O serviço de radioamadorismo surgiu junto às primeiras transmissões de rádio, ainda no século 19. Caracterizado como um hobby científico, o radioamadorismo surgiu da curiosidade de pessoas pelo novo meio de comunicação. Como não havia na época fábricas que construíssem os aparelhos de rádio, os interessados começaram a fazer os equipamentos eles próprios, em suas próprias casas.
No Brasil, a radiocomunicação amadora teve sua regulamentação em 1924. Hoje, existe uma rede objetivando auxiliar os órgãos oficiais de resgate, salvamento e prevenção a calamidades: é a Rede Nacional de Emergência de Radioamadores (Rener). Em Nova Friburgo existe, desde 1991, o Grupo de Radioamadores de Nova Friburgo (Granf), uma associação que faz parte da Rener. O Granf desenvolve um trabalho importantíssimo para Nova Friburgo, mantendo a comunicação ativa em situações de emergência, como durante as chuvas do ano de 2011.
Em entrevista ao jornal A VOZ DA SERRA, Carlos Eduardo Bastos Fontão, diretor de eventos do Granf e coordenador da Rener em Nova Friburgo, falou sobre as ações do grupo e o trabalho de radioamadorismo na cidade.
A VOZ DA SERRA: Como é o trabalho do Granf?
Carlos Eduardo Bastos Fontão: O nosso grupo foi criado em setembro de 1991 e hoje está envolvido na estrutura de emergências de Nova Friburgo. Nós inclusive temos hoje repetidoras [sistema que recebe sinais fracos e retransmite de um local, geralmente mais alto e com mais potência, cobrindo, desta forma, distâncias maiores sem perder a qualidade] que, em casos de emergência, podem ser acionadas pela Defesa Civil do Rio de Janeiro. O Granf hoje tem uma sede na Praça Getúlio Vargas, onde tem todos os equipamentos para comandar qualquer tipo de emergência dentro dessa sala. Também lá são promovidos encontros para quem quer conhecer o hobby, fortificando a atividade na cidade.
O grupo conta atualmente com quantos membros?
Nós temos pelo menos 90 membros no grupo. Antes da catástrofe não tínhamos nem dez, mas após a tragédia mais pessoas sentiram necessidade de se envolver com o projeto.
E como foi o trabalho de vocês no período da tragédia?
Foram 14 dias de trabalho, com 17 pessoas envolvidas. Nós provemos as comunicações em todos os bairros solicitados pelos órgãos envolvidos, como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. A gente tinha pontos com rádios em todos esses locais que não se falavam, porque os meios normais de comunicação acabaram naquele momento, só se falava por rádio. Hoje a gente realiza simulados e testes nesses pontos e consegue suprir as comunicações tranquilamente, caso acionados.
Quais são as regras para se trabalhar com radioamadorismo?
São bem simples. O interessado precisa fazer uma prova, realizada pela Anatel, com aval da Liga Brasileira de Rádio Emissão (Labre), e quando aprovado ele paga uma taxa — que se torna anual — e a partir do pagamento ele pode operar na faixa. A partir desse procedimento, o operador poderá se aprofundar e trabalhar em outros setores do radioamadorismo, como telegrafia e rádio eletricidade.
Além de situações de emergências, em quais outras circunstâncias o radioamadorismo atua?
Em toda a área social, como campanhas de vacinação e eleições, o objetivo principal é promover as comunicações. Às vezes tem um ponto muito afastado, que não tem nem telefone, a gente consegue suprir a comunicação nesse local.
Deixe o seu comentário