Hobby, curiosidade ou profissão?

Por que o jovem está cada vez mais interessado em produzir games
sexta-feira, 03 de outubro de 2014
por Jornal A Voz da Serra

Ana Borges

As tecnologias de informação e comunicação e a cultura digital estão em nossas vidas de diversas formas. Na edição de 6 de setembro — com o tema "Cérebro Eletrônico” —, abordamos a presença da tecnologia na sala de aula e suas implicações para a educação. Desta feita, escolhemos falar dos videogames. Esses jogos que deixaram de ser apenas diversão, coisa de "fanáticos” que passam madrugadas diante de uma tela brincando com seu jogo preferido. 

A atração pelos games atravessa gerações e vem se consolidando como uma linguagem universal de fácil entendimento. A cena vem se repetindo, cada vez com mais frequência: pais e filhos juntos jogando videogame. 

No que diz respeito ao jovem, é visível o desenvolvimento da criatividade do aluno por causa dos jogos eletrônicos. O raciocínio fica mais ágil, suas habilidades ficam mais evidentes, e suas vocações afloram. Sem dúvida, a capacidade intelectual desses alunos é estimulada e, dessa forma, seu desempenho escolar tende a melhorar. Portanto, o videogame continua sendo uma divertida brincadeira, mas que pode, sem dúvida, ser levada a sério — indicando novas perspectivas, inclusive, de profissão.

 

Esta imagem em 3D é uma criação coletiva da turma avançada de um curso de games em Friburgo.

Trata-se de parte do mapa de um jogo em produção, na qual os alunos ainda estão

desenvolvendo a linguagem de programação em suas três etapas 

 

Games: De hobby a coisa séria

É o que pensa o professor Gabriel Portugal, analista de sistemas especializado em desenvolvimento de games, da People Cursos, unidade Nova Friburgo, inaugurada há seis anos. O curso de games, com apenas dois anos e meio de existência, começou com 12 alunos e hoje conta com 80. 

Jovens a partir dos 12 anos (exceções podem ocorrer com crianças aos 10, 11 anos) e adultos estão cada vez mais interessados em jogos mobile (celular) e de videogame. E boa parte desse público está deixando de encarar esse universo virtual apenas como um hobby para buscar a profissionalização. 

De acordo com o professor, o adolescente tem muita facilidade de assimilar os ensinamentos dados em aula, mas são os jovens na faixa dos 18 aos 24 que mais rapidamente se desenvolvem. "Em todas as faixas etárias, todos estão aptos a aprender normalmente. Uns com mais, outros com menos facilidade, mas todos com potencial”, revela Gabriel. 

O curso é dividido em três módulos, 2D, 3D básico e 3D avançado, e cada um dura sete meses. A linguagem de programação é desenvolvida nas três etapas, e aprofundada em cada uma delas. Ele esclarece que orienta o aluno a começar com o 2D, embora ele possa escolher os módulos de sua preferência. 

"Não tem nenhum problema em começar direto no módulo 3D, por exemplo, pois a lógica da programação é voltada somente para esse tipo de plataforma. Para entender de games, basta saber lidar com Windows e ter noções básicas de lógica”, completa, ele.

Ainda assim, Gabriel recomenda que as crianças comecem pelo curso de design gráfico. "Assim, elas aprenderão sobre as teorias de design, cores, entre outros detalhes. Depois, estarão preparadas para o design de games”, acrescenta. 

Durante o curso, a garotada já vem começando a definir suas pretensões. Uns pensam em trabalhar com jogos ou algo relacionado a eles, outros preferem fazer roteiros de histórias e outros, ainda, preferem o design.

Os alunos em estágios mais avançados, como o de 3D, desenvolvem jogos com figuras criativas e roteiros inteligentes. Segundo Gabriel, o curso incentiva o aluno a desenvolver trabalhos os mais profissionais possíveis, com foco e determinação. Ele assegura que não é difícil. "Basta se esforçar que consegue. Se esse for o seu objetivo, você vai chegar lá”, garante. 

Ele também acena com a possibilidade de o aluno fazer cursos de graduação e até estudar no exterior. "Muitos profissionais brasileiros estão se destacando em outros países, onde a indústria do entretenimento é mais avançada e investe pesado. Um exemplo é o Carlos Saldanha, que dirigiu o Rio 2, um filme de animação americano de 2014, produzido pela Blue Sky Studios. Esta é a sequência do primeiro filme de animação por computador que ele fez, exibido em 2011. O segundo foi lançado em DVD, nos EUA, em 15 de julho deste ano.

 

    

 

A evolução dos games

No final dos anos 60 surgiram os primeiros jogos eletrônicos. O primeiro aparelho doméstico foi o Magnavox Odyssey, lançado em 1972. O mercado dos videogames, no entanto, iria estourar de fato cinco anos depois com a chegada do Atari 2600. Em 1983 este modelo já tinha vendido mais de oito milhões de unidades. 

Nesta fase inicial, o desenvolvimento de games era feito, na maioria das vezes, por uma única pessoa. Era um time de um homem só. Com o avanço tecnológico, a capacidade de processamento das máquinas e os investimentos na indústria, as equipes de desenvolvimento foram aumentando — e hoje não é raro que as equipes sejam tão grandes quanto às de produção de um filme de Hollywood.

O videogame surgiu nos Estados Unidos, mas com o passar do tempo o Japão tornou-se o principal desenvolvedor de aparelhos e jogos, com a liderança da Nintendo, uma empresa que já trabalhava com jogos diversos desde 1889. Ela comercializava baralhos e jogos analógicos e resolveu que era hora de investir na novidade que surgia — os jogos digitais. Nos anos 80, após o grande boom do Atari, o mercado americano acreditava ser certa a morte do videogame em função de sucessivos fracassos da empresa.

No entanto, quando a Nintendo aportou nos EUA — com seu console que ninguém conhecia e com bons jogos —, como Mario e Zelda, a indústria do videogame renasceu. A Nintendo é tida, até hoje, como um dos grandes símbolos mundiais dos videogames devido à sua competência e sucesso na venda destes aparelhos/jogos pós-Atari e no seu extenso trabalho em criar personagens carismáticos que cativam o público.

Em tempo - A coluna Gente Boa, do jornal O Globo, de 29/9/2014, publicou que o Comitê Olímpico Internacional fechou contrato com a Nintendo e a Sega, e assim Sonic e Mario se encontrarão no Rio, num jogo que vai correr o mundo, inclusive com imagens das favelas da cidade. 






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