Igreja Santa Teresinha

A história em forma de monumento
terça-feira, 30 de setembro de 2014
por Dayane Emrich
Igreja Santa Teresinha
Igreja Santa Teresinha

Hoje, primeiro de outubro, é dia de Santa Teresinha, santa que dá nome a um importante ponto de Conselheiro Paulino — a igreja católica local. Ela é considerada importante não somente por ser frequentada por grande parte da comunidade e por tornar mais bonita a paisagem da região, mas também por contar muito sobre o distrito, sua história e de seus moradores. 

Fundada em 1930, o pouco que se sabe sobre a construção da Igreja Santa Teresinha é fruto da tradição oral. Isto porque a maioria das fotos, reportagens e documentos — partes da biografia da paróquia e da própria comunidade — se perdeu ao longo do tempo. Contudo, fatos curiosos, ainda que poucos, continuam vivos na memória e devem ser compartilhados para que permaneçam vivos. 

Um mergulho na história da igreja revela que, muito antes de sua construção, diversas famílias já realizavam um trabalho com intuito de propagar e difundir a fé cristã em Conselheiro. Conta-se que os fiéis se reuniam em casas de vizinhos e conhecidos para participar de celebrações e fazer orações, e só participavam das celebrações propriamente ditas quando os jesuítas do Colégio Anchieta visitavam o local.

Weder Pereira, responsável pelo arquivo histórico da Paróquia de Santa Teresinha, conta que, segundo a narrativa popular, a igreja em princípio seria construída onde hoje é o Campo do Pastão, na Rua José Ernesto Knust. Mas uma forte chuva teria alagado toda a área, fazendo com que a comunidade mudasse de ideia, procurando outro lugar para realizar a obra. Assim, resolveram construí-la em um terreno doado por Joaquim Pereira Bispo, local onde hoje a igreja está. 

Mas para erguê-la, a participação de toda a comunidade foi fundamental. As famílias Bispo, Corrêa da Silva, Fernandes Branco, Queiroz, Alvarez, Spargo, Bastos, Herdy, Siqueira, Pacheco, Gama, entre tantas outras, foram as responsáveis pela edificação da capela. É o que relata João Corrêa, no auge dos seus 88 anos de idade. Membro mais antigo da igreja, ele tinha apenas quatro anos quando a obra foi iniciada e viu seus pais, João Corrêa da Silva e Dagmar Gláucia Corrêa, ajudarem na construção do templo e participarem das diversas atividades do mesmo.

João relata que antigamente, mesmo com dificuldades, as pessoas se uniam em prol do zelo à capela. "As pessoas eram muito pobres. No começo, além de se receber doações, eram feitos leilões e festas na antiga estação ferroviária — hoje sede da escola de samba do bairro — com a intenção de arrecadar fundos para a construção e, depois, para ajudar na manutenção da igreja. Não havia dízimo e essas outras coisas que tem hoje”, disse. 

Os comerciantes da região também foram determinantes na construção da paróquia, os quais, além de fornecer mão de obra, auxiliaram com alguns equipamentos e/ou doação de materiais. "Um dava um tijolo, outro dava outra coisa. Inclusive as pilastras principais da igreja foram feitas por tijolos maciços, na época, produzidos aqui mesmo no distrito”, comentou Weder.  

"A primeira parte da obra durou uns dois ou três anos. Foi uma construção de muito trabalho. Entre 1983 e 1984, o Padre Ângelo fez as laterais e as torres, assim o templo começou a aumentar.” Acrescentou, dizendo ainda que, assim como a obra, a escolha do nome da igreja também passou por etapas. "Logo no início, se chamaria Imaculado Coração, depois se tornou Nossa Senhora da Conceição, até que encontraram um nome definitivo: Santa Teresinha do Menino Jesus. Tinha muitas plantações de rosas em torno da paróquia, então as pessoas resolveram homenagear a Santa das Rosas, ou seja, Santa Teresinha”, explica Weder. 

A chegada da imagem

 Imagem de Santa Teresinha, vinda da França entre 1936 e 1938

Tão importante quanto a obra foi a chegada da imagem de Santa Teresinha à Conselheiro, entre os anos 1936 e 1938 (não se sabe precisar a data). Ela veio trazida por um casal diretamente de um convento da França e foi recebida com muita alegria pelo povo. É o que conta Maria Iza de Oliveira Corrêa, 84 anos, frequentadora assídua da paróquia desde os dez anos de idade e que muito ajudou nas diversas atividades da igreja. "Ela veio em cima da gôndola do trem e foi feita uma festa muito bonita para a sua chegada.” A peça, além do seu valor religioso, é de uma enorme importância histórica e cultural e ainda se encontra exposta na Paróquia.

Um caso que também chama atenção de muita gente que vive no distrito e tantos outros que por lá passam diariamente é o fato de a igreja não ser de frente para a praça, como na maioria das cidades brasileiras. Weder conta que, após o início da construção da capela, foi feito um desvio do percurso do Rio Bengalas para fazer algumas obras, modificando todo o projeto original da construção da Praça Lafayette Bravo. "Conclusão: a igreja ficou virada para um lado e a praça para outro”, disse ele rindo. 

Hoje, 84 anos após o início de sua construção, a Igreja de Santa Teresinha, sob administração paroquial do padre Alex de Paiva Ribeiro, realiza diversos trabalhos em prol da comunidade. Um dos mais famosos deles é o movimento conhecido como Caminhada de Emaús — feminina, masculina e para jovens —, o qual, anualmente, atrai centenas de pessoas. Entre tantas atividades, o Encontro de Casais com Cristo (ECC), Fanuel e Maná também se destacam, além das reuniões semanais de perseverança. 

Último dia da Festa de Santa Teresinha

Após nove dias de celebração, termina nesta quarta-feira, 1º, a festa em homenagem a Santa Teresinha, realizada na paróquia de mesmo nome, em Conselheiro Paulino. Na ocasião, será rezada Santa Missa pelo padre Alex de Paiva Ribeiro — administrador paroquial —, haverá bênção das rosas, procissão e show com a banda Ministério da Caminhada de Emaús, além do tradicional angu à baiana e barracas de salgados, churrasquinho e doces. 

 

O acaso conta a história

 

 

 

 

 

 

 

João Corrêa, aos 88 anos, é o frequentador mais antigo de Santa Teresinha

 

 

Em meados de 1985, A VOZ DA SERRA publicou uma reportagem também sobre a Paróquia de Santa Teresinha, escrita pelo jornalista Girlam Miranda. Na ocasião, João Corrêa da Silva, aos 91 anos de idade, falou sobre sua chegada a Conselheiro Paulino (vindo de Teresópolis), em 1929, e das condições em que estava o terreno doado para a construção da capela, que ele ajudou a levantar.

 

 

Passados quase trinta anos, a história se repete como uma enorme e feliz coincidência. O personagem citado acima, mais conhecido como "Seu Joãozinho Corrêa”, é ninguém menos do que João Corrêa, filho de João Corrêa da Silva, entrevistado em 1985.  

 

 

 

 

 

Maria Iza de Oliveira Corrêa e João Corrêa: membros importantes e

 

 

queridos da Igreja Santa Teresinha e da comunidade de Conselheiro Paulino

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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