Histórias Verídicas: “NÃO VÁ A IWO!”

por Mario de Moraes
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
por Jornal A Voz da Serra

São poucos os brasileiros que já ouviram falar em Eddie Bracken. Os fãs de televisão nos Estados Unidos, principalmente os mais idosos, porém, o conhecem de sobra.

A melhor fase de sua carreira, no entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial, quando Bracken percorreu as frentes de batalha, participando de shows para os soldados ianques. Uma dessas viagens levou-o à ilha de Guam, no Pacífico. Com ele seguiam mais seis artistas, entre eles Pegy Rian, atriz do cinema, muito popular na época.

À noite, depois dos espetáculos, não havia mais nada para fazer. E foi numa dessas ocasiões que Bracken propôs que fizessem uma sessão espírita. Os colegas toparam a brincadeira, pois conheciam a sua fama de profundo conhecedor das coisas do Além. Bracken escreveu as letras do alfabeto em pequenos retângulos de papel. Depois arrumou-os num largo círculo em cima da mesa. No centro, colocou um pires emborcado, onde os artistas colocaram, um de cada vez e de leve, a ponta do dedo indicador da mão direita.

– Concentrem-se! – comandou Bracken. – E nada de risos ou piadas, entenderam? Isto é muito sério! Se algum espírito quiser comunicar-se conosco, esta será uma boa ocasião.

De início não aconteceu nada, até que Maxine Conrad tocou o pires. Imediatamente este começou a mover-se e, empurrando letra a letra, escreveu duas palavras: “Não vá”. Depois afastou mais três letras: I, W e O, que não fizeram sentido para ninguém. Maxine, embora assustada, conseguiu perguntar:

– Quem é você?

As letras foram afastadas, formando um nome: Charles Coff.

– Você está vivo ou morto? – quis saber a atriz.

– Morto.

– De onde você é?

– De Chicago.

– Quando morreu?

– No dia 20 de julho de l944.

– Como você morreu?

– Durante a invasão de Guam.

É lógico que esse diálogo levou um tempo enorme, letra por letra sendo afastadas para formar as respostas. Todos os presentes tinham conhecimento da invasão da ilha de Guam, que acontecera recentemente. Por isso, Maxine continuou o interrogatório:

– Onde você está agora, Charles?

Eles não entenderam a resposta, “Agana- NC”, seguida de dois números: 323 e l7. À seguir, Charles Coff soletrou a palavra sepultura. E nada mais disse. O pires, por mais que tentassem, ficou totalmente parado.

No dia seguinte, quando o grupo estava sendo levado para o local do próximo show, passaram por um lugar onde havia uma tabuleta com os dizeres “Agana - NC”. Era um cemitério e o “N C” eram as iniciais de Cemitério Nacional, em inglês. Os artistas pediram para parar os jipes e uma das atrizes sugeriu que os números 323 e l7 podiam significar a ala e o número da sepultura de Charles Coff. Contaram 323 alas e depois l7 covas. O nome na cruz era completamente diferente. Voltaram aos carros acreditando que tudo não passara de incrível coincidência, seguindo para Saipam, onde permaneceram alguns dias, até que foram solicitados a visitar outra ilha daquele arquipélago. E esta era Iwo Jima, que tinha sido conquistada pelos americanos depois de uma luta das mais sangrentas. Como a ilha já fosse considerada segura, os artistas aceitaram voar para lá. Mas, quando estavam prestes a subir no avião, surgiu nova ordem, mandando que eles seguissem em outro aparelho. Esta viagem também terminou sendo cancelada. Um pouco mais tarde, eles tiveram uma trágica notícia: o primeiro avião tinha desaparecido misteriosamente, ninguém sabendo do seu paradeiro.

Maxine Conrad foi a primeira a lembrar-se:

– Vocês recordam a primeira frase que o Charles escreveu? Não vá a Iwo... era sobre Iwo Jima que ele estava falando...

Depois de outros shows, em diversas ilhas do Pacífico, o grupo regressou a Guam, de onde voaria para a Califórnia, de volta aos Estados Unidos. Quando os artistas desembarcaram em Guam, foram recebidos por um oficial de ligação que parecia bem nervoso. Ele conhecia a história da sessão espírita e pediu ao grupo que o acompanhasse ao cemitério “Agana - NC”.

– Decidi verificar os números que vocês me deram de maneira diferente – explicou o oficial. – Fiz ao contrário: contei l7 e depois 323.

E parou diante de uma sepultura, apontando:

– Olhem esta cruz. É a sepultura 323 da ala l7.

E nela estava gravado: Charles Coff. Era o túmulo de um soldado morto em combate no dia 20 de julho de l944, durante a invasão da ilha de Guam. E ele nascera em Chicago...

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