexão a sinais de WiFi desconhecidos e abertos (sem senha);

- Ligue o WiFi e o Bluetooth do celular apenas quando for utilizar;

- Tenha cuidado ao instalar aplicativos de fontes desconhecidas.

Nas empresas:

- Mantenha separada a rede interna da empresa do WiFi disponibilizado ao visitante;

- Controle o acesso aos computadores da rede criando usuários e senhas para cada funcionário;

- Promova treinamento aos funcionários dando-lhes noções de segurança da informação, mantendo-os instruídos sobre como identificar e evitar ameaças.

Cuidados gerais:

Ao adquirir produtos como roteadores e câmeras de segurança, pesquise na internet o histórico do produto. Por exemplo, se foi bem avaliado por outros usuários e se possui falhas de segurança conhecidas. O Google é uma ferramenta excelente para isso.

Ao configurar esses produtos, procure um técnico capaz de utilizar as configurações avançadas destes equipamentos. Geralmente, as configurações de fábrica são básicas e não cuidam adequadamente da segurança. Exija que as senhas padrões sejam alteradas.

Foto da galeria
Anderson Cordeiro (Foto: Henrique Pinheiro)
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