Marta Simões
A barragem da Usina do Catete, na localidade de Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo, de propriedade da concessionária de energia Energisa começou a ser demolida nesta sexta-feira, 29. O equipamento, conforme estudos hidrológicos, agravava o risco de transbordamento do Rio Bengala.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, e o prefeito de Nova Friburgo, Sérgio Xavier, estiveram no local para acompanhar o início da demolição, que deve durar dez dias. O trabalho, com uso de escavadeira, vai demorar por questões de segurança e para evitar que o entulho desça rio abaixo, assoreando o seu leito. A barragem, cuja geração era de 1,8 mw, estava desativada desde a tragédia das chuvas de janeiro de 2011.
A Energisa estuda se haverá necessidade de construir outra barragem para a geração de energia na região. Conforme estimativa da empresa responsável pelo bota-fora, serão necessários cerca de 250 caminhões para transportar todo o sedimento e entulhos resultantes da demolição e do desassoreamento do leito do curso d’água.
Segundo Minc, caso seja necessário construir uma nova barragem, que nesse caso ficaria um pouco mais abaixo da anterior, será utilizada uma tecnologia mais moderna com comportas móveis para regular o volume do rio, em caso de chuvas intensas. O secretário ressaltou que a barragem que começou a ser demolida elevava o nível do rio em até um metro a montante.
“A remoção, no entanto, não vai alterar o volume a jusante, sobretudo pelo fato de o transcurso a partir daquele ponto ser em declive, com várias quedas d’água. Não há risco de a remoção da barragem causar inundação nas regiões de rio abaixo uma vez que o volume de água não sofrerá qualquer alteração. A demolição, entretanto, é de extrema importância para evitar as enchentes no centro de Friburgo”, esclareceu.
A presidente do Inea, Marilene Ramos, afirmou que estão sendo investidos cerca de R$ 400 milhões nos três municípios mais atingidos pelo fenômeno climático do ano passado—além de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Os recursos são destinados à recuperação dos leitos de rios dessas bacias hidrográficas, a partir de ações de desassoreamento, canalizações, construção de pontes e travessias e desapropriações de imóveis localizados nas faixas marginais de proteção, entre outras intervenções.
“O principal é desocupar as margens dos rios para evitar que ocorram outras tragédias. Para isso, é necessário remover os imóveis das áreas pulmão e de expansão dos leitos dos rios em caso de chuvas intensas. Nesses locais, o risco de inundação é maior. O Inea já demarcou as áreas e já está removendo essas construções, tanto nas margens do Rio Bengalas como nas do Córrego d’Antas”, disse Marilene.
Ao vistoriar as obras de canalização do Córrego d’Antas, a presidente do Inea pediu às equipes técnicas mais celeridade nos processos de notificação e de remoção de restos de construção em áreas que, em sua maioria, já foram desocupadas e onde seus proprietários removeram todos os pertences e materiais possíveis de serem reaproveitados.
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