Esta é histórica e tem início com uma pergunta: “Quem roubou a casa de Lincoln?”. Não é brincadeira. O destino da cabana de Abraham Lincoln, pai e símbolo da democracia americana, é um dos maiores mistérios da história da grande república do Norte.
O ano era 1892. Os moradores de Chicago preparavam-se para a maior feira e exposição jamais montada no mundo inteiro. Para celebrar o quarto centenário da descoberta da América, quase todas as nações haviam enviado algo valioso para ali ser exposto. Os Estados Unidos, patrocinadores da festa, não podiam ficar atrás. E alguém lembrou-se de que a casa de Lincoln, uma cabana existente nas florestas de Illinois, ainda estava de pé, em Goose Nest Prairie, Coles County, III. Por que não transformar essa relíquia histórica na contribuição norte-americana ao êxito da feira?
Formaram, então, uma Associação da Cabana de Lincoln e uma delegação seguiu com a incumbência de verificar se era possível adquirir a primitiva residência do grande patriota. Entre os escolhidos, contavam-se um engenheiro civil, dois arquitetos e, de acordo com o espírito americano de sempre respeitar a oposição, um ex-oficial das forças do que fora o exército confederado.
John J. Hall, parente do grande emancipador, era agora o proprietário da valiosa peça. Encontrou-se o descendente de Lincoln com a delegação à porta da velha cabana, batida pelo tempo. Fora de nível, cedendo no centro, ela parecia completamente abandonada. Apesar disso, aquela estrutura dilapidada fora o lar de um dos maiores presidentes dos Estados Unidos. Lincoln a visitara durante quase 30 anos e ali pernoitara antes de se dirigir para Washington, já como presidente eleito.
Como Hall não colocasse embaraços, a transferência de propriedade foi feita sem dificuldade. O problema, agora, era como desmontar a cabana para transportá-la até Chicago. A tarefa não parecia ser simples. Apesar de sua aparência externa, o abrigo era de sólida construção. As tábuas longas e pesadas. Uma grande chaminé de tijolos separava dois cômodos de seis por seis metros cada um. Tanto o assoalho como o teto eram de grossos blocos de madeira. Os operários, sob as ordens dos engenheiros, tiveram que desmontá-la tábua por tábua, tijolo por tijolo. Finalmente, a construção desmontada foi transportada para o local da feira.
Montada novamente, parecia que uma leve brisa dos Grandes Lagos seria suficiente para derrubá-la. Apesar disso, foi a peça mais visitada e comentada de toda a exposição. E todos ficaram deslumbrados e surpresos com a humildade da habitação onde vivera o grande Lincoln. Quando a exposição estava para acabar, a Associação começou a procurar um local onde pudesse instalar, como um monumento e definitivamente, a cabana do grande presidente norte-americano. Antes que encontrassem esse lugar, a feira terminou. Mrs. Eleanor Gridley, secretária da Associação, ficou encarregada de cuidar das peças da cabana de Lincoln até conseguir o local para montá-la novamente. Depois de muito procurar, ela conseguiu um alojamento para o monte de tábuas e tijolos: um parque de diversões, dos mais populares na época.
De quando em vez a eficiente Mrs. Gridley ia até lá, para certificar-se de que tudo permanecia em ordem. Certo dia, ao entrar no galpão que guardava as valiosas peças, ela teve uma grande surpresa: ali não havia nada! Tudo, tudo mesmo, havia desaparecido. Tábuas e tijolos tinham se evaporado como por encanto.
Apavorada, Mrs. Gridley comunicou o fato aos demais membros da Associação e todos se puseram em campo para descobrir que fim tinham levado as preciosas relíquias. Parecia impossível que alguém tivesse saído com aquele monte de tábuas e tijolos sem que ninguém desse por isso.
Mas, por mais que procurassem, não deram com a menor pista.
Até hoje ninguém sabe aonde foi parar a desmontada cabana de Abraham Lincoln...
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