Tudo começou com o convite do veterano radialista Ernani Huguenin ao primo Christiano, recém-formado em Direito, para que criasse um quadro de orientação jurídica em seu programa "Dimensão Total”, na Rádio Friburgo AM. O advogado, que até aquele momento jamais havia pensado em trabalhar com comunicação, aceitou o convite e deu início a uma rotina que já prestou auxílio a milhares de pessoas, e que há seis anos preenche a pauta do programa "O Direito na Rádio”, nas manhãs de sábado.
"Eu terminei minha graduação no fim de 2006, fiz a prova da OAB, e comecei a advogar em fevereiro de 2007”, relembra Christiano Huguenin. "Dois meses depois meu primo Ernani me convidou para participar de seu programa de rádio, onde comecei a esclarecer as dúvidas dos ouvintes. O volume de ligações aumentou muito rapidamente, no entanto, e em dezembro daquele ano eu entendi que já era hora de ter um programa só pra isso. Assim nasceu O Direito na Rádio, que mês que vem completa seis anos de vida”, continuou o advogado.
Com duração de uma hora, o programa tem uma característica bastante peculiar: ele é feito completamente de improviso, a partir das perguntas feitas ao vivo. "Nossa pauta quem faz é o ouvinte. A pergunta vem de estalo, na hora, a grande maioria voltada ao direito previdenciário. As pessoas têm muitas dúvidas a esse respeito”, explicou Huguenin, que já recebeu ligações até do Piauí, graças à transmissão do programa pela internet.
Naturalmente, a imprevisibilidade de trabalhar ao vivo gera situações por vezes mais complexas. Alguns casos pedem explicações demoradas, e outros requerem um trabalho de pesquisa mais aprofundado. "Por mais que as perguntas sejam repetitivas, às vezes surgem casos complexos, nos quais não é possível responder de imediato. Sempre busco dar uma resposta técnica e exata, porque é uma responsabilidade muito grande. A pessoa precisa ouvir o que está dentro da lei. Aqui nós falamos para um universo de quase um milhão de pessoas, na região e na internet. Então já houve caso em que eu tive que pegar o contato da pessoa ou pedir para que ligasse para cá novamente para que eu pudesse explicar melhor, aprofundar mais, estudar o tema, para dar uma resposta sem qualquer tipo de dúvida. Na maioria dos casos isso não é preciso, mas situações assim existem. O programa é uma faculdade constante, eu tenho que estar sempre antenado a debates como a desaposentação, que está para ser julgada no Supremo Tribunal Federal e que vai mexer com a vida de muitas pessoas”, prosseguiu Christiano.
Outro fator importante para o sucesso do programa, nas palavras do próprio radialista, está ligado diretamente à linguagem empregada durante as respostas. "O advogado geralmente usa de um linguajar mais polido, que cria uma barreira entre ele e o cliente. Aqui, no entanto, eu procuro usar do vocabulário mais simples para poder ter esse encontro e quebrar essa barreira, mostrar que dá para entender as regras. Eu procuro ser o mais simples possível, até porque o direito previdenciário é simples, e a maioria das dúvidas tem relação com o INSS. E quando surge uma questão mais técnica eu aconselho as pessoas a virem aqui, porque não podemos passar uma hora falando sobre o mesmo tema”, explicou.
Voluntariado após a transmissão
De fato, a cada novo programa o auditório recebe mais e mais visitas em busca desta orientação mais aprofundada. "Geralmente nós recebemos umas quinze pessoas a cada fim de semana, mas já cheguei a atender quase trinta. Às vezes eu saio daqui somente no meio da tarde”, comentou Christiano.
"Esse tipo de apoio é fundamental para conseguirmos nossos direitos”, comentou Dona Neyde Silva, enquanto aguardava pelo atendimento. É importante ter alguém que tire nossas dúvidas e explique de forma clara, principalmente sobre o INSS. Nós encontramos esse apoio e por isso vem tanta gente tirar dúvidas aqui nas manhãs de sábado”, encerrou.
O atendimento voluntário, de certo modo incomum no que se refere a este tipo de atividade, parece ter relação direta com a própria formação do advogado. "Eu enfrentei muitas batalhas para conseguir me formar. Trabalhava no Hospital Raul Sertã, como almoxarife no setor de nutrição, e depois eu na portaria do hospital, no setor de informações. E à noite ia para a Cândido Mendes. Na verdade eu só pude cursar a faculdade porque naquela época o funcionário público tinha um desconto de 50%, então eu sei bem como é lidar com dificuldades e precisar de ajuda. Ter essa chance de auxiliar a quem precisa é algo que traz uma grande realização pessoal e profissional”, encerrou o advogado e radialista.
O programa o Direito no Rádio vai ao ar todos os sábados, na Friburgo AM, entre 10h e 11h.
Deixe o seu comentário