Gastronomia - Feliz 2015 para todos nós!

Chico Figueiredo · chicop.figueiredo@gmail.com
sexta-feira, 02 de janeiro de 2015
por Jornal A Voz da Serra

Enfim, um novo ano começa. Festejamos o Natal, a chegada de 2015, estreitamos os laços com parentes e familiares, celebramos a data cristã, reiteramos os votos de amor ao próximo e respeito aos nossos semelhantes. 

É tão bom estar em paz consigo mesmo, sentir aquele estado de graça que tão raramente nos acomete. Melhor ainda é transmitir essa sensação a todos que nos cercam. Como é bom estar feliz, ser feliz.  Quando estamos em família tudo nos parece mais acolhedor e seguro. Vamos deixar fluir nossos mais profundos sentimentos, sem medo ou vergonha de demonstrar nossos melhores pensamentos e torcer para que todos consigam realizar seus sonhos e conquistar o que planejaram.  

Nas duas últimas semanas, famílias desfrutaram juntas de uma saborosa e abençoada ceia, em volta de uma bela mesa, em sincera confraternização. E rezamos e oramos, agradecemos a Deus por aquele momento. Ele nos ouve — creiam — e acaricia nossos corações! 

Na passagem do ano, brindamos alegremente, com o coração pleno de esperança, confiantes de que dias melhores virão. Abraçamos pais, filhos, irmãos, amigos. Nas ruas, trocamos mensagens calorosas e cumprimentamos pessoas que jamais vimos e sequer sabemos seus nomes. Mas, pouco importa, tudo foi dito, tudo foi feito com pureza d’alma. 

Hoje, não tem receita. É sábado, dia 3 de janeiro de 2015, a geladeira, o freezer, os armários estão cheios de restinhos de comida: peru, tender, chester, pernil, arroz, saladas, rabanadas, tortas, geleias, palitinhos doces e salgados, ervas, etc, etc, etc. Façam risotos, salpicões, mexidinhos, escondidinhos, juntem e misturem o que encontrarem, à vontade, e tenham certeza, vai dar certo, no fim vai ficar tudo uma delícia. Até mesmo aquele prato com jeito de gororoba. Eita, coisa gostosa! 

Afinal, passei todo o ano dando um monte de receitas, dicas e contando segredinhos culinários pra vocês, meus queridos leitores. Portanto, não há mistério! E aí, diante do desconhecido, do que está por vir, me pego perguntando, ou melhor, pensando em poesia, que tem tudo a ver com gastronomia. E aqui, sentado ao lado de Drummond, nesse início de ano, olho pra ele e devolvo a pergunta:


E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama, protesta?

e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio — e agora?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José!

José, para onde?


FELIZ ANO NOVO!


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