Hora de agir

quarta-feira, 24 de agosto de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Hora de agir

REPORTAGEM publicada na edição do último fim de semana em A VOZ DA SERRA, sobre a possibilidade de instalação de três pequenas centrais hidrelétricas ao longo do Rio Macaé no trecho que margeia a RJ-42 (Serramar), entre Nova Friburgo e Casimiro de Abreu, causou surpresa e indignação. Surpresa, pois não é essa a primeira vez que tentam construir tais geradoras. E indignação pelos inevitáveis danos que poderão causar ao meio ambiente.

TÃO LOGO divulgada, a notícia se transformou em mote para protestos dos ambientalistas e redundando em críticas severas nas redes sociais. Até mesmo políticos e candidatos ao governo municipal reprimiram a ideia. Agredir um santuário ecológico como o Rio Macaé, que se forma a partir do Rio Bonito, em terras friburguenses, não pode, mesmo, ter outra manifestação.

OS “SLOGANS” que definem Nova Friburgo, como Capital da Moda Íntima, Suíça Brasileira, Cidade Real, deveriam também falar de um bem inatingível, precioso, que poucos lugares possuem: “cidade eternamente verde”, rodeada de montanhas deslumbrantes, rios e Mata Atlântica generosa. Um cenário natural, uma obra-prima da criação divina.

POR SEU ecossistema, suas matas e rios, o município tem muito mais que agradecer simplesmente. Sua economia cresce influenciada pelas montanhas e a mata, o turismo floresce às custas da mata; a ecologia pulsa a serviço da mata. Nova Friburgo é destaque porque tem a Mata Atlântica, o que traz retorno ao movimentar a indústria turística da cidade. 

EXISTEM muitos exemplos que apontam as dificuldades de se promover o desenvolvimento conjugando os interesses do meio ambiente com os projetos governamentais e as pretensões dos setores da sociedade. Mas também existe consenso quanto à necessidade de se impedir o avanço de práticas irregulares que aumentam ainda mais os desafios da administração, preservando a qualidade de vida da população e da natureza.

O DIREITO ao meio ambiente ecologicamente equilibrado está previsto na Constituição e os municípios podem editar normas que atendam à realidade local ou até mesmo preencham lacunas da legislação. Esta é a arma que as cidades têm para adotar medidas que as tornem diferentes, avançando com políticas públicas ainda não implementadas. E existem muitas soluções ambientais que podem ser adotadas com sucesso.

DEVERES e direitos ambientais são importantes demais para que sejam lembrados somente em determinado dia do ano. Cuidar da vida, zelando para que os ambientes naturais possam ser fonte de saúde, de emprego e de qualidade de vida são questões que devem ser praticadas sempre. O crescimento econômico dos municípios está intrinsecamente ligado à natureza e o seu uso; se feito de forma planejada, garantirá o futuro das populações.

ANTES QUE a absurda intenção das hidrelétricas saia do papel para a realidade, torna-se necessário um esforço político para desestimular a destrutiva pretensão. Correta, portanto, a grita generalizada da sociedade. Resta agora que as autoridades ambientais do governo estadual e do município rejeitem a proposta, mantendo intocável este incomensurável patrimônio da natureza e do povo. É hora de agir. 

 

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