A mais recente sessão da Câmara friburguense foi dedicada a debater o tema da integração no município. Com o título “O presente e o futuro na integração do transporte coletivo municipal”, a sessão específica convocada pelos vereadores Marcelo Verly e Marcio Damazio teve um público considerável, pelo menos em relação a outras sessões do mesmo tipo.
O evento foi marcado por uma série de peculiaridades, entre elas a ausência de representante da Concessionária Friburgo Auto Ônibus (Faol). Verly abriu a sessão lendo um documento enviado pela Faol, entregue na Câmara às 15h33 do mesmo dia e com assinatura não identificada ao fim do documento, onde dizia-se que “em razão de um contratempo de última hora, o senhor Renato Valim, diretor da Concessionária Faol, não poderá comparecer a esta Casa para a sessão específica”. O vereador lamentou a ausência, frisando inclusive que a sessão já havia sido remarcada, exatamente por problemas na agenda dos representantes da Faol e do Executivo. Contudo, o evento contou com a participação do secretário de Ordem e Mobilidade Urbana, Haroldo Cesar de Andrade Pereira. Compuseram também a Mesa Diretora o deputado estadual Wanderson Nogueira e o presidente da Associação dos Usuários de Transporte Público Municipal, Felipe Bispo da Silva.
O secretário realizou uma apresentação de slides onde mostrou as etapas das obras que vêm sendo realizadas na Rodoviária Urbana, destacando as melhorias que devem ser implementadas, além dos percalços pelos quais a obra passou que impediram a Prefeitura de conclui-la antes do prazo máximo previsto.
Outra peculiaridade, que marcou o início dos trabalhos, foi o fato de a sessão contar com um número elevado de manifestações populares em tribuna. Verly optou por abrir a sessão dando a oportunidade para que os membros da Mesa se manifestassem, Nogueira e Felipe, além de abrir o microfone para todos que quisessem ocupar a tribuna. O que foi feito, inclusive, sem limitação de tempo. Por parte do público, foram nove intervenções no total, entre elas a do subsecretário de Comunicação Social da Prefeitura, Bruno Mayer, associações de moradores, Apae, além de alunos e professores do Colégio Estadual Professor Jamil El-Jaick.
Manifestação de apoio
Ainda no início dos trabalhos, Verly leu o documento “Carta de Apoio ao Ocupa Ceje”, onde os 21 vereadores subscreveram seu apoio ao movimento de ocupação das escolas por parte de estudantes secundaristas do estado, além de pais de alunos e professores. O documento explicita, ainda, o apoio não somente à causa, mas à pauta de reivindicações do movimento, frisando: “Importante ressaltar que o movimento tem promovido várias atividades culturais, esportivas e palestras sobre os mais variados temas. E, ainda, que os próprios estudantes vêm realizando a limpeza e manutenção da escola, onde pernoitam, contando com o apoio tanto dos pais quanto da população de Nova Friburgo, que tem colaborado com alimentos e material de higiene, entre outros.”
Parlatório
Um dos pontos que marcou a parte da sessão dedicada a debater o tema da integração foi uma fala do secretário Haroldo, quando respondia a um estudante que falou em tribuna. Questionado a respeito do estado de conservação da frota da Faol e da ausência de fiscalização, Haroldo reconheceu que a fiscalização é prática recente, mas que se pretende permanente e mais rigorosa de agora em diante. A fala foi questionada de forma incisiva por alguns vereadores, argumentando que a fiscalização deveria ter sido realizada desde o início da gestão do prefeito Rogério Cabral.
Nesse sentido, a segunda parte da sessão, dedicada às falas dos vereadores, foi permeada por duras críticas à ausência do prefeito, considerado por muitos vereadores como a pessoa mais adequada para poder responder aos questionamentos em um espaço público. Os vereadores, de maneira geral, foram cordiais com o secretário, reconhecendo a limitação gerencial de sua pasta, que segue as orientações do chefe do Executivo. Contudo, muitos também não o pouparam de questionamentos duros em relação, principalmente, ao que caracterizaram como “falta de diálogo” com a população. Argumentando que a prefeitura tomou providências sem comunicar a sociedade de forma adequada, criticaram a ausência de debate com as comunidades em relação à eficácia de muitas das mudanças que vêm sendo implementadas na cidade.
Além disso, a ausência da Faol foi veementemente criticada por todos, de Felipe Bispo, passando pelos estudantes e professores até vereadores governistas. O vereador Alcir Fonseca chegou a admitir que, apesar de fazer parte da base de governo, discordou da maneira como o prefeito administrou as diversas etapas da reforma da rodoviária urbana.
O deputado estadual Wanderson Nogueira, acompanhado pela maioria dos vereadores, realçou a importância da realização de uma “crítica propositiva”, chegando a fazer uma breve apresentação sobre o que considera “um modelo alternativo muito mais viável que o atual, primando pela sustentabilidade e diminuindo os custos da própria Faol, o que diminuiria consequentemente o valor das passagens”.
Encerrando a sessão, o secretário Haroldo fez a última intervenção da noite, quando a expectativa era que respondesse a uma série de questionamentos feitos durante a fala dos vereadores. Algo feito, inclusive, durante todos os discursos feitos em tribuna pela população, quando procurou responder pergunta por pergunta e também todas as críticas recebidas. Contudo, após a fala dos vereadores, falou por menos de dois minutos, mencionando seu desejo de contribuir com a cidade servindo como secretário, manifestando que não tem interesse na carreira política, não sendo filiado a nenhum partido. Haroldo também fez questão de celebrar a atuação do prefeito Rogério Cabral: “Continuarei fazendo parte de seu governo, pela boa vontade que ele tem e pela dinâmica de trabalho que impõe. Que, apesar das discordâncias de alguns, só quem trabalha ao lado para conhecer”. Por fim, disse apenas: “Sou de poucas palavras, mas de muita ação. Vamos esperar o resultado do meu trabalho. Depois a gente conversa”.
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