Instituto Girasol do Brasil segue com atendimentos e busca centro de estudos

segunda-feira, 29 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Instituto Girasol do Brasil segue com atendimentos e busca centro de estudos
Instituto Girasol do Brasil segue com atendimentos e busca centro de estudos

Eloir Perdigão

O Instituto Girasol do Brasil, presidido pelo médico Salomão Bernstein, ficou no meio de uma polêmica recente ao manifestar interesse em se transferir para um imóvel do Cônego. A reação dos moradores foi contrária a essa transferência, inclusive com várias cartas de leitores publicadas neste jornal. Para o presidente, a polêmica está encerrada, pois demonstrou o desconhecimento dos moradores em relação à entidade, e crê que em qualquer outro lugar o Instituto Girasol funcione sem problemas, como já ocorre no Parque São Clemente, também considerado bairro nobre, há dez anos.

Médico especializado na área de dependência química e intervenções comunitárias, Salomão Bernstein garante que a relação com a vizinhança no Parque São Clemente nos últimos dez anos sempre foi boa. Para ele, foi uma infelicidade a polêmica criada sobre a ida da entidade para o Cônego. Essa pretendida transferência era a oportunidade da realização de um sonho: a sede própria, já que no Parque São Clemente funciona numa casa alugada. Detalhe: o aluguel está em dia e o dono do imóvel também nunca reclamou de nada.

QUESTÃO DE PRIORIDADE - Para Salomão, não sendo o imóvel pretendido no Cônego, a sede própria poderá funcionar em qualquer outro lugar. A meta continua sendo a sede própria, muito embora não seja uma prioridade. No momento, outras situações merecem atenção maior, devido à sua prioridade, como por exemplo, o centro de estudos, um espaço para o conhecimento, debates, seminários, que poderá envolver, inclusive, outras entidades congêneres. Uma biblioteca organizada também está nos planos.

Se o Instituto Girasol conseguir atingir essas metas com certeza há de aprimorar a sua função principal, que é o atendimento a crianças e adolescentes em situação de gravidade, envolvendo drogas cada vez mais pesadas. Todo o tratamento oferecido é gratuito, mediante convênios com os governos estadual e municipal. “A questão da localização da sede é o de menos”, afirma Salomão, dando a polêmica por encerrada.

Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas

O Instituto Girasol do Brasil, tendo sido representado por Salomão Bernstein no Seminário de Mobilização Estadual, no dia 26 de junho de 2009—data que marcou o Dia Internacional sobre Drogas—, foi convidado em novembro daquele ano a compor e participar do processo de criação e do funcionamento do Grupo Estadual de Trabalho Interinstitucional (Geti) para Construção da Política Pública sobre Drogas do Estado do Rio de Janeiro.

Uma das missões do Geti foi a reunião dos saberes e subsídios existentes no Estado do Rio de Janeiro sobre o tema “Drogas”, necessários para reativação plena do que outrora fora o Conselho Estadual de Entorpecentes, depois Conselho Estadual Anti-Drogas (Cead) e, com a estruturação em bases atualizadas, o agora denominado Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas do Rio de Janeiro (CEPOPD/RJ).

O Girasol foi eleito como representante do segmento de entidades dedicadas ao atendimento de crianças e adolescentes usuários de drogas no Estado do Rio de Janeiro para compor esse conselho. A eleição ocorreu no dia 10 de agosto de 2011, em processo eleitoral realizado pela Superintendência dos Conselhos Vinculados da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos.

Além desse segmento, de acordo com edital publicado no Diário Oficial estadual, outros segmentos da sociedade civil que podem contribuir para a construção da política estadual sobre drogas elegeram seus representantes: associações de estudos e pesquisas na área de política sobre drogas, comunidades terapêuticas, associações de usuários ligadas à defesa de direitos humanos, redução de danos sociais e à saúde e conselhos municipais de políticas públicas sobre drogas ou congêneres. Assim a sociedade civil está representada neste conselho pelas oito instituições eleitas que obtiveram a maioria dos votos em seus respectivos segmentos.

O CEPOPD/RJ atua como órgão normativo e deliberativo das políticas públicas sobre drogas no Estado do Rio de Janeiro, vinculado administrativamente à estrutura da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH). O conselho atua de forma integrada ao Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad), tendo por finalidade articular, integrar, organizar e coordenar as políticas públicas relacionadas com redução da demanda, por meio da prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social dos usuários e dependentes e com redução da oferta por meio da repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilegal.

O Girasol assumiu o desafio de cumprir o mandato de dois anos, com responsabilidade de contribuir com a experiência adquirida no enfrentamento dos desequilíbrios que acontecem nas sociedades, em especial os que são causas e/ou consequências do consumo inadequado de álcool e outras drogas, incluindo crack (substâncias psicoativas e/ou tóxicas), que afetam a qualidade de vida de pessoas e populações, em seus âmbitos diversos.

Sofrem influência direta e indireta: a saúde, a segurança pública, o trânsito, os lares, as escolas e universidades, os locais de trabalho, as comunidades, os condomínios, os bairros, a economia e os custos dos serviços públicos e das famílias em sua sustentabilidade afetiva, emocional, mental, física e ambiental.

O que se vê e se constata são situações de risco social que aumentam pela progressão da demanda e do consumo de substâncias psicoativas. Ao acometer público cada vez mais jovem, mais infantil e mais imaturo, torna-se fator agravante, atingindo o desenvolvimento das novas gerações influindo nos desequilíbrios sociais, violências, violações, inseguranças, insanidades e criminalidade.

Esse quadro diário, rotineiro, onde as cotidianas manchetes e fotos de apreensões de drogas, prisões e mortes de traficantes embora necessárias, não são suficientes para convencer a muitos que se esteja perto de soluções profundas e duradouras... “... Eliminar formigas de um formigueiro pode não ser suficiente, sem que se remova o doce açúcar entorno...”.

O que faz o Instituto Girasol do Brasil

A direção, as coordenações e os profissionais das equipes técnica e de apoio do Girasol atuam em várias frentes:

- atendimentos a crianças e adolescentes e suas famílias em situação de risco social, em contextos que envolvem uso de álcool e outras drogas, incluindo o crack e atos infracionais. O objetivo principal é o desenvolvimento da capacidade de escolha saudável e consciente. A tática é a educação em valores, e as ações visam alcançar a abstinência e a mudança de estilo de vida. São realizados no Centro Girasol de Convivência, através de programas de prevenção, tratamento, reabilitação e inclusão social, em convênios com a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro (com 80 vagas) e com a Fundação Municipal de Saúde de Nova Friburgo (mais 30 vagas);

- atendimentos de adolescentes em necessidade de inserção laborial e social. O objetivo é a capacitação para assumirem uma vida adulta com dignidade e responsabilidade. A tática é a descoberta de talentos, o reconhecimento de habilidades, valorização da autoestima, o sentimento de amor por si próprio e a utilização de instrumentos de cidadania (identidade, CPF, título de eleitor, currículo, etc.). As atividades acontecem no Programa de Auto-Sustentabilidade Juvenil, com o curso “Eu sou da paz”;

- atendimento às famílias das crianças e adolescentes inseridos nos programas citados. O objetivo é a adesão ao programa através da participação ativa no processo de reabilitação dos filhos. São oferecidas atividades em um ambiente que acolhe as demandas das famílias, tais como encontro de famílias, conferências familiares através de processos circulares e atendimentos de orientação com psicólogo ou assistente social;

- articulações e parcerias interinstitucionais acontecem através da participação em conselhos, fóruns e conferências temáticas (tais como CMDCA/NF, CEDCARJ, FDCAERJ, Conseg/NF, entre outros), grupos de trabalho e associações de natureza técnica e científicas diversas.

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