Histórias verídicas - ASSALTO AO MOTEL

por Mário de Moraes
sexta-feira, 18 de julho de 2008
por Jornal A Voz da Serra

Esta aconteceu num dos inúmeros motéis plantados na estrada Rio-São Paulo. Ar-refrigerado, música ambiente, televisão com filmes pornôs, piscina privativa, luz de boate, o tipo do ambiente para abater uma boa caça.

Quem me contou a história chegou lá em ótima companhia, colocou o carro numa das vagas, estacionou e entrou diretamente na suíte. Tudo na mais perfeita ordem, como manda o figurino de boas casas do gênero.

A mulher, que não fora vista por ninguém, assim que se viu no cômodo acolhedor, deu expansão a seus instintos. No que, naturalmente, foi correspondida pelo contador deste caso (não eu, gente, o meu amigo).

Já cansados de fazer amor, fumando o cigarro de depois, ouviam o suave Frank Sinatra, quando a música foi interrompida e fez-se ouvir a voz delicada de um homem:

– Perdoe-nos se paramos a música, mas é que temos uma novidade para lhes anunciar. Acontece que hoje é aniversário desta casa e desejamos homenagear nossos distintos clientes com uma taça de champanhe. Daqui a pouco um dos nossos funcionários irá aos quartos levando duas taças cheias. Por favor, abram a porta para ele...

Uns segundos de silêncio, depois a piada:

– As senhoras, naturalmente, poderão ficar atrás da porta... ou no banheiro.

Não demorou muito e realmente tocavam a campainha da suíte.

Ele pediu para a pequena entrar no banheiro e foi atender. E deu de cara com um bruta 45, ameaçador, empunhado por um sujeito mal-encarado, que foi logo ordenando:

– Calma aí, meu chapa, se não quiser se dar mal! Vá entrando, ou leva chumbo quente! E não dê um pio, tá ouvindo?!

É lógico que ele obedeceu. O assaltante (que outra coisa não podia ser) ordenou que ele chamasse a mulher e ela surgiu amedrontada e nuazinha em pêlo. Depois, o sujeito armado pediu as chaves do carro e recolheu todas as roupas, dele e dela, se mandando com uma ameaça:

– Não saiam deste quarto enquanto não receberem ordens para isso, ou levarão bala!

– E as chaves? – ainda indagou o meu amigo, titubeante.

– Ficam conosco, para que não possam nos seguir. As roupas também, pois não acreditamos que queiram sair por aí desse jeito.

Pouco depois ouviu-se outra voz masculina, que tentava acalmar os assustados hóspedes:

– Perdoem-nos o incômodo, mas eles nos pegaram de surpresa. Os assaltantes já se foram, levando todo o nosso dinheiro. Quem vos fala é o gerente. Fiquem tranqüilos, que já estamos providenciando roupa pra todo mundo.

Realmente, um empregado do motel (da turma da casa eles não tinham levado as roupas) havia saído e conseguindo condução na estrada, dirigindo-se a Caxias (RJ). Lá, procurou o proprietário de uma grande loja de roupas, amigo do gerente do motel, a quem explicou o que havia acontecido. Voltou com um monte de camisas (de diversos tamanhos), calças blue-jeans femininas e masculinas, várias blusas para mulher e diversos pares de tênis.

Mais tarde, enrolados em toalhas, os hóspedes – agora pouco se importando em serem ou não reconhecidos – passaram a escolher seu novo e improvisado vestuário no salão de entrada do motel.

E é o meu contador quem continua:

– O mais engraçado era a cara do pessoal, todos vestidos da mesma maneira, alguns com calças arregaçadas, outros apertados dentro do número menor.

Depois, o drama maior:

– O pior, mesmo, Moraes, era o que dizer em casa...

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