Considerada uma das mais duradouras da história e a maior dos últimos dez anos, a greve dos professores da rede estadual de ensino completou três meses na última quinta-feira, 2. E o movimento parece estar longe de acabar. Ainda na quinta-feira, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), anunciou que a categoria optou, após assembléia, por dar continuidade a paralisação.
No dia anterior, entretanto, a juíza titular da 2º Vara da Infância, Juventude e Idoso, do Rio, Glória Eloíza Lima da Silva, determinou a volta às aulas em todas as unidades ocupadas por estudantes e professores no estado, mas os integrantes do movimento Ocupa não acataram a decisão.
Em Nova Friburgo, de acordo com a representação do sindicato da categoria, cerca de 60% dos docentes permanecem em greve. No Colégio Estadual Jamil El-Jaick, os alunos seguiram o exemplo de outras escolas estaduais da capital do estado e ocuparam a unidade. Segundo o professor grevista e um dos representantes do Sepe em Nova Friburgo, Rodrigo Inácio, a decisão judicial também não foi seguida por aqui. “Não tem professores dando aula no Jamil”, frisou Rodrigo.
Com receio quanto a reposição das aulas perdidas pelas filhas no Jamil El-Jaick, a diarista Gilsara Maria Marques, de 38 anos, preferiu transferi-las de escola. “Fiquei muito preocupada com a possibilidade delas perderem o ano letivo, então solicitei a transferência delas do Jamil para outra escola. Cheguei a ouvir que alguns professores que não estavam em greve dariam aula para os alunos do Jamil em outros espaços, como os Cieps de Olaria e de Conselheiro Paulino, mas achei melhor não arriscar e tirei minhas filhas de lá”, conta Gilsara.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) negou essa possibilidade de transferência de espaço físico das aulas do Jamil para os Cieps Glauber Rocha, em Conselheiro Paulino, ou Licínio Teixeira, em Olaria. Para Rodrigo Inácio, a disseminação desse tipo de informação estaria sendo feita com o objetivo de enfraquecer o movimento grevista. “Estão pressionando e colocando receio em alunos e professores para que o apoio a paralisação diminua. Já falaram em reprovação e perda do ano letivo, mas essas informações são infundadas”, garantiu o sindicalista.
Apesar de o Sepe afirmar que a reposição de aulas só será definida no fim da greve, na última quarta-feira, 2, o secretário estadual de Educação, Wagner Victer, comentou, em audiência pública, sobre a probabilidade de os jovens terem que estudar nos meses de janeiro e fevereiro de 2017.
“Os alunos das escolas do estado não perderão o ano letivo por causa da greve, mas pode ser prejudicial aos vestibulandos, já que as faculdades podem não aceitar uma declaração dizendo que o aluno ainda precisa completar a escola", destacou o secretário.
Em assembleia realizada na última quinta-feira, 2, representantes do Sepe cobraram a posição do governo do estado em relação as suas principais reivindicações. Dentre elas: a definição de 30 horas de carga horária para profissionais de apoio, 1/3 de planejamento, pagamento por enquadramento, calendário de pagamento e reajuste salarial.
O Sepe também exigiu que o estado faça um documento sobre a posição oficial quanto a cada um destes pontos para que o sindicato possa apresentar na nova assembleia, que será realizada na próxima quarta-feira, 8. O encontro pode ser a esperança para aqueles que aguardam o fim da paralisação.
Deixe o seu comentário