Tião do Povo - Um coração roxo e branco por toda a vida
O coração de Sebastião Garcia de Queiroz decididamente não era vermelho. Era roxo. Roxo e branco. Cores da sua Saudade, escola que o emocionou até o fim da vida. Conhecido como Tião do Povo, ele era metalúrgico e teve oito filhos. Todos, é claro, torcedores da Unidos da Saudade. "Meu avô, pai de meu pai, tinha uma sapataria em frente ao atual Shopping Cadima”, conta Simone, uma das filhas de Sebastião. "O nome da loja era Sapataria do Povo, então meu pai ganhou o apelido de Tião do Povo”, esclarece ela. "Meu pai adorava carnaval, era apaixonado pela Saudade, assim como todos nós. Um dia ele ficou doente, precisou de cadeira de rodas. Nós morávamos na rua Augusto Severo, onde tínhamos que subir 135 degraus para chegar em casa. Mas ele gostava tanto de ver a Saudade, que nós colocávamos ele numa cadeira comum - a de rodas era muito pesada - e descíamos os degraus e depois a ladeira, até chegar na Alberto Braune. Isso foi assim até o fim da vida dele”, conta a filha, relembrando o amor de Tião do Povo pela roxo e branco.
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Um homem dedicado à família, de coração extremamente simples e apaixonado por sua escola de samba. Esse era Luiz Leônidas do Nascimento, mais conhecido como Leônidas. Nascido em 1932, morou a vida inteira na Vilage. E engana-se quem pensa que tudo começou na escola em que Leônidas dedicou anos de sua vida. Antes disso acontecer, ele e alguns amigos resolveram participar de uma escola que pertencia ao centro da cidade - numa época em que havia rixa entre os bairros. Essa participação, porém, não durou muito tempo. Considerados "pé de bicho” por andarem descalços, Leônidas e seu grupo foram expulsos da agremiação.
Mas essa rejeição não o desanimou. Inconformados com a expulsão, o carnavalesco e seus amigos de grupo fundaram, em 23 de setembro de 1948, o "Grêmio Recreativo Vilage no Samba”. E foi ele mesmo quem escolheu o símbolo – uma águia – e as cores verde e branco da escola.
Logo no primeiro ano de desfile, a escola do coração de Leônidas foi campeã. Um verdadeiro colecionador de títulos, não só no futebol – esporte ao qual era muito ligado – mas principalmente no carnaval, onde foi eleito cidadão-samba por diversas vezes e recebeu inúmeras homenagens por sua trajetória. E, apesar de nos últimos anos em que esteve entre nós não ter podido desfilar por motivos de saúde, Leônidas sempre fazia questão de tocar no troféu quando a Vilage era campeã do carnaval. Luiz Leônidas do Nascimento, uma estrela que deixou a terra para brilhar no céu.
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Wagner Faria confessa: é bairrista. "Olaria é a minha vida”, declara ele, que como não poderia deixar de ser, é fã do Friburguense e da Imperatriz de Olaria, da qual chegou a ser presidente. Está lá desde 1979, quando a escola entrou na avenida com o enredo "Um Bom Baiano”, sobre Jorge Amado. O desfile, segundo ele, estava lindo, mas a agremiação foi derrotada por um fato inusitado: a atriz Wilza Carla deu nota um para o enredo. Frente à revolta, ela se desculpou, afirmando que a intenção era dar dez, mas esquecera de colocar o número zero após o um. "Mesmo assim, a Imperatriz ficou em segundo lugar”, ressalta Wagner. "Mas, um ano depois, a escola ganhou seu primeiro título com o enredo "A Lenda das Pedras Preciosas”, de Alaelson Correa. Wagner conta que depois de um período em baixa, a escola voltou a crescer a partir de 2007. "O título é um detalhe. Resgatamos o prestígio, a comunidade voltou à escola. Quem gosta da agremiação faz tudo por ela. Eu ajudo no que for preciso. Adoro a Imperatriz”.
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