Hip hop feito com seriedade

sexta-feira, 08 de julho de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Hip hop feito com seriedade
Hip hop feito com seriedade

Revés difunde a cultura hip hop e colabora para que crianças busquem novos objetivos

por Bruno Pedretti

A cultura hip hop, ao contrário do que algumas pessoas pensam, serve para integrar e dar um rumo certo na vida de adolescentes que podem estar um tanto “perdidos”. Com esse intuito foi criada a ONG Revés. O objetivo principal da Revés é difundir o hip hop enquanto agente de interação social, especialmente entre crianças e jovens. Trabalhar com esta cultura, ainda marginalizada dentro de uma sociedade permeada de preconceitos e valores distorcidos, não é uma tarefa fácil. Esta dificuldade foi o vetor que motivou a fundação da ONG.

“Tendo uma representatividade legal instituída, pode-se empenhar o comprometimento social com a causa; no mesmo passo, a sociedade também muda sua postura em relação aos agentes desta cultura”, afirma a secretária geral da Revés, Ana Géssica Fernandes. A integrante explica a escolha do nome da ONG. “O nome ‘Revés’ foi o mais apropriado pela própria semântica da palavra: reverso, fatalidade, contratempo. Além de soar esteticamente bem, denota as dificuldades passadas pelo grupo ao assumir o compromisso com a causa. Tanto o nome quanto o logotipo da ONG são símbolos de superação e luta, conquista e perseverança”, destaca Ana.

Há três anos foi criado o home-studio, no mesmo lugar onde é situada a sede, no Cordoeira. Cerca de vinte associados participam da Revés. Para os eventos o projeto conta com três MCs, quatro b-boys, um coordenador gráfico, uma assessora de rede e um produtor geral. Há ainda crianças que compartilham das atividades da oficina que a Revés realiza no Colégio Municipal Padre Rafael, às terças e quintas-feiras, monitoradas pelos principais responsáveis pela ONG.

A Revés foi fundada oficialmente no dia 13 de fevereiro, através de um assembleia geral. O primeiro evento após a fundação foi no Colégio Estadual João Bazet, no dia 20 de março. “A Revés está atuando forte na divulgação do seu trabalho pela internet, através das suas redes sociais e canal do YouTube, portanto, a agenda de apresentações está em pausa. Pretende-se, em breve, fazer o lançamento oficial do EP Apenas Relatos, do rapper D-Eciemy, já disponível na rede”, diz Ana.

O primeiro EP produzido pela Revés foi o Movimento Hip Hop Independente, lançado em agosto de 2010. “Foi uma consagração particular de todos os envolvidos no projeto. Este segundo EP, Apenas Relatos, chega com mais experiência e com letras ainda mais fortes, seguindo o passo e o sucesso do primeiro”, revela a secretária geral.

As dificuldades são inúmeras. De acordo com Ana, além do preconceito vivido pelos agentes, a falta de recursos financeiros e de parcerias para a realização das ações ainda são obstáculos enfrentados pela ONG. “A institucionalização do projeto atua neste processo: busca de parcerias, apoios e patrocínios para a execução real das ações”, frisa.

Reação do público

Segundo Ana Géssica Fernandes, o público sempre reage de maneira positiva nas atividades da Revés. “Seguindo a linha essencial do rap, de conteúdo crítico e denuncia social, há sempre uma boa aceitação do público ao assistirem as apresentações. Mas causar a discussão para soluções efetivas é o grande foco”, destaca.

Outra prioridade da ONG é trabalhar o processo de elevação de vida do ser humano, principalmente crianças e jovens, através da cultura hip hop. “Cada cidadão que tem a oportunidade de expressar seu talento e sua voz e ser reconhecido dentro de uma sociedade através do seu trabalho é um militante da luta pela implementação de uma sociedade mais justa. Por este motivo, a Revés tenta abranger o máximo possível de adeptos dos elementos da cultura hip hop, principalmente o rap e a breakdance: para atuar na construção da cidadania”, conclui a secretária.

Conseguir dinheiro para promover os eventos não é uma tarefa fácil para a Revés. “Nas intervenções culturais feitas nas escolas e demais espaços públicos, por exemplo, a ONG conta com a parceria do DJ Marcelo Costa, que cede seu equipamento, e com as próprias escolas, que oferecem o espaço e promovem a divulgação entre os alunos. Essas apresentações são totalmente gratuitas e abertas para toda a comunidade. Já os eventos maiores, como o realizado em agosto de 2010 na Praça Dermeval Barbosa Moreira, carecem de uma estrutura de maior porte e, para tanto, são feitas parcerias, visando a captação de recursos financeiros para sua execução. De uma maneira geral, como o objetivo é difundir o hip hop nas comunidades carentes, não é necessária a obtenção de grandes somas, diferente dos shows fechados, em boates e casas noturnas, onde o público-alvo é outro”, pontua Ana Géssica.

Para conhecer mais sobre o projeto da ONG Revés, é possível acessar as redes sociais, pelo Facebook, Orkut, entre outros, ou ainda pelo blog www.revesculturahiphop.blogspot.com — e sugerir eventos, participar dos projetos ou colaborar com a iniciativa.

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