Indústria regional faz indicações ao novo Mapa do Desenvolvimento do‭ ‬estado

Encontro realizado em Nova Friburgo‭ apontou carências e obstáculos ao desenvolvimento industrial no Centro-Norte Fluminense
sexta-feira, 11 de março de 2016
por Márcio Madeira
Márcia Carestiato (ao centro) e Eduargo Eugênio Gouvêa (à direita) (Foto: Vinicius Magalhães)
Márcia Carestiato (ao centro) e Eduargo Eugênio Gouvêa (à direita) (Foto: Vinicius Magalhães)

A fim de traçar um panorama com as principais orientações prestadas pelo setor industrial regional durante o encontro na última quinta-feira, 10, ‬A VOZ DA SERRA ouviu o presidente da‭ ‬Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro‭ (‬Firjan‭)‬,‭ ‬Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira,‭ ‬bem como a presidente de sua representação regional,‭ ‬Márcia Carestiato.

A VOZ DA SERRA:‭ ‬O senhor poderia fazer um apanhado das principais indicações‭ ‬feitas pelos industriais da região para orientar o desenvolvimento econômico local nos próximos anos‭?
Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira:‭ ‬Este é um trabalho no qual pensamos o Rio de Janeiro num período de dez anos.‭ ‬E quando nós projetamos estes dez anos,‭ ‬é óbvio que não podemos nos fixar muito neste drama pelo qual estamos passando atualmente.‭ ‬Nós falamos muito sobre empregabilidade,‭ ‬sobre infraestrutura,‭ ‬sobre impostos,‭ ‬sobre educação e qualificação profissional,‭ ‬e falamos também bastante sobre o fornecimento de energia e os insumos necessários ao desenvolvimento.‭ ‬Tudo,‭ ‬enfim,‭ ‬que faz parte da agenda cotidiana do empresário.‭ ‬Principalmente do pequeno empresário,‭ ‬que é o mais impactado.‭ ‬E o estado brasileiro‭ ‬-‭ ‬assim eu espero,‭ ‬se nós tivermos uma administração mais madura‭ ‬-‭ ‬precisa prover as mínimas condições para que o empresário possa empreender.

Esse mapa já foi feito‭ ‬há‭ ‬dez anos e ainda assim nós vivemos hoje em dia uma crise estadual das mais severas entre as últimas décadas.‭ ‬Olhando em retrospectiva,‭ ‬seria possível concluir que o mapa anterior poderia ter sido melhor aproveitado pelos governantes ao longo deste período a fim de minimizar os efeitos da crise atual‭?
O governo foi muito liberal em seus custos,‭ ‬usando royalties para despesas correntes.‭ ‬Isso não foi feito apenas pelo governo do estado,‭ ‬vários municípios fizeram o mesmo,‭ ‬e não podemos nos esquecer de que estamos falando de royalties atrelados a uma matéria-prima cujo preço é volátil.‭ ‬Quando este preço caiu,‭ ‬evidentemente esta contribuição aos cofres públicos desabou,‭ ‬e aí o problema acontece.‭ ‬É um período.‭ ‬A meu ver os governantes precisam ser mais severos.‭ ‬Evidentemente nós temos que lembrar que o Rio de Janeiro também está inserido na realidade brasileira.‭ ‬O governador sempre fala na questão da previdência,‭ ‬e este é um problema nacional que tem que ser‭ ‬recuperado.‭ ‬Não é possível que privilegiados não paguem por suas aposentadorias,‭ ‬prejudicando toda a população.

Quando pronto,‭ ‬o mapa será novamente apresentado a todos os governantes e candidatos,‭ ‬como ocorreu em‭ ‬2006‭?
Sim.‭ ‬Naquela época havia uma corrida governamental,‭ ‬e agora temos uma corrida municipal.‭ ‬Então é bom‭ ‬-‭ ‬e por isso nós estamos visitando todas as regiões‭ ‬-‭ ‬que uma vez estabelecidas as rotas de desenvolvimento,‭ ‬essas informações venham a ser confrontadas com os próximos candidatos.

Quais foram as principais carências apontadas pelo setor industrial,‭ ‬e como o governo pode ajudar a fomentar o crescimento do setor‭?
Márcia Carestiato: Na verdade nós discutimos sete temas,‭ ‬desde a‭ ‬questão do‭ ‬saneamento,‭ ‬passando pela mobilidade‭ ‬urbana e a necessidade da estrada de contorno em Nova Friburgo.‭ ‬E houve um destaque muito importante à questão da energia,‭ ‬a necessidade de que haja uma estabilidade maior neste fornecimento.‭ ‬Falou-se também sobre questões de infraestrutura como banda larga,‭ ‬telefonia,‭ ‬porque hoje dependemos da internet para tudo.‭ ‬Falamos também sobre a educação,‭ ‬sobre a capacitação da mão de obra para as indústrias,‭ ‬e essa é uma atuação direta do Sesi e do Senai.‭ ‬E tratamos também do próprio desenvolvimento do mapa,‭ ‬de ações que vão nortear esse mapa do desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro,‭ ‬para que no futuro nós possamos levar adiante esse processo de melhoria para toda a indústria em nossa região.‭ ‬Importante lembrar também que este é um ano eleitoral,‭ ‬e assim nós podemos encaminhar essas demandas para esses possíveis candidatos,‭ ‬a fim de que ajudem de alguma forma‭ ‬-‭ ‬direta ou indiretamente‭ ‬-‭ ‬a trazer essas melhorias.

A senhora citou o Sesi e o Senai,‭ ‬salientando que ambos exercem papel importante no processo de formação de mão de obra especializada.‭ ‬Esses órgãos são integrados à Firjan,‭ ‬e nos últimos meses têm sofrido com reduções em seus orçamentos,‭ ‬inclusive com o encerramento de alguns cursos.‭ ‬Se o próprio estudo mostra o quão estratégicas são estas instituições,‭ ‬qual a previsão que a senhora faz em relação ao futuro do Sesi e do Senai ao longo dos próximos dez anos‭?
A continuidade da educação e da capacitação da mão de obra estão asseguradas,‭ ‬com certeza isso não irá cair.‭ ‬As diminuições que ocorreram se devem ao fato de que nós tínhamos um trabalho em conjunto com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego‭ (‬Pronatec‭)‬,‭ ‬e atualmente não temos mais esse apoio.‭ ‬Mas eu acredito muito que o Senai vai continuar dando todo este apoio à capacitação da mão de obra.‭ ‬Vale observar,‭ ‬por exemplo,‭ ‬que em Nova Friburgo nós temos um diferencial na indústria porque o Senai está aqui há‭ ‬75‭ ‬anos,‭ ‬ele é mais antigo que a própria Firjan.‭ ‬Ele veio primeiro em função destas grandes indústrias centenárias,‭ ‬justamente para formar a mão de obra de que elas precisavam.‭ ‬Esse foi um ponto muito positivo,‭ ‬que explica parte das razões pelas quais nós temos uma indústria tão forte e capacitada.

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TAGS: Firjan | economia | entrevista
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