O Grupo Escoteiro Anchieta comemora 60 anos com a exposição “Uma Lei, Uma Promessa”, na Fundação D. João VI, sobre o Movimento Escoteiro, desde a sua origem, na Inglaterra, até a criação do 40º Grupo Escoteiro Anchieta, em 1957, em Nova Friburgo.
Segundo o curador da exposição e diretor-técnico do grupo, Gabriel Vabo, a primeira proposta do trabalho é contar a história do surgimento do escotismo na Europa até a implantação no Brasil. “Num segundo momento, a exposição discute a memória das associações e grupos escoteiros de Nova Friburgo”, revelou.
Todo o material de acampamento pertence ao Grupo Escoteiro Anchieta, presidido por André Gula, e as fotos foram doadas por membros atuais e antigos do grupo. Parte dos objetos e documentos expostos pertence a Gabriel Vabo, de sua coleção particular, guardada desde quando seu avô era chefe de um grupo de escoteiros, no Rio de Janeiro, na década de 1970.
De acordo com Vabo, a ideia de realizar a exposição surgiu a partir de suas pesquisas sobre a História da Educação realizadas durante sua graduação e pós-graduação em História. Ele se sentiu motivado também pelo seu envolvimento de 20 anos com o escotismo e o desejo de celebrar o aniversário de 60 anos.
A mostra é abrangente, em todos os sentidos. Criado pelo Padre Giovanni Selvaggi, a exposição ocupa todo o espaço do maior salão do antigo casarão do Barão de Nova Friburgo e reproduz com criatividade e fidelidade o ambiente de um acampamento escoteiro. Estão montadas barracas de lona usadas entre as décadas de 1950 e 1970, sendo uma delas, do Canadá, das décadas de 1980 e 1990, e uma instalação de toldo com mesa e cozinhas feitos de bambu, com uma fogueira representando o ambiente de “Fogo de Conselho” (reunião festiva ao redor do fogo onde se cantam músicas e contam histórias na última noite de acampamento).
Diversos cartazes de época e reproduções de publicações históricas contam, em detalhes, o desenvolvimento dos escoteiros no Brasil, particularmente, em Friburgo. Para homenagear o Padre Selvaggi, o mobiliário de seu quarto no Colégio Anchieta foi cuidadosamente montado, incluindo detalhes, como a pasta de anotações com nomes de alunos e escoteiros e os seus manuais, dispostos numa escrivaninha.
“Outras peças que lembram o querido padre são a sua batina, a mala com material para missa campal e sua última e maior condecoração, a Cruz de São Jorge, concedida pela União dos Escoteiros do Brasil em reconhecimento aos seus longos e dedicados serviços prestados ao Movimento Escoteiros”, revelou Gabriel.
As fotos expostas são do acervo do Grupo Anchieta, da Fundação D. João VI e de antigos escoteiros. “Atualmente, Nova Friburgo conta apenas com o Grupo Escoteiro Anchieta, com cerca de 50 jovens inscritos. Nosso grande desafio para expandir o movimento na cidade é atrair adultos voluntários”, explicou Gabriel, acrescentando que o Movimento Escoteiro é uma entidade sem fins lucrativos que depende do apoio da sociedade e voluntários.
“Pretendemos, ao longo da exposição, apresentar o Movimento Escoteiro, conquistar novos participantes e colaboradores e sensibilizar antigos escoteiros a relatarem suas histórias e vivências, através de seus depoimentos e fotos para conhecer ainda mais sobre os 100 anos do Escotismo em Nova Friburgo”.
A exposição fica aberta para visitação às segundas-feiras, das 13h às 17h, e de terça a sexta-feira, das 9h às 17h. Mais informações e contato: geanchieta40@gmail.com e Facebook.
A origem e chegada ao Brasil
O Movimento Escoteiro foi fundado em 1907 pelo ex-general do exército inglês Robert Baden-Powell. Apesar de militar, ele não quis deixar como herança para o Movimento Escoteiro as características de sua formação, mas aproveitou técnicas que seriam úteis no desenvolvimento dos jovens para criar um método educacional.
Baden-Powell utilizou-se dos aprendizados que o tornaram coronel aos 33 anos para ajudar na formação dos jovens. Sua maior recompensa foi o interesse dos jovens em aprender e replicar as técnicas citadas em um de seus livros, adotado por escolas britânicas. Aos poucos reuniu suas experiências e as atividades dos exploradores para ser utilizado na educação dos jovens, como o Escotismo.
Em 1907, ele levou 20 rapazes para a Ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escoteiro do mundo – a forma que ele havia encontrado para testar suas ideias. Ao longo de oito dias, ele aplicou ensinamentos sobre vida em equipe e ao ar livre, acampamentos, fogueiras, jogos, rastreamento, observação, técnicas de primeiros socorros, alimentação e boas ações. Sua meta era que os jovens voltassem para suas casas mais independentes e com novas habilidades. O acampamento foi um sucesso e, no início do ano seguinte, Baden-Powell lançou as seis edições do guia “Escotismo para Rapazes”.
Em 17 de abril de 1910, encerrando um ciclo de quatro anos de renovação da frota naval brasileira, o Encouraçado Minas Gerais chegou ao Brasil, vindo da Europa, com um grupo de oficiais que trazia consigo uniformes e acessórios escoteiros.
O grupo se organizou para fundar a primeira associação escoteira, chamada de Centro de Boys Scouts do Brasil, no Rio de Janeiro. A palavra “escoteiros” surgiu alguns anos depois, no lugar do termo “scrutar”, adotado assim que o Escotismo chegou ao país.
O Movimento Escoteiro se espalhou por todo o território nacional, inicialmente com diversas associações independentes, até que, em 4 de novembro de 1924, foi criada a União dos Escoteiros do Brasil.
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