Além dos professores da rede estadual, docentes e técnicos administrativos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) também resolveram cruzar os braços em protesto a crise na educação. O movimento, convocado pela Associação de Docentes da Uerj (Asduerj) e pelo Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio (Sintuperj), começou nesta segunda, 7. Dentre a série de reivindicações estão o reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho.
A paralisação por tempo indeterminado atinge milhares de alunos nos diversos campi do estado. Em Nova Friburgo, mais de 600 estudantes não tiveram aulas nesta segunda. De acordo com a coordenadora de pós-graduação e professora do curso de Engenharia Mecânica na Uerj Friburgo, Marisa Cristina Rocha, a falta de investimentos nas universidades públicas tem gerado consequências preocupantes. “Estamos trabalhando quase sem recursos, sem reajuste salarial há anos, tendo que pagar despesas universitárias do próprio bolso, com verbas atrasadas até para bolsistas, que muitas vezes contam apenas com esse dinheiro para se manter. Isso é um absurdo. Além do mais agora temos instituições como o Hospital Universitário e a Faperj ameaçadas. Estamos vivendo um caos”, conta Marisa.
Além dos atrasos nos salários e a deficiência em alguns setores, a Uerj também enfrenta problemas estruturais. De acordo com docentes, o orçamento assim como a manutenção de laboratórios e salas de aula diminuiu, e os terceirizados alegam atrasos nos repasses de verba. A categoria luta contra os cortes no orçamento, reajuste emergencial de 30%, pelo fim da regressão e a liberação imediata dos processos de progressão na carreira e também contra a reforma da Previdência e o congelamento de salários.
Na manhã de segunda-feira, 7, a reitoria da Uerj divulgou nota em apoio à greve. “Acreditamos no diálogo e na transparência de informações para a consolidação de uma universidade pública, autônoma, forte, democrática, responsável e socialmente referenciada, que atue para o bem-estar de nossa sociedade. Fica claro que a paralisação expõe para o cidadão os problemas já detectados em 2015 e que estão se acumulando em 2016”, diz trecho do texto.
A reitoria pediu “cautela e ponderação” dos grevistas em caso de discordância de alguns servidores e reconheceu os problemas enfrentados nos pagamentos de salários de bolsistas e contratados, o que paralisou os serviços de limpeza, segurança, alimentação e manutenção. A instituição ainda afirmou que espera o repasse de verbas pelo estado para a regularização dos pagamentos em atraso.
Estado nega falta de reajustes
Na tarde desta segunda-feira, o Estado, através de nota enviada pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, se manifestou. “O governo do estado considera legítimo o direito de greve e reitera que a educação é uma das suas prioridades”, diz início do texto. Sobre a reivindicação salarial, no entanto, o governo afirma valorizar os professores e técnicos da Uerj realizando reajustes periódicos de salários. “Entre janeiro de 2010 e janeiro deste ano, os docentes tiveram reajuste de até 103,78%. Nesse período, os auxílios alimentação e insalubridade também foram reajustados”. O governo ainda alegou que tem feito repasses à Uerj de acordo com a disponibilidade de recursos em caixa e que novos pagamentos serão realizados o mais rapidamente possível.
“A forte recessão da economia brasileira está afetando todos os estados brasileiros, em particular o Rio de Janeiro, cuja economia tem, pela sua vocação natural, forte peso do petróleo, com preços despencando desde 2014. A quase paralisação das atividades da Petrobras agrava significativamente a crise das finanças fluminenses”, esclarece outro trecho da nota.
Paralisação continua na rede estadual
De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe) em Nova Friburgo, cerca de 70% dos professores da rede estadual aderiram à paralisação iniciada há uma semana. Além da reivindicação por reajustes salariais, melhores condições de trabalho e estruturais das unidades, o movimento também protesta contra o projeto de reforma da Previdência do governo do Rio à Assembleia Legislativa (Alerj) que prevê aumento no desconto de 11% para 14%.
Na quarta-feira, 9, será realizada nova assembleia geral na Câmara de Vereadores de Nova Friburgo para que os docentes da cidade e representantes do sindicato possam discutir reivindicações locais e os novos passos que serão dados pelo movimento grevista. “Na manifestação realizada no Rio no último dia 2, já conseguimos um avanço no que diz respeito a reforma previdenciária. Mas precisamos e vamos continuar com nossas reivindicações. A greve ainda não tem prazo determinado para acabar”, afirma o professor e sindicalista, Angelo Jachelli.
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