Não bastou o Morro da Cruz sofrer com as queimadas em outubro: ele também sofre, dia a após dia, com pessoas que que têm o péssimo hábito de se desfazer do próprio lixo jogando tudo o que não devem na encosta.
No pé do morro, perto da Praça do Suspiro, foram encontradas muitas garrafas de vidro, principalmente de cerveja. Para amenizar a sujeira e a agressão ao meio ambiente, o geógrafo Pedro de Paula decidiu por conta própria recolher o lixo acumulado nessa encosta.
“Eu recebi a informação de que tinha muito lixo acumulado nesse ponto, e aqui é próximo a um ponto turístico, então o absurdo é ainda maior. A rua de trás da Praça do Suspiro é muito largada, a vegetação invade a rua, não tem uma limpeza adequada”, afirmou o geógrafo.
A iniciativa começou no meio do ano, quando Pedro Paulo recolheu pouco mais de mil garrafas, em apenas três dias. Em outra coleta, o geógrafo teve o apoio de pessoas do Centro Excursionista Friburguense (CEF), do qual faz parte.
Neste sábado, o trabalho começou bem cedo. “A minha intenção é finalizar hoje (sábado). Quero recolher todas as garrafas restantes. Lá para cima, nas outras vezes que vim aqui, recolhi milhares de garrafas pet, outras de vidro e copos plásticos”, conta.
Além do Morro da Cruz, outro ponto que costuma receber grande número de pessoas é a Pedra do Imperador. A trilha que leva até um dos pontos mais altos da cidade também é concentra um grande acúmulo de lixo, segundo Pedro. “Lá inclusive tem uma cisterna que as pessoas passam e jogam muita coisa. Só que limpeza de cisterna pode ser perigoso porque ao realizar essa limpeza o lixo acumulado pode soltar um gás que é letal e pode matar em questão de segundos e eu conheço casos desses que foram fatais, então é preciso um planejamento maior e um cuidado grande, mas lá é um lugar que eu quero realizar uma limpeza, também”.
Pedro calcula que ainda restam em torno de 500 garrafas na encosta e após o recolhimento as garrafas irão para um aterro sanitário. “Acredito que eu consiga finalizar o serviço até umas 16h. Existem outros lixos que eu também vou recolher. Ainda tem resquícios de objetos de uma casa que desabou com a tragédia de 2011. Com o trabalho finalizado todo o material vai ter o destino da maneira correta para que a gente possa reaproveitar o máximo”.
O principal comprador de vidro está em Curitiba e, de acordo com Pedro, o material poderia ser reaproveitado de uma forma bem eficiente. “Existe uma técnica de moagem de vidro que permite que o material possa ser vendido para piso de estacionamento. O produto fica igual àquelas pedrinhas de aquário. Ao invés de usar brita, por exemplo, poderíamos ter um material mais barato, de boa qualidade e que hoje só serve pra acumular lixo. Friburgo tem um potencial para projetos desse tipo. Acredito que a coleta seletiva daqui possa ser mais eficiente”.
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