Ibelga passa por dificuldades financeiras e busca parceiros

quarta-feira, 28 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Há 21 anos, as principais instituições e associações de Nova Friburgo, tais como Rotary, Lions, Acianf, Instituto Fribourg-Nova Friburgo, entre outras, além de autoridades políticas, participaram da criação do Instituto Bélgica-Nova Friburgo—o Ibelga.

O Ibelga nasceu para servir à população friburguense, de um modo especial aos jovens da zona rural que passaram a ter, a partir de março de 1994, uma escola que aplicava a Pedagogia da Alternância, que atende às peculiaridades da educação daqueles que lutam, diariamente, para fornecer produtos agrícolas de qualidade às mesas de friburguenses e de consumidores de outras cidades.

A construção das dependências da Fazenda Escola Rei Alberto I, localizada na Baixada de Salinas, 3º distrito de Nova Friburgo, numa área cedida pela Prefeitura Municipal, foi realizada com verba do Ministério do Desenvolvimento da Bélgica, através da Ong Disop, com sede em Bruxelas. Os primeiros profissionais da escola foram cedidos pelo governo estadual.

Hoje o Ibelga tem escolas que, com o correr do tempo, foram estadualizadas—Ceffa Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I—e municipalizadas—Colégio Municipal Ceffa Rei Alberto I e Colégio Municipal Ceffa Flores de Nova Friburgo, este último localizado em Vargem Alta.

Os funcionários dos três Ceffas—Centros Familiares de Formação por Alternância—são pagos pelo poder público estadual e municipal. O Ibelga, com a equipe formada por assessor pedagógico, técnicos e secretário executivo, tem a responsabilidade de dar suporte aos centros para a aplicação da Pedagogia da Alternância, atendendo orientações de órgãos nacionais e internacionais aos quais é filiado.

“Para se ter uma ideia da importância do trabalho desenvolvido, até o ano de 2010, duzentos e vinte e três (223) alunos receberam diplomas de técnicos em agropecuária, a maioria atuando como empreendedores e produtores rurais e outras atividades comerciais voltadas para o campo. O ensino fundamental—do 6º ao 9º ano—já formou mais de quinhentos e vinte (520) jovens. O conhecimento destes jovens tem contribuído de forma determinante para o desenvolvimento da região agrícola do nosso município”, revela Rosemarie Künzel, assessora pedagógica.

Segundo ela, durante todos estes anos o Ibelga recebeu recursos do governo belga, através do Disop, mas a partir de 2003 estes recursos vêm sendo gradativamente diminuídos. Com os problemas políticos e econômicos da Bélgica, do bom desempenho econômico do Brasil e o interesse crescente em ajudar países pobres da África e América Central, a partir de 2012 esta fonte de recursos cessará.

“Diante deste cenário, o Ibelga, que só conta com recursos da prefeitura municipal, sem reajuste há dois anos, está enfrentando uma grave crise financeira, que ameaça seriamente a continuidade de seu trabalho. Todos os nossos representantes políticos foram comunicados do fato, mas até o momento, não surgiu nenhuma solução. Os agricultores, pais de alunos, ex-alunos e líderes das comunidades atendidas pelas escolas estão se mobilizando para tentar ajudar o Instituto que, por medida de economia transferiu seu escritório, antes localizado no centro da cidade, para as dependências do Ceffa Rei Alberto I”, acrescentou.

“À frente desta luta pela continuidade do trabalho de tantos anos, que tem trazido tantos benefícios às comunidades onde as escolas se localizam e até mesmo a outros municípios vizinhos, está o presidente Charles Van Hombeeck que, mesmo fragilizado por seus 90 anos de vida, tem vindo regularmente a Nova Friburgo para participar de reuniões com diversos segmentos da sociedade friburguense, a fim de buscar soluções para essa situação”, enfatizou Rosemarie.

E lembrou: “Se é uma verdade incontestável, como disse Raphael Luiz de Siqueira Jaccoud, velho companheiro do Ibelga, ‘a agricultura é a mais nobre das atividades, dela o homem tira o sustento da humanidade’, também é verdade que a Educação é o mais importante meio de trazer ao produtor rural melhoria da qualidade de vida, do desenvolvimento e sustentabilidade do meio e como consequência natural, o atendimento das demandas do meio urbano, no que diz respeito a uma alimentação farta e sadia”, disse Rosemarie.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade