Comemora-se nesta quarta, 6 de julho, o dia da criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de o órgão ter sido fundado em 29 de maio de 1936, foi em 6 de julho o lançamento do decreto-lei 24.609 de 1934, que institui a criação.
Em entrevista exclusiva, Vinicios Abreu, chefe da agência do IBGE em Nova Friburgo, dá detalhes sobre as pesquisas realizadas habitualmente pelo órgão e também fala sobre as perspectivas para o próximo censo demográfico.
AVS: Atualmente a agência do IBGE em Nova Friburgo tem quantos funcionários?
Vinicios Abreu: Somos 11 pessoas. Três servidores efetivos e oito com contratos temporários, de até três anos.
E a agência de Nova Friburgo atende a quantos municípios?
Atualmente atendemos a 12 municípios: Nova Friburgo, Bom Jardim, Dias Barras, Sumidouro, Carmo, Macuco, Cordeiro, Cantagalo, Santa Maria Madalena, Trajano de Moraes, São Sebastião do Alto e Itaocara.
Itaocara não fazia parte quando o censo agropecuário foi coordenado em Nova Friburgo, em 2017 e 2018. Alguma agência próxima foi fechada recentemente?
Sim, Itaocara foi incorporada quando a agência de Santo Antônio de Pádua foi fechada. A de Teresópolis também foi fechada recentemente, sendo absorvida por Petrópolis. Os municípios que eram subordinados a Pádua foram divididos entre as agências de Itaperuna e Nova Friburgo.
Quais as pesquisas que o IBGE realiza nesta região?
São várias... Tem a Pnad Contínua, que é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, e atualmente é a principal pesquisa do IBGE, a que tem o maior número de indicadores em nível nacional. Através dela obtemos a taxa de desemprego, atualização do nível de escolaridade, todas as informações referentes a trabalho e também conseguimos saber o quantitativo de pessoas que estão procurando trabalho, quem não está...
Funciona como uma espécie de censo contínuo, ainda que um pouco resumido?
Sim. As informações são basicamente as mesmas do censo, mas obtidas sempre por amostragem, e está sendo feita agora de forma contínua, não só aqui em Nova Friburgo, mas em todos os municípios da nossa região e em quase todos os municípios do Brasil. Além dela tem a pesquisa do registro civil, através da qual acompanhamos o número de casamentos, óbitos, separações...
Por amostragem também?
Não, essa é total. Vamos em todos os cartórios e varas de família e fazemos o acompanhamento total destas atualizações. Tem também a pesquisa agropecuária, que chamamos de LSPA [Levantamento Sistemático da Produção Agrícola] e é feita todo mês, com divulgação separada por município. Além dela também há outras pesquisas agropecuárias, mas que são anuais, como o acompanhamento da criação de animais e da extração vegetal. Há ainda uma outra pesquisa que vamos começar agora, com previsão de coleta em agosto, que é a PNS [Pesquisa Nacional de Saúde]. Ela é uma pesquisa domiciliar, muito parecida com a Pnad, mas voltada para a saúde das pessoas. O objetivo é obter um perfil completo da condição de saúde dos brasileiros. Tem também a Munic, uma pesquisa que é feita anualmente junto às prefeituras para coleta de informações municipais, a fim de traçar o perfil de cada prefeitura e das legislações que são aprovadas.
Essas pesquisas são feitas de forma presencial, ou à distância, através de telefone?
Todas as pesquisas domiciliares fazemos diretamente com os moradores do próprio domicílio. É o caso da Pnad e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que fizemos recentemente e traz perguntas mais voltadas a traçar o perfil de consumo das pessoas no Brasil. Qual a renda de que dispõem, e como é investida essa renda, quais são os principais gastos. As demais pesquisas podem ser feitas de forma diferente. Algumas são coletadas via telefone, outras são por e-mail, e em algumas o próprio informante já entra diretamente nos sistemas do IBGE e preenche por conta própria. Por exemplo, quando a pesquisa é com empresas, a própria empresa já disponibiliza as informações no sistema do IBGE. A parte do registro civil, a gente mesmo vai até o cartório, mas alguns cartórios já têm um sistema próprio de envio para o IBGE também. E outra pesquisa que também é bastante utilizada é a que chamamos de Pesquisa Econômica. Ela é feita sempre com referência anual, e traça o perfil econômico do país. É feita com todos os tipos de empresa, comércio, indústria, serviços, empresas de construção... E serve para avaliar as flutuações da economia nacional, e também de seus setores isoladamente.
Se alguma pessoa tiver dúvidas de que a pessoa que a está abordando está mesmo a serviço do IBGE, como pode proceder?
Na própria página do IBGE na internet tem uma seção chamada “Respondendo ao IBGE”, onde os cidadãos podem ter acesso a todas as pesquisas que estão em campo, e consegue saber também se aquela pessoa que visitou seu domicílio ou sua empresa está realmente trabalhando para o IBGE. É possível confirmar a matrícula e o nome. E também existe um número de telefone gratuito, o 0800 721 8181, através do qual é possível fazer essa confirmação.
Para 2020 está prevista a realização do censo demográfico...
Sim, por enquanto está tudo confirmado para a realização da coleta a partir de 2020. Já começamos a preparação, fazendo a atualização dos mapas. Tem um edital que já está para ser divulgado para que aconteçam as primeiras contratações, ainda no âmbito da unidade estadual. Os editais para contratações municipais devem começar a sair no começo do ano que vem, com vagas para supervisores e recenseadores.
Essa é sempre uma notícia de grande interesse à população, porque em censos anteriores o IBGE chegou a trabalhar com mais de 150 recenseadores, só em Nova Friburgo.
É, eu acredito que com a redução do questionário devemos trabalhar com um pouco menos desta vez, apesar do crescimento populacional que a gente tem de 2010 para cá. Ainda assim, com certeza serão mais de 100 pessoas, entre recenseadores e supervisores, embora o número exato ainda não tenha sido fechado.
Existe alguma novidade em relação a este censo, no que diz respeito a perguntas no questionário, ou o método de entrevistar?
Parece ser uma tendência aumentar o número de questionários coletados via internet. Ainda não é algo confirmado, mas como essa possibilidade começou em 2010, a tendência é que ela continue disponível e seja ampliada em 2020. Com relação aos recenseadores, o padrão será mantido, a coleta continuará a ser feita através de smartphones, com a novidade de que todo domicílio vai ser georreferenciado. Até então isso acontecia somente nos setores rurais, mas agora teremos também nos setores urbanos.
Como se explica isso para um leigo?
Para toda entrevista que o recenseador fizer, de forma automática já será coletada uma coordenada. Essas informações permitirão que seja elaborado uma espécie de mapa interativo, com todas as coordenadas dos domicílios. Mas, claro, sem identificar os domicílios, respeitando o sigilo das informações individuais. Teremos apenas as coordenadas indicando que ali existe um domicílio. Esse procedimento vai facilitar para que se tenha acesso a informações específicas de uma determinada localidade. Será possível determinar uma área específica, e a partir destas coordenadas levantar as informações coletadas pelo censo para aquela região. No caso de Friburgo haverá uma facilidade a mais em virtude da recente aprovação da lei de bairros, que já fornece essas áreas bem delimitadas e tornará possível conhecer a situação de cada localidade individualmente.
A população conseguirá acessar essas informações após o censo?
Sim, além das divulgações habituais feitas junto à mídia, na página do IBGE na internet tem uma área específica onde é possível ter acesso às informações. E no caso dos censos elas são muito mais detalhadas, é possível trabalhar com precisão muito maior, com informações relativas a áreas muito específicas. Os dados relativos à contagem populacional se refletem no repasse de recursos, e por isso já houve muita controvérsia no passado, questionando a confiabilidade destes números.
Considerando que o censo é feito por domicílios, e a população em situação de rua é estimada, dá para dizer que estes números são confiáveis?
Sim, a contagem é totalmente confiável. Se pegarmos o nível histórico, quase todas as estimativas que são divulgadas anualmente são confirmadas quando tem o censo ou a contagem da população, o percentual de acerto é muito grande. São raros os municípios em que encontramos uma mudança sensível entre a estimativa que é divulgada e o que é coletado no censo. E para o próximo censo a cobertura vai ficar muito melhor, porque os métodos de supervisão que o IBGE vai utilizar, com as tecnologias que temos em 2020, vão poder facilitar muito. Principalmente as imagens de satélite, que agora temos com uma qualidade muito melhor, e nos permite saber, por exemplo, qual é a rota que o recenseador está percorrendo. Além disso, vale frisar que não é apenas o censo que contribui para a elaboração da estimativa populacional. Todas as outras pesquisas também fornecem parâmetros. A parte de registro civil, que informa sobre nascimentos e óbitos, os fluxos migratórios entre estados ou municípios, que o IBGE também acompanha através da Pnad contínua, tudo isso vem balizando as estimativas que o IBGE faz.
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