Criador do Grupo em Grupo, o diretor teatral Wilson Wagner, lembra que o clássico do teatro brasileiro “Deus lhe Pague”, de Joracy Camargo, teve sua primeira montagem em 1932, numa produção da Companhia de Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. “Ao apresentar duras críticas à sociedade brasileira, o que jamais tinha sido visto na cena teatral até aquele momento, a peça levou o público a questionar sua realidade. É uma obra que, para muitos, inaugura o teatro social no Brasil”, ressaltou Wagner.
Nesta sexta-feira, 15, e sábado, 16, o Grupo em Grupo festeja seus 30 anos de atividades com a remontagem da peça, às 20h, no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Classificação: 12 anos.
O grupo, conhecido pela montagem de comédias, desta vez convida o público para se divertir e se emocionar com um trabalho que estimula o pensamento e a crítica social, sem deixar de lado a linguagem bem humorada, ao contar a trajetória de um mendigo que, impedido de gastar as esmolas que a sociedade despejava em seu chapéu, fica milionário.
“Questionamentos sobre o valor do amor e do dinheiro de uma forma envolvente, com toques filosóficos, enriquecem a trama. Parte da crítica social está contida nas lições do “mendigo rico” a outro personagem, também mendigo, que lhe pede conselhos ao saber de seu êxito com esmolas. A dupla esboça traços dos clowns de “Godot”, dos coveiros de “Hamlet”, do Gordo e o Magro”, destacou o diretor.
Segundo Wagner, o sucesso da obra atravessou fronteiras e grupos de teatro do Chile, Estados Unidos, Portugal, Espanha e outros países montaram o espetáculo. Chegou a ser encenado em quatro teatros ao mesmo tempo na Argentina. “Fora dos palcos, na Universidade de Baltimore (EUA), a peça foi adotada como livro auxiliar para os estudantes de língua portuguesa. Daí a importância da obra também como literatura, traduzida para diversos idiomas”.
No prefácio da 1ª edição do livro, o ator Procópio Ferreira escreveu: “...Deus lhe Pague é a grande obra cultural do teatro brasileiro. Marca o início de nossa arte na sua verdadeira expressão: teatral, cultural e social. Com ela, o nosso teatro, até agora acanhada representação de hábitos, usos e costumes, pilhérico e sem intenções, além de distrair, se integra na sua missão educativa como fator principal de civilização”.
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