Governo do estado desiste das unidades de proteção comunitária

Contêineres serão retirados das áreas de risco e agentes comunitários estão sendo remanejados
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
por Alerrandre Barros
A unidade de proteção comunitária da Vilage foi a primeira a ser instalada em Nova Friburgo (Foto: Lúcio César Pereira)
A unidade de proteção comunitária da Vilage foi a primeira a ser instalada em Nova Friburgo (Foto: Lúcio César Pereira)

As Unidades de Proteção Comunitária (UPCs) instaladas há cerca de três anos em Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Bom Jardim serão desmontadas, confirmou, na quarta-feira, 17, a Secretaria Estadual de Defesa Civil. De acordo com o órgão, o projeto baseado no trabalho dos moradores será remodelado e todos os 42 contêineres laranjas serão retirados das áreas de risco nesses quatro municípios da Região Serrana. Nesta semana, os serviços de fornecimento de água, energia elétrica, telefone e internet começaram a ser cortados nas unidades de Nova Friburgo.

“Os contêineres serão retirados aos poucos. Não há data sobre quando isso acontecerá na cidade”, disse o chefe de equipe da Defesa Civil municipal, Jaílton Barroso. São 20 UPCs em Nova Friburgo, além de 10 em Petrópolis, 10 em Teresópolis e duas em Bom Jardim.

A devolução dos contêineres vai gerar uma economia de R$ 1,3 milhão por ano aos cofres do governo do Estado, que atravessa forte crise devido à queda na arrecadação. As UPCs são alugadas e cada uma custa R$ 2.664,65 por mês, em todos os municípios. “Esses valores contemplam as manutenções preventivas e corretivas, não havendo ônus ao Estado, inclusive na relocação dos módulos, mobilização e desmobilização, quando necessário”, justificou a Secretaria.

Em 2013, as unidades de proteção comunitária começaram a ser instaladas nas principais cidades afetadas pela maior tragédia de 2011, quando cerca de 900 pessoas morreram ou desapareceram após fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana, principalmente Teresópolis e Nova Friburgo. De lá pra cá, as UPCs foram usadas por 170 agentes comunitários, contratados temporariamente para orientar e estimular os moradores das áreas de risco a organizar a segurança da comunidade contra as consequências das chuvas fortes.

Agentes comunitários ajudam no combate  ao Aedes aegypti

Os contêineres são estruturas de ferro com painéis de isopor forrados com chapas metálicas. As unidades possuem 30 metros quadrados, com um banheiro, um dormitório e uma sala de atendimento munida de computadores e telefones interligados ao Centro Estadual de Administração de Desastres (Cestad) da Defesa Civil. O espaço deveria funcionar 24 horas por dia durante o período de chuvas mais intensas. Cabia ao município a administração das atividades, enquanto o Estado era responsável pela infraestrutura e pelo pagamento dos agentes de proteção comunitária. No local, a comunidade recebia instruções de como proceder em situação de risco. 

Os cerca de 80 agentes comunitários que foram contratados temporariamente para atuar nas UPCs, em Nova Friburgo, continuam empregados, pelo menos, até junho, quando vence o contrato de trabalho. Como as unidades estão sendo fechadas, eles foram remanejados para apoiar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, em parceria com as forças armadas.

“Os contratos vencem no dia 24 de junho e ainda não sabemos se eles serão prorrogados. Os agentes só sabem que as UPCs serão desmontadas”, disse Rulian Garuba Cabral, que atua como agente comunitário no distrito de Riograndina.

A Secretaria de Estado de Defesa Civil não esclareceu se os contratos deles serão renovados no próximo semestre, mas informou que os agentes comunitários serão realocados em locais indicados pela Defesa Civil do município como escolas, por exemplo. “A secretaria avaliou, com a experiência do trabalho, que a modificação vai priorizar ações para a comunidade conhecidas como de campo: cadastramento de lideranças, mapeamentos das comunidades, divulgação de orientações e informações à população, planejamento de simulados operacionais, entre outras ações que proporcionam integração entre a Defesa Civil e a população residente nas áreas de risco”, informou o órgão. 

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