Histórias Verídicas - 25 de abril

Por Mario de Moraes
sexta-feira, 24 de abril de 2009
por Jornal A Voz da Serra

O tiro saiu pela culatra

Certa ocasião Bernard Shaw, famoso escritor irlandês, quis dar uma gozada num grupo de senhoras que lhe pedira, através de uma carta delicada, o seu último livro, alegando pertencer a uma associação feminina de cultura muito pobre, incapaz de arcar com a despesa da compra da obra, que iria "enriquecer a nossa biblioteca".

O autor de Pigmalião respondeu-lhes que não acreditava que alguém lesse livros guardados em bibliotecas. Além disso, ele também era muito pobre, não tendo 15 shillings para pagamento do porte da remessa.

Bernard Shaw não contava, porém, com a astúcia da secretária da associação de cultura, que vendeu a carta, com o autógrafo do Prêmio Nobel de Literatura de 1925, exatamente por 15 shillings, preço do livro solicitado. Mais tarde o comprador da carta-resposta de Shaw a revendeu por 15 libras, na época um bom dinheiro, para adquirir não um, mas todos os livros escritos pelo irreverente autor irlandês.

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Lauro Müller, além de ter sido Presidente do estado de Santa Catarina (hoje seria Governador), foi Ministro da Viação no governo Rodrigues Alves. E foi nesse cargo que ele teve o desprazer de receber uma importuna visita. Tratava-se de um empreiteiro que, vencedor da concorrência para construção de um porto, queria aproveitar a oportunidade para bajular o grande político brasileiro.

-Vim à presença de Vossa Excelência para pedir-lhe um consentimento...

-Pois não, diga qual é , retorquiu Lauro Müller.

O outro sorriu triunfante e saiu-se com esta :

-Não posso dizer mas, tenho certeza, o que vou realizar irá agradá-lo bastante. Por isso, tomo a liberdade de pedir a Vossa Excelência que dê o seu consentimento em confiança...

Lauro Müller impacientou-se :

-Isso é impossível, meu senhor. Por mais que confie nos seus bons propósitos, preciso saber do que se trata.

Não tendo outra alternativa, o puxa-saco explicou:

-Gostaria que constasse no contrato da obra de construção do porto uma cláusula, sem nenhum ônus para o seu ministério, da obrigatoriedade de erigir uma estátua de Vossa Excelência, que desejamos colocar na extremidade do quebra-mar, em pleno oceano, em lugar que todos possam vê-la.

Lauro Müller teve gana de expulsá-lo de seu gabinete, mas conteve-se e respondeu :

-Dou o consentimento, mas com uma condição...

O empreiteiro exultou, pensando lá com os seus botões : "Afinal, são todos iguais, uns vaidosos". E concordou entusiasmado :

-Seja qual for, será atendida.

-Desejo escolher o material com que construirão a minha estátua.

-Pois que Vossa Excelência escolha. Seja de bronze, de mármore, ou até mesmo de ouro, nós a construiremos - exagerou o bajulador.

E Lauro Müller despachou-o com estas palavras :

-Pois levantem-na de areia !

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