Paralisação atinge a maioria dos bancos em Nova Friburgo. Categoria quer salário de R$ 1.012
Henrique Amorim
Os vigilantes estão em greve desde o último dia 12 e o movimento parece estar longe do fim. O Sindicato das Empresas Privadas de Segurança e Transportes de Valores nem sequer enviou um representante à rodada de negociação inicial proposta pelo Sindicato dos Vigilantes do Estado do Rio de Janeiro. O resultado então foi a paralisação da categoria que pleiteia 10% de reajuste mais o acumulado da inflação no último ano (6,5%). Com isso, o piso-base dos vigilantes chegaria a R$ 1.012 por mês. Também é pedido pelos grevistas aumento do vale-refeição para R$ 16,50 por dia e aumento de 30% da bonificação risco de vida acrescida aos salários. “Nem aparecer para negociar é uma afronta aos vigilantes que arriscam diariamente suas vidas durante o trabalho. Ano passado depois de 32 dias de greve conseguimos só 1,5%. É um desrespeito com nossa classe, que garante a segurança de demais trabalhadores e da população; mas não iremos desistir”, afirmou nesta sexta-feira, 16, o presidente do sindicato da categoria na base Centro-Norte fluminense, Manoel Nascimento, que congrega cerca de 300 vigilantes só em Nova Friburgo.
Com o movimento intitulado “0% não aceitamos”, os vigilantes permanecem de braços cruzados nas portas das agências bancárias do município, setor mais atingido pela greve, pois, por força de lei, os bancos não podem funcionar sem o mínimo de três vigilantes em cada agência. A greve, mesmo causando transtornos à população—obrigada a recorrer aos setores de autoatendimento dos bancos ou às lotéricas e correspondentes bancários—, tem tido a aprovação de muitos clientes. “Essa profissão [vigilantes] era para ser muito mais valorizada, pois esses guardas arriscam suas vidas todos os dias para garantir a nossa proteção dentro dos bancos. E no caso de assaltos eles é que são mais visados”, observou a cliente do Bradesco, Ângela de Fátima Castrioto. “Com um salário menor que R$ 900 como vou sustentar minha família? O jeito é fazer bicos e trabalhar cansado e desestimulado”, denunciou um vigilante que tem três filhos e já admite pensar em mudar de profissão. “Acho que vender balas nos ônibus e nas ruas renderia mais no fim do mês”, disse ele.
De acordo com o Sindicato dos Vigilantes, apenas algumas agências bancárias “furaram” a greve na última semana em Nova Friburgo e funcionaram com vigilantes terceirizados e contratados temporariamente. “Mesmo assim cada uma dessas agências abriu com apenas um vigilante de plantão, o que é proibido por lei. Infelizmente a Polícia Federal, que deve fiscalizar isso, não tem efetivo suficiente, ainda mais no interior. Na quinta-feira, 15, um banco no Rio de Janeiro abriu à força sem vigilantes e foi assaltado. A população é que infelizmente paga o pato”, observou Manoel Nascimento que prevê dificuldades para avançar nas negociações com o sindicato patronal. “Não vejo perspectivas de término dessa greve nas próximas semanas, mas a categoria está unida”, sustentou o sindicalista, que se divide com demais grevistas em plantões nas portas dos bancos para esclarecer a população sobre os motivos do movimento. A greve também atinge a segurança de órgãos públicos e entidades patrimoniais.
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