Impeachment?

No país só se fala em uma coisa. E não é futebol, cerveja, novela ou campeonato brasileiro, o que, em se tratando de Brasil, já é uma enorme surpresa. E mais. A palavra pela qual o brasileiro está obcecado no momento é de origem inglesa. E não é "shopping
domingo, 15 de março de 2015
por Jornal A Voz da Serra
No país só se fala em uma coisa. E não é futebol, cerveja, novela ou campeonato brasileiro, o que, em se tratando de Brasil, já é uma enorme surpresa. E mais. A palavra pela qual o brasileiro está obcecado no momento é de origem inglesa. E não é "shopping”...

No sentido político do momento, impeachment é o processo que pode levar à cassação do mandato da presidente da República
No sentido político do momento, impeachment é o processo que pode levar à cassação do mandato da presidente da República. É preciso que uma pessoa física ofereça uma denúncia  ao Congresso Nacional, mas, a partir daí, o processo é totalmente controlado pelo Poder Legislativo e quem comanda é a Câmara dos Deputados, através do seu presidente, Eduardo Cunha, do PMDB (ops!)...

Se Dilma realmente sofresse um processo de impeachment e perdesse o seu cargo, quem assumiria a vaga não seria o derrotado nas últimas eleições (Aécio Neves, do PSDB) e sim o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). E caso este também estivesse envolvido nas denúncias e não pudesse assumir, assumiria o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também do PMDB (ops!)... Aí fica uma sensação de que já vi este filme antes e que estamos à beira de sair da panela para cair no fogo... de novo...

A pergunta é: há motivos hoje para um impeachment? É certo que há muitos motivos para vergonha dos políticos, indignação da população e para protestos. Muitos lembram que Collor foi cassado por "uma simples Fiat Elba”. No entanto, a frase é conclusiva: Collor estava comprovadamente ligado ao episódio da Fiat Elba e dos empréstimos e outras falcatruas. Já no caso da Dilma, embora muitos, dentre os quais me incluo, acreditem que ela saiba e participe de tudo, a verdade é que não há nenhuma prova cabal de seu envolvimento. Fatos são fatos. E não podemos distorcer os fatos para se adaptarem ao que queremos.

Quando surgir uma prova cabal do envolvimento da presidente, serei o primeiro a vir a público pedir o seu impeachment e, mais, a sua prisão, bem como as de tantos outros que já se encontram envolvidos até o pescoço neste mar de lama do governo. Mas não podemos agir como justiceiros, que querem a ferro e fogo fazer justiça sem provas. Estamos falando de um país, não de um clube da esquina, em que se depõe e se elege diuturnamente, sem maiores consequências.

E há ainda os que pedem a volta da ditadura. São pessoas de duas espécies: idosos saudosistas, que, de dentro de suas casas, não viam à época o horror do regime militar, preferindo catequizar-se do mundo cor-de-rosa narrado por "A Voz do Brasil” ou pelo Jornal Nacional; ou então jovens nascidos após o regime militar e que mal sabem distinguir um regime militar de um regime alimentar. Hoje, essas pessoas podem pedir ditadura em meio à democracia. Mas fingem não saber quantos morreram só por pedir democracia em meio à ditadura.

O povo deve ir às ruas? Deve. Sempre. No dia 15 de março, no dia 16, 17, semana que vem, mês que vem, ano que vem... só assim construiremos um país que luta por seus direitos. Os maus políticos só temem duas coisas: povo e prisão. Então, se a justiça prender mais e se o povo protestar com mais frequência, e sem violência, este país muda.

Protestar faz parte do jogo democrático. Um país evolui quando o cidadão entende que é detentor também de direitos e não somente de deveres. O cidadão elege representantes para defendê-lo, principalmente contra os desmandos do governo. E quando esses representantes se vendem para o governo, em troca de cargos, benesses, apadrinhamentos e propinas, cabe ao cidadão se defender sozinho. E ele o faz indo às ruas e exigindo um basta. Daí a importância de ir às ruas. Và às ruas, proteste, grite, exija mudanças, mostre a sua indignação, como se fez no aumento das passagens, mas sem violência e sem se deixar manipular por políticos que se escondem atrás da sua indignação para pedir impeachment, impossível sem provas definitivas.

Por outro lado, cobre do seu representante eleito uma atitude. Você o elegeu para isso. Você sabe o que pensa o seu vereador, o seu prefeito, o seu deputado, o seu senador...? Quer ajudar o país? comece cobrando por aí...

E viva a democracia!

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: impeachment
Publicidade