Leonardo Lima
Carlos Weber Jacoud é um exemplo clássico de uma pessoa que poucos identificam pelo nome. Entretanto, pelo seu apelido ele é conhecido em toda a cidade. Há quase meio século como treinador de futebol, Bimba segue o legado deixado pelo seu pai e treina crianças até hoje no Estádio Olávio Fonseca Coelho, o campo do Serrano. “Meu pai foi um dos fundadores do Serrano Futebol Clube. Ingressei no time juvenil, mas sempre gostei de comandar a criançada. Com 16 anos já era o treinador do dente de leite da época”, relembra.
Desde então, o treinador não largou mais a profissão. Embora garanta que era um bom alfa-direita (uma espécie de cabeça de área nos dias de hoje), Bimba se destacou mesmo fora das quatro linhas. “Comecei a jogar no Serrano com sete anos, fui até a categoria juvenil, porém tive uma lesão que me atrapalhou muito na época”, explica. Aposentado precocemente dos gramados, Bimba comandou por 22 anos o 1° time da equipe vermelho e branco.
Há 35 anos, ele montou a primeira escolinha de futebol da cidade. “Comecei na Fábrica de Rendas Arp, mas logo voltei para o Serrano e estou lá até hoje”, afirma. Ao longo de todo esse tempo, passaram em suas mãos milhares de garotos. Alguns deles se profissionalizaram e chegaram até mesmo a servir às seleções brasileiras de base. “O Felipe, que jogou no Botafogo; o Tinga, que hoje está no Palmeiras, e o Rafael Galhardo, lateral-direito do Flamengo começaram comigo e chegaram à seleção brasileira sub20”, orgulha-se. A família do jogador rubro-negro, aliás, é alvo de elogios de Bimba. “Graças aos seus pais, Abreu e Alziléia, eu dou aula no CEC, em Conselheiro Paulino. Eles que me apresentaram à diretoria da escola. O próprio Rafael Galhardo me deu recentemente uma camisa autografada para eu fazer uma rifa e comprar material para a escolinha”, conta.
Questionado sobre se revelar jogadores talentosos é o ponto máximo de sua trajetória, Bimba não pensa duas vezes e diz que seu maior orgulho é estar formando homens ao longo de seus 46 anos de profissão. “Em todo esse tempo se 40 ex-alunos meus foram para o caminho das drogas é muito. Na minha escolinha busco passar para as crianças valores e princípios de dignidade. Sempre tento mostrar que devemos ser honestos e nos dedicarmos para sermos pessoas de bem”, diz.
Atualmente, ele conta em sua escolinha com o apoio dos auxiliares Thiago Velloso e Marcos Vinícius Mafort, que o ajudam a comandar os cerca de 90 alunos, de 4 a 15 anos de idade. Bimba informa que há vagas abertas e os interessados devem procurá-lo às quartas-feiras das 8h30 às 10h30 e das 13h45 às 15h15, ou aos sábados, das 7h30 às 11h30.
Quanto ao apelido, ele revela que era a forma carinhosa que seu pai lhe chamava desde bebê. Carinho, aliás, Bimba recebe até hoje por onde passa. “Sou muito parado nas ruas por ex-alunos meus que hoje colocam seus filhos para fazer escolinha comigo. Tem uma família que dei aula para o filho, o pai e o avô”, diverte-se Bimba que já recebeu até mesmo convites para se candidatar a vereador. Porém, ele descarta e garante que essa não é sua área. Bimba sabe, mais do que ninguém, onde é o seu lugar.
Deixe o seu comentário