Carlos Emerson Junior
Quem mente mais, o homem ou a mulher? O homem, claro, e sem sentir o menor remorso! Bom, não sou eu que estou afirmando isso e sim os ingleses que têm tempo e gosto para esse tipo de estudo.
Resumindo a história toda, nós homens mentimos em média três vezes por dia, o equivalente a 1.092 mentiras por ano! Já nossas antípodas pegam leve, ou seja, mentem apenas duas vezes por dia, o que dá meras 728 mentiras anuais.
Haja mentira!
Outros números curiosos: 82% das mulheres se sentem mal depois de mentir, contra 70% dos homens. 82% dos dois sexos acreditam que existem mentiras justificáveis e 71% mentiriam para defender ou proteger alguém.
E quem mente melhor, o homem ou a mulher? Aí todos concordam: mulheres são imbatíveis!
A título de curiosidade, as mentiras mais contadas pelos homens ingleses são “não bebi muito”, “está tudo bem”, “estou preso no transito”, “desculpe, não ouvi você ligar” — as mesmas que nós contamos. As inglesas mentem quando dizem que “está tudo bem”, “não foi tão caro”, “estou com dor de cabeça” e “não, eu não joguei fora”!
Não é mentira não, juro que essa pesquisa existe e foi encomendada pelo prestigiado Science Museum, de Londres.
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Mudando de assunto, você sabia que os cachorros sonham? Não com imagens coloridas, alegres ou sombrias ou amores inatingíveis, angústias pelo que fizemos e a ansiedade do que ainda virá, como os nossos sonhos.
Não, nada disso.
Cachorros vivem apenas o presente e sonham com broncas, afagos, ausência e indiferença. Seu sono é recheado por sons e cheiros tão diversos e estranhos que nos é impossível sequer descrever. Alguns rosnam, roncam, latem, agitam as patas ou abanam o rabo suavemente.
Cachorros dormem pelo menos 9 horas por dia. Fazem a “sesta”. Cochilam depois da janta. E nunca, mas nunca mesmo, deixam de fazer seu alongamento quando acordam, não importa onde estejam.
Cachorros, mesmo os de rua, sonham, acreditem. Sem expectativas, sem cobranças. Sonhos, simplesmente sonhos que só aos cães interessam.
Humanos também sonham, inclusive quando estão acordados. Mas aí é papo para outra crônica.
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E não se fala de outra coisa! O aquecimento global chegou e todo mundo dá o seu palpite e com toda a razão. Eu acredito piamente e digo mais, posso sentir na pele. Quando comprei meu apartamento em Nova Friburgo, em um bairro cercado por árvores e que tem até Parque no nome, era comum encarar noites com zero grau ou menos nos meses de junho a agosto. Mas de uns seis anos para cá, a temperatura só chegou aos dois graus no inverno mixuruca do ano passado e apenas por um dia.
Claro, clareiras foram abertas nas matas, casas erguidas para tudo o que é lado, asfaltaram as ruas de paralelepípedos, a cidade inchou e, para piorar, todo mundo tem carro — afinal, como resistir aos longos crediários que a indústria automobilística oferece? E tome poluição nas ruas e, consequentemente, mais calor.
Sai do Rio de Janeiro, entre outros motivos, porque não acredito que uma cidade com mais de um milhão de habitantes consiga oferecer qualidade de vida. A rotina aqui na serra é mais calma e civilizada, com a vantagem de estarmos a um pulo das atrações de cariocas e paulistas.
É claro que nem tudo é uma maravilha, ainda mais depois que fomos atingidos em cheio pela hoje considerada maior tragédia ambiental do Brasil. Sim, estamos tentando nos recuperar e responder a uma pergunta básica e simples: que Nova Friburgo queremos no futuro?
Pois é, e esse é um assunto muito sério.
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Uma historinha para terminar
O dia amanheceu gelado, muito frio. Hora de tomar banho. Quem falou que o aquecedor de água funcionou? E agora? Tomar banho frio, nem pensar e não dava para deixar para amanhã. Lembrou da vizinha, Dona Suely, sempre muito solícita e lá se foi, na maior cara de pau, com toalha nos ombros, sabonete e shampoo debaixo do braço. Dona Suely ouviu o pedido, suspirou e respondeu com um ar desanimado:
— Quando eu falei que o senhor podia contar comigo para qualquer coisa, não era bem nisso que eu estava pensando...
Ganha um doce quem adivinhar se é verdade ou mais uma mentira de homem.
* (carlosemersonjr@gmail.com)
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