Greve dos bancários: adesão total na cidade

quinta-feira, 29 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Greve dos bancários: adesão total na cidade
Greve dos bancários: adesão total na cidade

Bancários em greve: usuários correm para os caixas eletrônicos

Impasse nas negociações resultou em nova greve dos bancários, que reivindicam sempre mais do que os banqueiros oferecem. Além da parte financeira—o atual piso é de 2,2 salários mínimos (R$ 1.199) e os bancários querem passar para três salários mínimos—outros pontos foram incluídos na pauta de reivindicações, o que tem acirrado as negociações.

Para a professora Ângela Fernandes a clientela usa os caixas eletrônicos como opção em época de greve, embora dê preferência ao atendimento humanizado, até por haver quem não saiba lidar com as máquinas ou internet. Ele ressalta que a greve é um direito constitucional, conseguido a duras penas pelos trabalhadores. Sentindo-se prejudicados, os bancários tomam essa decisão como forma de pressão junto ao patronato.

Ângela salienta que as empresas atualmente se diferenciam umas das outras justamente pelo atendimento. “Hoje em dia o que atrai o cliente é o atendimento. Eu não acredito que a gente possa ser substituído por máquinas o tempo todo. Acredito, sim, que o atendimento é fundamental, com aquela pessoa que já te conhece nos bancos, te chama pelo nome, que sabe das suas demandas. Essa relação interpessoal é muito importante. O banco que investir no atendimento personalizado com certeza vai ganhar mais, porque é isso que o cliente procura: o melhor atendimento”.

Já o ex-bancário Custódio de Almeida Câmara concorda, em parte, que a greve dos bancários prejudica os clientes em geral, porém os mais atingidos são idosos, que não têm conhecimento para fazer suas transações no caixa eletrônico. Por outro lado, os que têm mais dinheiro sempre conseguem fazer seus movimentos, malotes, enfim, têm alguns privilégios. Para esses acaba não havendo greve. Custódio julga que as partes deveriam se esforçar mais para chegar a um acordo, negociar mais e evitar a greve.

ESFORÇOS EXAURIDOS – O presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Nova Friburgo, Max José Neves Bezerra, afirma que a greve é de cem por cento na cidade, com mais algumas outras agências na região, num total de 430 trabalhadores parados.

Uma das principais reivindicações é reajuste salarial de 12,8%, enquanto os bancos ofereceram 8%, o que representa 0,5% de aumento real, com que a categoria não concorda. Outras são melhorias do piso salarial, participação nos lucros e resultados (PLR), segurança, redução dos juros e tarifas para clientes, ampliação do horário para 9h às 17h, com dois turnos de trabalho, para gerar mais empregos; mais caixas, biombo para mais privacidade dos clientes nos caixas, revisão das metas, que são muito altas, provocando aumento das doenças nos bancários; e aumento do auxílio alimentação para um salário mínimo (atualmente de R$ 350), entre outras.

Até agora os bancos só aceitam conversar sobre a parte financeira e que as demais reivindicações cabem aos clientes, que devem fazer suas reclamações. O sindicato tem orientado os clientes insatisfeitos a procurar o telefone do Banco Central—0800-9792345—, os telefones 0800 de cada banco ou o Procon.

Max acredita que os entendimentos podem evoluir. Nas greves anteriores os bancários começavam do zero, nunca tinham nada, e agora já começaram com 8% (meio por cento acima da inflação), além dos bancos brasileiros terem apresentado o maior lucro semestral em todo o mundo.

O presidente do Sindicato dos Bancários justifica a greve da categoria afirmando que os esforços se exauriram. Foram seis rodadas de negociações desde 12 de agosto e nas quatro primeiras não houve proposta de reajuste. “A gente considera o diálogo a melhor saída, tanto que a assembleia aprovou que os caixas eletrônicos funcionem, os bancos estão disponibilizando alguns funcionários para esse atendimento, a compensação tem que funcionar, mas a gente considera que os bancos poderiam ter melhorado a proposta. Se eles quisessem ter acabado com a greve poderiam ter aceitado nosso pedido de 12,8%. A gente espera que tenha mais uma rodada de negociação e que a situação se resolva o quanto antes para os bancários voltarem à sua atividade com o reajuste que merecem”, finalizou o presidente do Sindicato dos Bancários.

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