Muita gente acredita que no futuro, para que os alunos tenham uma educação de qualidade, será preciso que o professor tenha acesso a novas tecnologias, como equipamentos eletrônicos de última geração. No entanto, para Hamilton Werneck, professor titular para o ensino superior do Conselho Nacional de Educação, pedagogo escritor e articulista de A VOZ DA SERRA, o papel do professor do futuro vai muito além de tecnologias.
Com 25 livros publicados e sete DVDs educativos, ex-secretário de Educação de Nova Friburgo, Werneck já realizou mais de 1.600 conferências em todo o Brasil. Recentemente ele esteve em Vitória, onde defendeu a tese de que o papel do professor do futuro deverá ser ocupado por profissionais competentes, que tenham habilidade de lidar com situações novas e adversas, e que tenham conhecimento profundo do que ensinarão, além da valorização financeira do profissional.
Falando à imprensa local, Werneck comentou que o professor não pode descuidar da linguagem, porque cada disciplina exige um vocabulário próprio e específico e a competência. Segundo o conferencista, a comunicação dentro da sala de aula é fundamental para uma educação de qualidade. No entanto, ele frisa que os educadores lidam com seres humanos, o que vai muito além do contato virtual, por meio das novas tecnologias.
Sobre a questão da qualidade de ensino no Brasil, Werneck explica que um dos pontos principais para a melhoria é a valorização do profissional no aspecto financeiro. Ele afirma que os baixos salários pagos, principalmente nas redes públicas, produziram uma defasagem de aproximadamente 250 mil profissionais em todo o Brasil.
MUDANÇA DE VALORES - Para Werneck, os valores mudaram muito na educação. “Se, antes da Segunda Guerra, tínhamos a escola das certezas, depois dela passamos à escola das promessas. Ao final da Guerra do Vietnã vivíamos a escola das incertezas. O Brasil veio a reboque e com atraso. Quando todas as crianças estavam na escola na Europa e América do Norte, e alguns asiáticos dedicavam-se à educação, valorizando o professor como pessoa e no salário, o Brasil procurava desenvolver a educação para poucos com o objetivo de ter mão de obra barata, ainda no estilo dos colonizadores portugueses”. E por isso faltam no Brasil atualmente 250 mil professores em vários ramos do saber.
Hamilton Werneck escreveu vários livros voltados aos professores, entre eles, “Professor, você não é um coitadinho! A hora da reação chegou”. Isto porque, em sua opinião, o professor não pode colocar-se na posição de “coitadinho”, pequeno. “A dignidade exige que devemos reagir a esses jargões, que acabam por difamar ainda mais o nosso comportamento profissional dentro da sociedade”, finalizou.
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