IBGE: mais da metade da população brasileira não vai ao dentista regularmente

De acordo com pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE, 55,6% dos brasileiros com mais de 18 anos não costumam ir ao dentista
terça-feira, 07 de julho de 2015
por Dayane Emrich
Representante do Conselho Regional de Odontologia em Nova Friburgo, Sávio Augusto Bezerra de Moraes
Representante do Conselho Regional de Odontologia em Nova Friburgo, Sávio Augusto Bezerra de Moraes

Quem nunca ouviu aquela frase que diz “o sorriso é a curva mais bonita do corpo”, “a melhor maquiagem” ou mesmo “a menor distância entre duas pessoas”? No entanto, apesar da popularidade destas expressões, grande parte dos brasileiros parece ainda não ter aprendido a importância de cuidar dos dentes.

De acordo com pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 55,6% dos brasileiros com mais de 18 anos não costumam ir ao dentista ao menos uma vez ao ano. Nas regiões Norte e Nordeste os números são ainda mais alarmantes — 65,6% e 65,2%, respectivamente. No Sudeste o percentual também passa da metade da população, chegando a 51,7%, e no Sul a 48,1%. 
Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), elaborada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde. Para o levantamento foram visitadas 80 mil residências, em 1.600 municípios de todo o país, no segundo semestre de 2013.

De acordo com representante do Conselho Regional de Odontologia em Nova Friburgo, Sávio Augusto Bezerra de Moraes, a situação da saúde bucal dos brasileiros e a baixa procura pelos tratamentos dentários estão diretamente relacionadas à questão cultural e à falta de conscientização. “Poucos são os indivíduos que vão ao consultório dentário com certa periodicidade. Existe a orientação de que a cada três ou seis meses se procure um profissional. Mas a gente sabe que isso pode variar de paciente para paciente. É o dentista quem vai determinar o espaçamento que deve haver entre as consultas”, disse ele. 

Com referência a uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal, Sávio afirmou que “em 2013 e no primeiro semestre de 2014, 101 milhões de pessoas foram ao dentista. Destas, 70% utilizaram serviço particular e apenas 28% o serviço público”. Os dados condizem com o levantamento do IBGE, o qual revela que 74,3% dos pesquisados procuraram atendimento odontológico em clínicas particulares, enquanto as unidades básicas de saúde foram responsáveis por apenas 19,6% dos casos.

Conhecimento pode ser a solução

 Dados do Conselho Federal de Odontologia (2014) mostram que 68% dos brasileiros não sabem que têm direito a tratamento odontológico público e 20% não vão ao dentista por falta de dinheiro. Segundo Sávio, esses dados indicam a necessidade de aumentar as políticas públicas para melhorar a saúde bucal do país. “Os procedimentos mais procurados na rede pública são: 33% extração, 30% limpeza e 27% obturações ou restaurações. No serviço privado são 40% limpeza, 25% obturações e 17% extrações. Podemos ver que a situação é invertida quando se compara um serviço ao outro. É possível ver a questão social da população e do acesso à informação, ou melhor, a falta dela”, explicou ele, acrescentando que “um a cada quatro brasileiros inicia o tratamento dentário mas não conclui; 23% por questões financeiras”, pontuou.

Outro número que indica o descaso com a saúde bucal revela que 11% da população brasileira, isto é, 16 milhões de pessoas, não possuem nenhum dente. Na opinião de Sávio, a falta de conhecimento é também uma das principais causas do “sorriso banguela”. “A dificuldade de acesso ao tratamento continuado praticamente dobra o número de extrações no atendimento público. É uma coisa muito séria. Por ter dificuldade de realizar todo o tratamento na rede pública — seja por problemas para marcar consulta, demora no atendimento, ou mesmo por não saber que a rede oferece este tipo de tratamento —, a pessoa acaba deixando de cuidar dos dentes, tendo que, mais tarde, recorrer ao processo de extração. Muitas vezes quando o indivíduo consegue o tratamento, já não dá mais para recuperar o dente”, explicou.

Ele afirma ainda que a falta de saúde bucal pode levar a outros problemas. “Um exemplo é o Instituto do Coração. Todo paciente que dá entrada com problema cardíaco e que será submetido a cirurgia passa por um tratamento odontológico. A endocardite, grave doença infecciosa no coração, é causada por uma bactéria que habita também na cavidade bucal. Problemas nas articulações às vezes também são decorrentes de irregularidades na cavidade oral. Há inúmeros casos. A saúde está diretamente relacionada à boca”, exclamou ele. 

CRO - Delegacia de Nova Friburgo

O Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro — junto ao Conselho Federal e Conselhos Regionais de Odontologia — foi criado pela Lei nº 4.324. Estes constituem, em seu conjunto, uma autarquia federal, sendo cada um deles dotado de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira. Embora esteja instalado na capital do estado, há representação do conselho em diversos municípios, as chamadas delegacias.
De forma geral, essas instituições têm por finalidade a supervisão da ética profissional, cabendo-lhes zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.

Em Nova Friburgo, a Delegacia do Conselho Regional fica situada na Rua General Osório 4, cobertura 2, Centro. Entre os municípios por ela abarcados estão Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Itaocara, Macuco, São Sebastião do Alto, Sapucaia e Sumidouro. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 17h. Mais informações sobre o CRO-NF podem ser obtidas pelo telefone (22) 2523-5032 ou através do e-mail derfr@cro-rj.org.br. 

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