A Imperatriz de Olaria deu a largada no grande espetáculo de cores e originalidade das escolas de samba de Nova Friburgo, na noite do último domingo, 19. A vermelho e branco levou à passarela todo o glamour e as boas lembranças dos antigos carnavais que marcaram época no Rio de Janeiro, com o enredo “O que faz sorrir, também faz chorar”, do carnavalesco Lamoniê Ornellas. A agremiação representou com muito luxo e brilho “os negros, os poetas, os prantos e as passarelas”.
A intenção do enredo da Imperatriz foi levar os que curtiram o encantamento dos saudosos carnavais a refletir sobre a capacidade que a paixão pelo samba tem de, ao mesmo tempo, mesclar a alegria do carnaval à melancolia e a tristeza das recordações dos grandes carnavais do passado. E nostalgia foi o que não faltou. A comissão de frente relembrou a commedia dell’arte com o personagem infantil Pinóquio, chamando atenção para um desfile de boas surpresas junto ao fantoche arlequim. Edevar e Andréia, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, simbolizaram o carnaval pagão.
Quem curtiu os antigos carnavais, inocentes e banhados pela pura arte de brincar, se emocionou com um desfile de réplicas de características marcantes de uma época de ouro: a polca, a batalha das flores, o Zé Pereira, o entrudo, os cortejos religiosos e o Congresso das Sumidades, que ganharam vida nova nas alas da Imperatriz. O carro alegórico “A pequena África”, só com mulheres negras, mostrou a origem da folia abrindo espaço para o batuque, os carapuceiros e os representantes do candomblé e da umbanda, presenças marcantes no carnaval. As baianas da Tia Ciata deram um show à parte.
Na alegoria “Mães do samba”, grandes mestres do carnaval receberam justa homenagem da Imperatriz: Donga, com seu eterno “Pelo telefone”, Lamartine Babo, Noel Rosa e os Originais do Samba, “nas ondas do rádio”. O terceiro carro, “Grande sociedade e os ranchos”, abriu espaço para o romantismo tocar as gerações passadas e encantar também os mais jovens com representações dos pierrôs apaixonados, as badaladas matinês, os bailes à fantasia com batalhas de confetes, a saudosa boemia carioca, os canas e os bambas. A bateria fez reverência ao povo simples da Zona do Mangue do Rio, berço do samba.
Já o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Patricinha e Alessandro, deu mais asas ao saudosismo dos grandes carnavais cariocas com homenagens aos ícones da folia: os blocos Cordão da Bola Preta, Cacique de Ramos e os corsos. No quarto carro, a réplica de outro polo do carnaval: a Praça Onze, no Rio, com homenagens às escolas de samba Deixa Falar, a primeira do carnaval carioca, fundada nos anos 30, a Estação Primeira de Mangueira, a oficialização da passarela da Marquês de Sapucaí, até a atualidade e o sucesso do carnaval, também em Nova Friburgo, com a Imperatriz de Olaria, que fechou seu desfile com a tradicional coroa, símbolo da agremiação.
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